Poesia de Desabafo de Vinicius de Morais
ERRO DA LUA
A lua perdeu-se do céu
zanzou chorosa pela solidão
sem o sol, ficou pálida
não tinha mais a cor da prata
que pairava no seu coração.
A noite sem lua...
Só tinha escuros em suas sombras
o lobo, não urrava mais a sua dor
inebriado pela escuridão
sentia apenas o cheiro da sua flor
mas na visão...
Perdeu o tato, do seu grande amor.
Corujas sem rumo...
não via o trilho do seu revoar
em seus medos, ouvia apenas...
os batimentos dos seus corações
ficaram sem ventos, para planar
e perderam o timbre do cacarejar.
A noite com isso...
Ficou fria entristeceu, sem sua lua
chorou suas lagrimas de orvalhos
soprou ventos de medo nas ruas.
Que medo, que medo...
os silvos das serpentes
o choro na lata de lixo
os zumbidos das balas perdidas
que medo, que medo...
Que medo, dessa de gente.
Antonio Montes
TEIA DO BEIJO
Encontrei nos lábios seus
seus frenesis a me enfeitiçar
enfeitiçar minhas vontades
vontades e meu acelerar.
Acelerar com aquele amor
amor que pra você escolhi
escolhi com tanta paixão
paixão d'aquelas, que nunca vi.
Vi você ali, desabrochar
desabrochar nos braços meus
meus ensejos de desejos
desejos sem mais adeus.
Adeus, e viajamos ao céu,
céu que envolveu-me em sua teia
teia que me prendeu na volúpia
volúpia em centelha, encontrei.
Antonio Montes
SONETO DO ENCONTRO
De repente ali, eu e tu, numa colisão
O coração disparado tal doce jornada
Os olhos então calados, a mão suada
E o peito sussurrando toda a emoção
Aí uma voz fez saber da tua chegada
E neste silêncio seco, uma explosão
De um olá! Então me vi num turbilhão
Pouco se fez o tempo, na veloz toada
Busquei descerrar minh'alma fechada
Para devorar-te numa franca devoção
Tal qual a paixão no cerne encarnada
E então neste soneto a minha canção
Pra celebrar a quimera aqui cantada
De amor, que é possível, que é razão...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
MEDO
O medo existe...
Que medo?!
... Medo do tarde, do triste
medo do cedo, do segredo
da tarde da noite
medo do degredo.
Medo do existir, ou não existir.
Da ida, da volta
do ir, e vir
de passar por aquela porta
o medo porta, torta, entorta,
o medo, importa.
O medo existe, alegre triste
... Entre choros e agouros
medo da aglomeração, do estouro
... Medo da cor do ouro...
Medo da fome...
Do homem, lobisomem
daquilo que nos consome...
Medo... Do imposto torto
da alegria do loco
dos olhos d'aquele morto.
Medo do medo
medo do terrível segredo...
Antonio Montes
ESSA ANGUSTIA
Essa angustia, esse stress
... Uma prisão sem porta
porta sem janela
língua sem tramela
dias sem dobradiças
duvidas não ouvida.
Essa angustia esse stress
... Correntes com cadeados
aleijado sem muleta
banguela sem dentes
aglomeração de enguiço
encruzilhada com feitiço,
maleta preta.
Esse stress, essa angustia
... Escuridão sob gruta
choro sem lagrimas
nó que não desata
domino e as cascatas
fim do verde,
fim das matas, sede
... Chibata que bata.
Antonio Montes
SONETO DA PAIXÃO
Há que bom seria, poder tocar-te
Enrolar as minhas mãos no carinho
Entrelaçar o meu olhar no teu linho
Das carícias, assim, então amar-te
Há se eu pudesse trilhar o caminho
Dos sonhos que te fazem à parte
Dos ardentes desejos, ó doce arte
Bebida no afago, em taça de vinho
Onde andas tu ó cálida paixão baluarte
Venha e da solidão arranque o espinho
No vitral do sentimento és estandarte
Te quero no peito, coração, no verde ninho
Te espero no tempo que a demora reparte
Qualquer hora, não seja tarde, aqui sozinho!
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
Foi preciso adentrar o túnel negro pelo qual acessava-se o poço
para eu cair na real e compreender que o poço não tem fundo - é apenas
o vazio abismal e sombrio em sua negritude tenebrosa e mortal. Foi então
que eu me voltei para meus dons naturais - dádivas de Deus -, e percebi
que neles residia meu resgate e minha salvação. Neles estavam a luz da
vida, e não podiam mais ser ignorados. Ou eu recorria a eles em busca
de abrigo e socorro naquele momento crucial, ou indubitável, inequívoca
e iminentemente sucumbiria ao caos absoluto numa sarjeta qualquer da vida.
Era enfim o tudo ou o nada. A sorte estava lançada para mim. Não tinha mais
como ignorar a covardia e o medo mórbidos que sempre haviam comandado
meus passos numa negativa constante e cega, resumidos num prazer doentio
e compassivo com a indolência que conduz à pobreza, ao desprezo dos
homens e à condenação dos deuses.
ACALANTO DA NOITE
Chover sem horas
adormecer aos sonhos...
Notas dedilham um violão
uma canção, de abandono.
Braços sobre a lua
suspiro a voar na rua
as luzes se fecham ao sol
a felicidade continua.
Orvalho ao alvorecer
as flores no jardim
o choro calou a noite
o silencio surgiu no fim.
Antonio Montes
É eu sei
Tudo o que eu disse foi mentira
Sei que não tens motivos pra acreditar em mim
Não novamente
Eu jamais pensei
Que chegaria a esse ponto
Mas, eu apenas disse
O que você deveria e precisa ouvir
Mesmo que fossem mentiras
Agora...
Tenho que estar longe
De você e de todos
Ela inspira
Veem calada
Veem séria
Veem jogada
Conhecem com miséria.
Acham que sabem
Que sabem do que veem.
Eles veem com os olhos
Do que o coração está cheio.
Moça de poucos fins e muitos meios
Vivendo, sorrindo
Com esperança de recomeços.
Mesmo amada
Fecha-se a cara
O dia cinza
Sem pensar em nada.
Alma escondida, evita ferida.
Sabe o que sente
Sabe o que quer
Contra a mente
A dele
A própria.
Terá vida
De sutil glória.
Pele bronze
Sorriso branco,
Tenho certeza que nunca a verei em prantos.
Pois é forte.
Só veem o que há nela
Quem vê além.
Não além da morte
Além da sombra que a disfarça.
Vejo além:
No fundo dos olhos
No sincero do sorriso,
A verdade divina
Que lá resguarda.
[Eduarda
Amada.
Poema da Administração
Administrar é se envolver,
É se encantar com o que faz,
É buscar ideias onde ninguém ousou andar,
É provar que fazer as coisas bem feitas,
Qualquer um, mesmo sem dom, é capaz.
Administrar é correr riscos,
É construir pontes para fazer novas alianças,
É buscar enxergar novos potenciais,
Derrubar as barreiras do pessimismo, sair do convencional,
É empreender a partir da base, utilizando-se de novas nuanças.
FILHO E PAI.
Ainda bem que eu tenho parte da família
do grande homem.
Eu fui criado depois do filho que mais
defendeu o seu nome.
Sim falo por todos nós que somos filhos teu...
Pois falo as claras, por esta falando com Deus.
Eu sei que tem sim, um em especial um
Senhor um filho seu.
Esse quando menino, sempre obediente, mas
brincava de bolita.
Sim! Lá em cima no universo, eu sei que
contando ninguém acredita.
Pois bem... O seu pai que sempre amou o seu
filho com carinho.
Resolveu fazer o universo para ampliar o seu
amar.
Decidiu com amor transformar as bolitas do
seu filho.
Jogou-as no universo e transformou nesses
planetas... Todinhos. Feito, logo
se interessou por um planeta de uma
esfera especial...
Pelo nosso, planeta terra... Povoou com
muitos seres, até com nós, seres humanos.
Humanos, sim!.. Essas criaturas que com
deslealdade tentou trair o magnífico plano.
Bem o seu filho entediado e sem bolita para
brincar... O seu pai mandou descer para o amor
da nossa humanidade, concertar.
Antonio Montes
EU IMAGINO
Imagino se existisse de fato...
A coerência política,
o amor da humanidade
o aperto de mãos das nações
e a verdade das verdades.
Imagino se não existisse...
Gambelações religiosas
Gente perseguindo gente
abuso de autoridades aos inocentes.
Imagino se...
O poder não fosse povoado por,
calhordas que surrupia a nação
e inventam leis, em benefícios
próprios
e estão sempre de chibata nas mãos.
Antonio Montes
Maria, Maria
Lá vai Maria...
Já soltou pandorga
saltou amarelinho
hoje, em sua correria
bate peca e pula corda
esconde as lagrimas do seu choro
almejando calmaria.
Pela tensa noite...
Chorou em silencio,
pelo propenso filho,
pela paz enganosa
e pela falsa alforria...
Maria, Maria.
Maria, Maria...
De todas as lagrimas
de todos os rios
de todas as penas
de todas as flores
Maria da noite
Maria do dia
Maria da cruz
Maria mãe de Jesus.
Varre o terreiro, lava casa
passa roupa, faz comida
passo, a passo na calçada
Maria pra baixo e pra riba.
Sentiu dor e agonia
orou pela magia
cobraram-te a verdade
velou o olhar do vigia
Maria, Maria.
Maria da cidade
Maria do pilão
Maria de todos os dias
Maria do coração.
Eu quero o cheiro do café
bacia com bolinhos fritos
quero o que Deus quiser
Maria, Maria, eu sei...
O mundo esta cheio de proscritos
mas os inocentes...
Ainda ouve os seus gritos.
Antonio montes
ARBÍTRIO
As ruas que são minhas
que são suas...
É das meninas inocentes,
dos presentes transeuntes
e dos Meninos de rua.
São ruas de calçadas
de muros altos, cercas elétricas
são ruas de muitas placas
semáforos, e câmaras para multar
ruas de gente que presta
e mentes que não presta.
Elas tem verdes nas paredes
engarrafamentos, tem sede
estrela em cada poste
espelhos pra todos os lados,
refletindo o seu embuste.
Essas ruas que são minhas
que são suas...
Nunca foram, as minhas ruas.
muito menos, as suas ruas.
Antonio Montes
MUDANÇA DE TEMPO
O tempo, mudou
... Levou o vento,
arrastou, chuva acampamento
e o sorriso do amor.
Deixou estio
pregou a seca
e acendeu a cerca
com seu pavio.
E todos os peixes
com sede de rio
ficou sem navio
e os seus queixes.
Antonio Montes
FIM DA VOLTA (soneto)
E pelo cerrado eu fui, prosseguia
No coração só saudades e medo
No olhar lembranças em segredo
O vento pálido em prece reluzia
Longínquo o horizonte, romaria
Espesso e truncado o arvoredo
Rasteiro, estava mudo e quedo
Nenhum pio ao derredor ouvia
Parca aragem, alma em degredo
Ferindo-me no silêncio aí eu ia
No peito a dor velava o enredo
Fim da volta, para ti eu partia
As mãos tomando-me um aedo
Tive que aprender nova alegria...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
Para onde vai o amor não amado?
O "eu te amo" que só tem significado no dicionario.
Para onde vai as incertezas da vida?
A vontade de abraçar alguém, que só sentimos na hora da partida.
SONETO DO CORAÇÃO
Ah, coração de sentimento involuntário
Pulsa avido quando quer e, bate forte
Se otário, apenas ingênuo num importe
És continuamente um aprendiz estagiário
Na saudade, aperta, da dor, faz reporte
Mas também alivia no correto itinerário
Porém, urgi quando o fluxo é o contrário
Porque é liberdade e do afeto transporte
Se apressado, pode ficar sem destinatário
Se incontrolado, o fado é sempre a morte
Assim caminha, assim atua no seu cenário
Sábio foi quem disse que o coração é sorte
Na desilusão, e suporte sempre necessário
No amor, pois vai além de ser só consorte
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
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