Poesia de Cora Coralina aos Mocos
Não conheci o desterro,
mas sei a quanto obriga.
Vivo na minha terra,
embora desencontrada. Quem sabe
de mim, quem me ouve
o que não digo, quem segura
a rédea de meu sonho, permitindo
o risco da vertigem, o perigo
de conhecer o abismo?
Minha felicidade vem de quando estou só
e ninguém me interrompe no poema,
essa espécie de transfusão
do sangue para a palavra,
sem qualquer estratagema.
A palavra é meu rito, minha forma
de celebrar, investir, reivindicar:
a palavra é a minha verdade,
minha pena exposta sem humilhação
à leitura do outro,
hypocrite lecteur, mon semblable.
De algum forma todos nos queimamos algum dia;
de alguma forma mesmo sem fogo sob o frio sob a chuva
que não passa o calor é terrível
no Rio de Janeiro, quem diria,
quando morei aqui na tua idade
não era assim, agora todos sofrem,
todos dizem que calor infernal
que calor dizem todos e é tudo
muito estranho tudo...
Sou um canteiro onde floresces
e nem sabes, sou o caule
indeciso do teu intenso modo de querer,
a linha reta que jamais se alcança,
a hipotenusa de um triângulo qualquer,
o bule sobre a mesa, a música de Bach,
o pássaro pousada no videira
do fundo de um quintal ou de um jardim
onde ninguém sabe, ninguém jamais ficou sabendo,
que este canteiro existe,
que este canteiro não obstante existe.
Em Amsterdam na Diezestraat 6
alguém me espera alguém me quer
alguém dá vida e brilho à minha vida
tão dividida que mal se define entre
aquilo e o que.
Alguém me espera entre tulipas
alguém me espera entre folhas tombadas
sob o sol sob a chuva sob o frio
alguém me espera espera espera.
Alguém constrói a sua casa
como artesã-abelha delicada;
sobre o sofá um quadro, uma explosão,
que cada dia mais entendo, cada ano mais,
e outros móveis, cortina,
cozinha, um banheiro
todo branco.
E para mim um quarto, uma cama,
um edredom azul, uma escova,
papéis e muitos outros objetos,
telas tintas um pedaço de ferro,
outro de ouro, outro de aço.
Alguém de longe me acena
com uma lareira acesa.
O passeio do outro lado da rua
Gente
Que não conhecerei nunca
Ninguém mais nesta mesa
De um café milenário –
Raras vezes
Terei estado menos só
A nave espacial chamada terra
Singra comigo tarde adiante
Tudo volve milenário
As pedras da rua
O cimento gasto do passeio
As recordações
" Folha, após folha
sincronia que só o vento pode ajudar
manhãs rosadas, cinzas
o tempo faz seu papel
toma a calçada.
embriagados pela selvageria do outono
varrem o chão,
já é tarde,
novamente a pele dourada precipita
há em cada ser um amanhecer
e uma morte também,
mas assim como a vida tem um fim,
a morte também, um dia terá...
" Que você fique a vida inteira fazendo questão, mas se precisar, lembre-se:
O tanto faz, está logo ali...
" Hoje o amor toma conta
e sabe fazer sorrir
amanhã pode ser até que chore, faz parte
a arte é cultivar
florescer, inundar
pares que combinam sempre provarão
que o amor é sem querer,
o melhor querer que podemos desejar...
" As surpresas,
aliadas aos sorrisos
dão a dimensão
os desejos,
todos livres,
absolutos
derramam suores
ávidos pela energia,
corpos sussurram
bocas se encontram,
o calor aumenta
à tona, nossas devassas emoções."
" Não que passe,
pelo que de saudade venho sentindo.
nem que finde pois que de começos tento viver.
mas sobra esperança.
Pudera, não sei te esquecer...
" Hoje não estou nem ai
não adianta me procurar
pode ser que um dia eu apareça
e sem querer esqueça
que você também já me esqueceu
mas valerá lembrar
serei o último a esquecer...
" A liberdade
é o maior e melhor presente
que se pode dar a alguém
deixe livre quem quiser ficar
faça o mesmo com quem quiser ir...
" De todos os meus erros,
o mais repugnante e assustador
foi a colcha de retalhos,
que teci com teu amor...
Abracemos o nosso trabalho com dedicação.
Do suor de nossa face vem a dignidade que valoriza o nosso pão.
Ceia para mim ou ceia para você:
Então é natal
E o que você fez?
Mais um ano banal,
miserável outra vez
No dia vinte e quatro,
Nobres se presenteiam
No dia vinte e cinco,
Pobres se angustiam
A Coca-Cola mente,
Diz que o Natal é para todos
Mas coloque em sua mente,
São os maiores engana bobos
Drummond procura alegria,
Você procure uma planta que semeia,
Numa mala vazia
embarcando sorrisos em ceia.
" Eu trocaria o telhado da nossa casa
por um lugar no alto da montanha
pertinho das estrelas
e te daria um beijo
como aquele que dei quando te conheci
viveria mil anos só para não deixar dúvida daquilo que sinto
plantaria arvores, cultivaria jardins
eu faria tudo que pudesse para ter o teu amor
menos mendigar a tua presença, mendigar o teu carinho
mendigar o teu coração...
" Quem mandou você ter esses olhos, essa boca, esse jeito
quem mandou ser tão bonita assim, exuberante
quem mandou eu olhar e querer
me perder foi a solução,
sim!! me perder foi a coisa mais gostosa que fiz
agora que sou passado, apenas algumas lembranças
não posso pensar em desejos
são meus os dias de solidão...
"...
Ambos, para ser reconhecido,
Primeiro tem que morrer.
Ainda assim, por mais que seja merecido,
O privilégio muitos não vão ter.
..."
Poema Santo e Poeta
"...
Minha herança parece pouca,
Mas é tudo que meu ser possui.
Desejo que toda essa herança louca,
Faça-os melhor do que eu fui."
Poema 'Minha herança'
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