Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada

Cerca de 59366 frases e pensamentos: Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada

VOZ DO SILÊNCIO (soneto)

Nessa solidão rumorosa e calada
A voz do silêncio na alma refugia
Grita, brada, em tom de zombaria
Que endoidece a doçura por nada

E quando a inquietude desvairada
Numa noite escura, na sua ousadia
Embebendo o coração de fantasia
Fazendo a madrugada embalsamada

E a voz do silêncio, insiste falando
Tal a uma ópera buffa e de agonia
Em um concerto dos vis rumores...

Canta e conta assim blasfemando
Ao juízo sereno em tons de valia
E ao repouso avivados amargores...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05 de fevereiro de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

POR AMOR (soneto)

Se por amor, nesta fortuna há sorte
Deixai a força dita para a satisfação
- Hoje, vazia e cansada deste porte
Minh’alma se abrirá pra está razão

E, em sede de querer ser consorte
Sobre o sentimento pus a emoção
Onde o silêncio no peito era forte
Agora deixo desabitada a solidão

Bendito seja pelo ideal podido!
Pelo beijo dado, e o bem querer
Pelo amor que no eu, é nascido

Pela envoltura, vividas no prazer
Pela a alegria da ventura ter sido
Por amor, vale a pena assim ser!...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/03/2020, 04’55” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

POR TANTO TEMPO (soneto)

Por tanto tempo, o sonho era infinito
Vivia aflito, desvairado no sentimento
Que inda hoje, ao olhar o meu escrito
As quimeras me vêm ao pensamento

Por tanto tempo, sozinho e restrito
Meu silêncio, era áspero e violento
Mas por dentro, queria ser erudito
Mas havia tristura e voz de lamento

E hoje vejo uma certeza na direção
Dito: - “a única coisa que não muda,
é que tudo muda”. Sábia conclusão!

Pois, nesta vida de Deus nos acuda
O encenar é com agridoce emoção!
A poesia segui... e a fantasia miúda.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/03/2020, 17’29” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

Amanhecer

Colado ao meu olhar, o cerrado
Agora das bandas das Gerais
Nesta desordem fico calado
E, o silêncio nada mais...
As velhas histórias, chão amado
Como se fosse nascer
Psicografado!
Acordo a luz do amanhecer...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07/03/2020 - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

VIA (soneto)

Venho de andanças, em um estio
Trago lembranças tão desgastadas
Das outras tantas outras moradas
Que não sei mais se choro ou rio

E no mar do céu de matiz pueril
Outrora fui talvez, tantas estradas
Tantas lágrimas por mim deixadas
Dadas ou pegadas, de vulto vadio

Hoje sou a saudade esfarrapada
Largada, do que um dia eu senti
Eu mesmo sou a razão que perdi

E nesta via de tão dura lombada
De alma ressecada e tão cansada
Nos sonhos que devaneei, morri!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07 de março de 2020 – por aí.

Inserida por LucianoSpagnol

REGÊNCIA (soneto)

Como quisesse poeta ser, delirando
As poesias de amor, nas rimas afora
O beijo, o abraço que o desejo cora
A solidão assediou e trovou nefando

Vazios estros, de voo sem comando
Sombrios, que no papel assim espora
Os versos, sangrando e uivando, chora
Implora, num rimar sem ser brando...

Estranho lampejo, assim compungido
Que dói o peito, sem nenhum carinho
Quando a prosa era para ser de paixão

Então, neste turbilhão me vejo perdido
Onde o prazer se faz tão pequenininho
Vão... e a desilusão é quem regi a mão!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10 de março de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

NUVENS (soneto)

Rasgam-se as nuvens no cerrado
Num céu de um azul tão profundo
Mergulhadas num infinito rotundo
Misturadas no silêncio seco e calado

A tarde aviva pro frescor encantado
Invade a imaginação num segundo
Com sua magia ao longe e ao fundo
Que mais parece um painel inventado

Surge estão outras, e outras tantas
Num passeio livre, assim, pelo ar
Bailam de lá para cá, e de cá pra lá

Ah! como algodão, paz, tão brancas
Torvam o céu, sem o céu incomodar
E com leveza, adorno no céu aporá

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
11 de março de 2020 - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO ROMÂNTICO

Ah! quem há de condenar, o amor certo
Aquele que a emoção aprecia e suspira
Que no abraço e olhar, não tem mentira
E o hálito do beijo, fica então, tão perto

A paixão ferve, sem desventura com ira
Tem querer! e alma com sonho inserto
E no peito, ideia leve, e coração aberto
Ah! como é bom o afeto doce e caipira

E neste molde pra expressão de tudo
Saúdo o bem querer que se faz infinito
Que é rito na poesia e ali se agiganta

Na fortuna tanta, tanto ter, e nada mudo
Tudo canta, levanta, e se do amor é dito:
- eu te amo! É romantismo que encanta.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
12 de março de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DO TEMPO

O tempo lá se vai, e vai apressado
Por um tropel das vândalas horas
E tão dispersas nas ondas sonoras
Do outrora, passando, é passado...

E o minuto pelo vento é levado
Alado, seguido... pelas auroras
Num voo certo. Duras senhoras
Da direção... as damas do fado!

Não fique espantado meu caro!
O amparo vem do seu bom viver
E do bem doado, amado, é claro!

Então, não se preocupe em correr
É aos poucos, em um querer raro
Lento, assim o tempo irá render...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
12 de março de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DO AMADO

É a encarnação do zelo. Pulsa-lhe a paixão
Cheio de afeto, repleto de afável piedade
Tem um olhar do desejo e a altiva emoção
De que todo tempo é tempo, à toda idade

A alma curva-se ao sacramento da união
Se abre em gozo de uma total felicidade
Quando, sempre, o querer, é mais coração
Mais respeito, razão, e fiel a simplicidade

E assim, com o peito ansioso, e ao dispor
Corado o pensando, o suspiro a lhe arfar
O lábio ao ríctus, crispa-se em tímido riso

Nada lhe falta, torna-se um real paraíso
Conciso. E sem o apuro de como se amar
Há quem, o privilégio tem, de ter o amor!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
13/03/2020, 04’55” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

BRASIL CENTRAL (cerrado)

Ó cerrado! ó sertão místico e mestiço
Ó visão, dum pôr do sol que vermelha
- chão, que a secura está sobre a grelha
E o encanto ao dissonante é submisso

Pois o airoso, onde ao torto parelha
Abre a admiração à surpresa do viço
Da tosca vista de ambiente maciço
O gérmen vivo da variada terra velha

Sempre o constante! azul do céu anil
Sobre o planalto... flores exuberantes
De renovo e de um invariante desafio

Anda a poesia aos olhos sussurrantes
Desse seio onde nasce o feitiço luzidio
Do território central do nosso Brasil!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
14/03/2020, 10’26” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

AMOR ABSOLUTO

Amor, latejo em ti, no teu desejo, por onde
For! e sou carícia, e suspiros, e doce poesia
E, em afagos, ao teu mimo o meu responde
E no agrado, agrada mais e mais a cada dia

Dos teus beijos, o prazer nos lábios ponde
Do teu olhar, o delicado perfume contagia
Do carinho, nos teus abraços me esconde
De ti, - eclodo em encantamento e alegria

Vivo, uivo em teu gozo, e em tua emoção
No sentimento, és portento a todo minuto
E eu, ao dispor, e tu sendo a minha razão

Tu estás no meu pensamento e te escuto
Em cada lembrança, flor do meu coração
E essa paixão no peito é de amor absoluto

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16/03/2026, 22'18" - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

CHÃO CAIPIRA, CERRADO

Calmo, entre os arbustos, num éden
Em lufadas de silencioso espavento
O cerrado, do horizonte passa além
Cantos sussurrante, pássaros ao vento

Quimeras sobre o chão aqui tem
As flores em um divino advento
O sertão é periódico, também,
É vida em regular renascimento

Ardes, em uma secura tão bravia
E da ternura o verão é clemente
É terra de gente da roça, caipira

Mas deste povo só se tem valeria
Cantoria que já vem na semente
De muita fé, desfastio e pouca ira

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17 de março de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

CREPÚSCULO

Vê-se no silêncio, e vê, pela janela
O cerrado, eclodindo pra vespertina
Melancólico, perece o sol, e mofina
Outro fim de tarde, e a noite vela...

E ai! termina mais um dia, e revela
As horas, que a viveza se amotina
De sua rapidez, pérfida e assassina
Tão sem troco... - um atributo dela!

A melancolia no horizonte, é saudade
As sobras das lembranças, é desgosto
E o que se resta agora é outra idade...

Olhos rasos d’água narram o sol posto
Lúrido, duma emoção em calamidade
- de o crepúsculo do tempo no rosto!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/03/2026, 17'00" - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

APARTE (soneto)

Amo.... Vejo elevado o coração que ama
Todo o êxito, fé, que tem a relação boa
Alberga-o a glória, e a imaginação voa
Todo o afeto que na sensação chama

Amar.... É o princípio que não atraiçoa
Do ramalhete, a rosa, da rosa sua rama
Se tem os espinhos, suplante o drama
Pois no afeto, sabe bem quem perdoa

E o que fazer para ser como um amado?
Ame! assim feliz estará com o seu amor
Seu o senso! o outro somente agregado

Então, não se preocupe com seu dispor
Disponha! Terá sempre o tal apropriado
Que com os olhos do agrado, dará valor!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
18/03/2026, 14'53" - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

EMOÇÃO VAZIA (soneto)

Solitária, no silêncio do cerrado, um dia
A inspiração, acorda em um aflito apelo
Sente o falto e o logro num só pesadelo
E sua trova no nada suspirava e restrugia

Torvo o sentimento, tal qual um novelo
Sentiu, que palavras ali não mais havia
E que a sua devoção estava despida e fria
A paz e o acaso sem voz, o senso um gelo

Era o vão, a eversão do caos no ceticismo
Do amor, em um desapego tão profundo
A sensação estava largada em um abismo

E no talvez de um poetar com harmonia
Teve poema trapilho, pobre e moribundo
E o revés em maldição da emoção vazia!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19/03/2026, 06'56" - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

Orgulho de Minas Gerais

Desvenda-se as serras azuis: nas Gerais
As margens do brejo alegre, meu chão
“Arraial da ventania”, enredo e refrão
Leito do descanso eterno de meus pais

Cerrado de encanto e esplendor, razão
Do meu agrado, porto seguro, meu cais
Em um recanto de silêncio, tão iguais
Aos de outrora... as eras de predileção

O édem de paz, de doce árido sertão
Terra boa, do pôr do sol da cor rubi
Eterna poesia, musicadas em canção

Dos seus campos, flores e o buriti
Que ornam o olhar, em admiração
Orgulho de Minas Gerais, Araguari!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19/03/2026, 06'56" - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

decesso...

[...] pra que sofrer com despedida
se quem parte não leva nada
e quem fica... tem a medida
do tempo, na sua jornada...
todos nós temos o preço
no feito, partida e chegada!
"A vida e um ato e a morte o recomeço"
então, que tudo seja camarada!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 de março de 2020 - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ÚLTIMO RAIO DE SOL

Último raio do sol, rubro e belo
No escurecer do excelso planalto
Ouro nativo, horizonte vai alto
Entre o negror um aroma singelo

Amo-te assim, o árido arauto
Que tens o tom do amarelo
Matizado ao vermelho, elo
Entre o impetuoso e o cauto

Amo o teu esplendor poético
De brilho lhano e tão casto
E o teu variegado frenético

Amo-te fulgor do cerrado
Encantado, de sonho vasto
- um entardecer denodado!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 de março de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

ÔNUS

Tantas vezes, chorei, no infinito da emoção
Solto no silêncio áspero da pesada saudade
E em soluços os sonhos caíram na solidão
Tonto, vazio, e o pensamento pela metade

Sem ti, a alma voa num espaço de ilusão
A noite... atordoa sem a menor afinidade
E os dias me parecem não mais ter chão
A imensidão dobra para uma eternidade

Para cada verso da inspiração parda, dor
O meu universo cheio de pesar e de breu
E o coração já não mais trova com ardor

Tudo é rumor no ávido afeto que foi seu
Confesso... - que não mais está ao dispor!
Deste amor... - levo somente o que é meu...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21 de março de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

💡 Mudanças reais começam com uma boa ideia — repetida com consistência.

No canal do Pensador no WhatsApp, você recebe diariamente um lembrete de que é possível evoluir, um hábito por vez.

Quero receber