Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada
LUAR NO CERRADO
Nos confins do sertão eis que acontece
O níveo clarão de uma diáfana doçura
Que na imensidão do céu resplandece
Descorando a negrura da noite escura
Num entreabrir desvanece e aparece
As estrelas, ornando a ti, ó formosura
Em um balé de harmonia e de prece
Enchendo de poesia, graça e candura
O luar no cerrado, probo e tão divinal
Guia da noite, confidente e boa prosa
Sempre revelado no angelical castiço
O luar no cerrado, de fase temporal:
Nova, crescente, minguante, gibosa
E ao matuto: ilusão, sonho e feitiço!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 janeiro, 2022, 20’06” – Araguari, MG
Fevereiro, que rompa
Suave, alegre e racional
Traga na folia a compreensão
Cuidados, afinal
Pra haver repetição
A vida tem de ser integral
E neste bonde não seja um passageiro
Bem-vindo fevereiro!
Que assim seja especial!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31 janeiro, 2022 – Araguari, MG
DISPAR
Pela prosa de amor vou seguindo
A poética nos versos carregando
No perfume do sentimento indo
A afeição vai ao poeta inspirando
E, em cada rima a trova sorrindo
Com a paixão jamais me faltando
Pois o fascínio é sempre benvindo
Criando o amor, ao amor quando
Tenho reservado dentro do cântico
O tesouro de um sentir romântico
E o realce do enamorado coração
Difiro àquele duma empáfia nobre
Que tem aquela emoção tão pobre
Pobre de zelo e pobre de sensação
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31 janeiro, 2022, 07’07” – Araguari, MG
QUISERA SER DIFERENTE
Cá a imaginar um soneto diferente
Leve como a inspiração no abstrato
Pode ser engalanado ou com recato
Porém, com sentimento incipiente
Que suas rimas transborde o prato
Da inspiração e, no amor suficiente
Com quimera radiante e presente
Onde do autêntico seja fiel retrato
E nesta de dar vida paralelamente
Ao belo e o agrado, que o translato
Seja reluzente, tal o sol no poente
Pois, o quero na imaginação exato
No coração contagiante e ingente
Que não caiba num "post" barato
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Dezembro, 2016 - Cerrado goiano
INQUIETAS SAUDADES
Elas chegam como à flor pendida
Mirrando o peito, agasta sensação
Ou como a dor a cutucar sentida
No desejo, no espírito, no coração
Elas chegam tal senhora da vida
Doída. E o agrado clama em vão
Numa fereza e ousadia incontida
Arrancando o sossego da razão
Inquietas saudades, até quando?
Está lágrima a me rolar chorando
Gastando, tão de aflição demais
Desvanecido resta o sentimento
Sussurrando a todo o momento...
Ufanas, elas tragam mais e mais
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
01/02/2021, 19’00” – Araguari, MG
DE LEMBRANÇA EM LEMBRANÇA
Recordo os versos de amor versados
Aqueles melados nas odes de paixão
Os belos versos, no tempo, passados
Tudo quanto de bom numa inspiração
A minha poética dos poemas alados
As tive, outrora, e agora a sensação
De evocação dos sonhos sonhados
Que ainda velo cá dentro do coração
E o realce passa, e tudo caminhando
Ao bardo o sentimento, assim, sendo
Suspirando, tal a velha prosa rimando
De lembrança em lembrança trovando
E, de saudade em saudade, querendo
Por aonde Deus permitir, até quando!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
02/02/2021, 05’00” – Araguari, MG
DONDE
Cá, um poema incógnito e moroso
Fatigante, melancólico e sem vida
Que corta o verso no sentir caloso
Tal e qual uma sensação repartida
Penetra silente num sonho umbroso
Da imaginação, tal uma negra ferida
Fazendo do prosar pravo e doloroso
Numa poética carente e tão sofrida
Assim, nas margens do seu fadário
O trovador se vê inquieto e solitário
Em que a tal sofrência nele esconde
Ah, infortunado versar dorido e duro
De um desalento, latente, tão escuro
Que a gente sente, sem saber donde!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
04 fevereiro, 2021, 10’53” – Araguari, MG
ARTE DE COMPOR
Cativante poética que nos seduz
Prosa de amor que nos encanta
Magia literária, inspiração e luz
Ao bardo o cântico na garganta
Oh, penetrante ilusão que traduz
Afeto, graça, a dor que suplanta
Mimo maior que o agrado induz
Sensação, e uma cadência tanta
Sintonia. Ao ledor o rogo divino
Faz do sonho devaneio genuíno
Do belo onde há leveza e sabor
É magia refletida na imaginação
A redação infindável do coração
Dado pendor na arte de compor
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
04 fevereiro, 2022, 15’27” – Araguari, MG
MEU ARAGUARI
Serra do cerrado! Onde a perdiz pia
Chão cascalhado de iguaria caseira
Onde a cada canto é canto e poesia
Gente certa duma alma hospitaleira
Terra diversa! De roçado e de vacaria
Duma prosa ao pé da cansada aroeira
Das maritacas e a boa água que sacia
Onde tal saudade, assim, faz fronteira
Serras azuis, do ipê e da quaresmeira
Encanto que encanta a beleza inteira
Dignifica a quem tem o suspiro daqui
Cá, onde o cair do sol é bela sensação
Em um delírio de agrado e de emoção
Ó singelo portento és o meu Araguari!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
06 fevereiro, 2022, 13’37” – Araguari, MG
SONETO EM PROSA DE AMOR
Relato com zelo, o soneto que faço
Numa prosa de amor, que encanta
Pois, colhe-se poética quem planta
Afeto, apreço e sentimental passo
Então, nele tem o apaixonado laço
Para descativar do nó da garganta
Que, assim, é uma alegria e tanta
Ter na melodia o doce compasso
A paixão a sussurrar e aprazendo
Em sentimentos que vão dizendo
Na poesia que a sedução conduz
Ah soneto, o poema para ser feito
De amor, amor tem que ser eleito
Em mimo que nos nomeia e seduz
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
07 fevereiro, 2022, 11’10” – Araguari, MG
NOBRE CERRADO
Nobres as flores de pequi perfumadas
das caliandras, dos ipês e das lobeiras
das quaresmeiras, orquídeas delicadas
tortos galhos, folhas grossas, palmeiras
Nobre cerrado, de sensações diferentes
de encantos e agrados a não esquecer
concentrados no âmago, contundentes
o seu chão, como é fecundo o seu viver
Venta o vento no seu chão cascalhado
dançando no seu singular agigantado
em sussurros e gemidos de melancolia
E, dos caboclos poesia, és uma poesia
fascínio, contemplação e farta ousadia
pois, quem lhe conhece fica admirado
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
08 fevereiro, 2022, 09’34” – Araguari, MG
CÂNTICO PARTIDO
Meu poema busca a poética cantada
Do coração, a tal sensação em glória
Traçando o rumo sedutor na história
Pra não se deter na rima amargurada
Meu sonho clama pela mesma vitória
Que já estravou em prosas já passada
Quando a poesia vivia só apaixonada
Em lágrimas e dores em sua oratória
E o amor, ah como é abrigo o seu zelo
Quero-lhe versejar em delírios e o tê-lo
Na alma, no sentido e doces emoções
Essa procura é um verso amordaçado
Angustiado no estro e no canto calado
Por ter errado demais nas inspirações...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
08 fevereiro, 2022, 15’50” – Araguari, MG
...Todavia da dor da despedida de um boa noite, tem, também, o reencontro com o bom dia... Na noite que era açoite, o dia se vê em outra via...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
POLÊMICO
O cerrado é um lindo chão discordante
Polêmico, diverso, uma sensação inteira
Vive na transformação, e é tão gigante
Na pluralidade, no devaneio, na poeira
Para uns ele se posta mais entediante
Árido, frio, um tropeço, uma fronteira
Outros, porém, tem o recanto diante
Prisioneiros do encanto a vida inteira
E rebrota, e é cinza. E acaso, quando
Se volve o notar pelo caminho andado
O sertão que nos mantém encantando
E, que deixará no trieiro duro percorrido
Cascalhado: uma surpresa, e o admirado
Fascínio. Pois, é de imprevisto contido...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
24/01/2022, 08’17” – Araguari, MG
MESCLAS
Sonhos, fantasias enleiam-se no espaço
Onde a poética consente a inconstância
E o olor se confunde com tal fragrância
Do agrado, se atando em um compasso
É o cerrado que persiste na exuberância
Nos dando o belo como fonte de regaço
Em um multifário dum variegado espaço
Nos mostrando a sua total significância
Se de pronto não se percebe essa beleza
Um dia verá ainda a importância e riqueza
Que tem o vário sertão e sua circunstância
O encanto, agigantado e peculiar sentido
Vestido do mais diverso e do belo colorido
Que a todo momento é valente instância...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16/02/2022, 12:00 – Araguari, MG
Desejamos aos noivos muitas bençãos em suas vidas.
Que o Senhor conceda a vocês amor, paz, saúde e compreensão.
Um beijo em seus corações
No jogo do amor
Sempre fui perdedor
Tive sorte algumas vezes
E de nada adiantou
Fui fiel
Fui paciente
Fui guerreiro e valente
Mas não foi suficiente
Conquistei várias damas
Dos mais lindos tabuleiros
Viraram tudo xadrez
Aí complicou pro guerreiro
Fui em frente, insistente
Tentando o jogo ganhar
Porém ainda mais eu perdia
Mas nunca pensei em parar
Ainda hoje aqui estou
Estudando as táticas do jogo do amor
Na esperança de um dia ganhar.
LAVA-PÉS
dá-se para se lavar
a fé, o lenho, a sujeição
as mãos, a alma, o olhar
areie o cunho, o coração
permita-se lavar
a selvageria
a falta de amar
asseie-se com poesia
banhe-se na verdade
raspe a hipocrisia
então, sentirá
alegria
companhia
sabedoria...
varre-se de bem
sem revés
o Divino é além
é através
permita-se lavar
a boca, o mal viés
empunhe sua cruz
e no seu convés...
o caminho, a verdade... Jesus!
permita-se no lava pés!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
14, abril, 2022, 17’11” – Araguari, MG
paráfrase Frei José Ariovaldo
SONETO RETROSPECTIVO
Ah! se da saudade, agora recordando
um aperto de lembrança a lagrimejar
quando só era para, assim, ir levando
a tal sensação que tem ao saudosar
Ah! olhar, mãos, que, mimam, quando
por entre afogos, tem, aquele gostar
que, de novo, robustecido, vai dando
na recordação, que então, faz suspirar
Porquê da prosa, o mesmo persistir
que sussurra n’alma e faz mais sentir
desesperações da infortunada sorte
Do silêncio a quietude, unicamente
murmúrios, que ativa o dia poente
arrastando a noite, insone, sem suporte...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16, abril, 2022, 18’45” – Araguari, MG
O CERRADO
Melancolicamente, árido, vibrando
com o seu vento aflado, ondeante
nos tortos galhos, assim, chiando
o céu amplo e o horizonte distante
De múltipla coloração inconstante
em uma diversidade, espadanando
ao olhar, em um encanto sonante
que cativa com graça, poetizando!
Meu cerrado goiano, afável alento
feiticeiro, tão cheio de cabimento
em seu planalto de cobiças plenas
Diverso, e de um variegado em flor
misterioso, chão de ventura e teor
na complexidade, o sertão apenas!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17, abril, 2022, 16’20” – Araguari, MG
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