Poesia Completa e Prosa
Sei que em alguns lugares que passei
Me trazem boas lembranças
quando começo a lembrar
Vem sobre mim eminentes esperanças
Um dos nossos momentos peculiar
Poderia ser à última vez
Se o que é predestinado viesse a mim
Perderia tudo o que você fez
Mas se eu partir
Partirei te amando
Feliz pelos bons momentos
E estarei em um bom lugar te esperando
Nesse dia queria te encontrar
Vestida linda para mim
Com sorriso inenarrável
E um belo vestido de cetim
Cativamos menos os rostos
Valorizamos mais a integridade
Descartamos à tese de perfeição
E neste momento tudo mudou
O fluxo alterou-se
A felicidade não teve mais vergonha
O tempo se orgulhou
De somente ele ter essa oportunidade
E deixar para acontecer
Pois não há terra fértil
Essas rosas demandam atenção
Onde apressados às deixam morrer.
CORRE O RIO 🍁
Corre o rio de tristezas devagar cor de sangue
Sangue, sangue de dor arma enferrujada
Veias de veneno lapidado sugado no escuro
Corpo estendido esquecido e sentido
Sangue derramado de um soldado
Com o coração partido perdido, magoado
Guerra estúpida, sem tempo, sem hora
Humanidade despida sem destino nas areias
Escaldantes do deserto desentendidos, ignorantes
Corre o rio de dor, de sangue de odor, podre, fede
Carne apodrecida deixada à sua sorte
Veias lapidadas de cores de uma guerra estúpida
Sem honra, sem respeito, sem compaixão
Feridas feitas no peito de sangue que deixam cicatrizes.
Sorte
Por anos, desfrutar dos erros
e de suas emendas,
ter podido falar, caminhar livre,
não existir mutilada,
não entrar, ou sim, em igrejas,
ler, ouvir uma música querida,
ser na noite um ser como no dia.
Não ser presa a um trabalho,
medida em cabras,
sofrer domínio de parentes
ou apedrejamento legal.
Não desfilar nunca
e não admitir palavras
que coloquem no sangue
limalhas de ferro.
Descobrir por si mesma
outro ser não previsto
pela ponte do olhar.
Ser humano e mulher, nem mais nem menos.
Quadro
Construímos a ordem da mesa,
a folhagem da ilusão,
um festim de luzes e sombras,
a aparência da viagem na imobilidade.
Esticamos um branco campo
para que nele esplendam
as reverberações do pensamento
em torno do ícone nascente.
Então soltamos nossos cachorros,
incitamos a caçada,
a imagem sereníssima, virtual,
cai desgarrada.
Inverno
Como as gotas no vidro,
como as gotas de chuva
numa tarde sonolenta,
exatamente iguais,
superficiais,
ávidas todas,
breves,
se ferem e se fundem,
tão, tão breves
que não poderiam acomodar(acolher) o medo,
que o espanto não deveria fazer marca
em nós.
Depois, já mortos, rodaremos,
redondos e esquecidos.
Tu que nunca serás
Sábado foi caprichoso o beijo dado,
Capricho de varão, audaz e fino
Mas foi doce o capricho masculino
A este meu coração, lobinho alado.
Não é que creia, não creio, se inclinado
sobre minhas mãos te senti divino
E me embriaguei, compreendo que este vinho
Não é para mim, mas jogo e roda o dado...
Eu sou a mulher que vive alerta,
Tu o tremendo varão que se desperta
E é uma torrente que se desvanece no rio
E mais se encrespa enquanto corre e poda.
Ah, resisto, mas me tens toda,
Tu, que nunca serás de todo meu.
Sou suave e triste se idolatro, posso
abaixar o céu até minha mão quando
a alma do outro à alma minha enredo.
Pena alguma não acharás mais branda.
Nenhuma como eu as mãos beija,
nem se acomoda tanto em um sonho,
nem convém outro corpo, assim pequeno,
uma alma humana de maior ternura.
Morro sobre os olhos, se os sinto
como pássaros vivos, um momento
voar baixo meus dedos brancos.
Sei a frase que encanta e que compreende,
sei calar quando a lua ascende
enorme e vermelha sobre os barrancos.
Palavras a um habitante de Marte
Será verdade que existes sobre o vermelho planeta,
que, como eu, possuis finas mãos prêensíveis,
boca para o riso, coração de poeta,
e uma alma administrada pelos nervos sutis?
Mas no teu mundo, acaso, se erguem as cidades
como sepulcros tristes? As assolou a espada?
Já tudo tem sido dito? Com o teu planeta acrescentas
a vasta harmonia outra taça vazia?
Se fores como um terrestre, que poderia importar-me
que o teu sinal de vida desça a visitar-me?
Busco uma estirpe nova através da altura.
Corpos bonitos, donos do segredo celeste
da alegria achada. Mas se o teu não é este,
se tudo se repete, cala triste criatura!
Diante do mar
Oh, mar, enorme mar, coração feroz
de ritmo desigual, coração mau,
eu sou mais tenra que esse pobre pau
que, prisioneiro, apodrece nas tuas vagas.
Oh, mar, dá-me a tua cólera tremenda,
eu passei a vida a perdoar,
porque entendia, mar, eu me fui dando:
"Piedade, piedade para o que mais ofenda".
Vulgaridade, vulgaridade que me acossa.
Ah, compraram-me a cidade e o homem.
Faz-me ter a tua cólera sem nome:
já me cansa esta missão de rosa.
Vês o vulgar? Esse vulgar faz-me pena,
falta-me o ar e onde falta fico.
Quem me dera não compreender, mas não posso:
é a vulgaridade que me envenena.
Empobreci porque entender aflige,
empobreci porque entender sufoca,
abençoada seja a força da rocha!
Eu tenho o coração como a espuma.
Mar, eu sonhava ser como tu és,
além nas tardes em que a minha vida
sob as horas cálidas se abria...
Ah, eu sonhava ser como tu és.
Olha para mim, aqui, pequena, miserável,
com toda a dor que me vence, com o sonho todos;
mar, dá-me, dá-me o inefável empenho
de tornar-me soberba, inacessível.
Dá-me o teu sal, o teu iodo, a tua ferocidade,
Ar do mar!... Oh, tempestade! Oh, enfado!
Pobre de mim, sou um recife
E morro, mar, sucumbo na minha pobreza.
E a minha alma é como o mar, é isso,
ah, a cidade apodrece-a engana-a;
pequena vida que dor provoca,
quem me dera libertar-me do seu peso!
Que voe o meu empenho, que voe a minha esperança...
A minha vida deve ter sido horrível,
deve ter sido uma artéria incontível
e é apenas cicatriz que sempre dói.
Luz
Andei na vida pergunta fazendo
Morrendo de tédio, de tédio morrendo.
Riram os homens de meu desvario...
É grande a terra! Se riem... eu rio...
Escutei palavras; demasiadas palavras!
Umas são alegres, outras são macabras.
Não pude entende-las; pedi as estrelas
Linguagem mais clara, palavras mais belas.
As doces estrelas me deram tua vida
E encontrei em teus olhos a verdade perdida
Oh! teus olhos cheios de verdades tantas,
Teus olhos escuros onde o universo meço!
Segura de tudo me jogo a teus pés:
Descanso e esqueço.
Assim seja
O dia fica para trás,
mal consumido e já inútil.
Começa a grande luz,
todas as portas se abrem diante de um homem
adormecido,
o tempo é uma árvore que não para de crescer.
O tempo,
a grande porta entreaberta,
o astro que cega.
Não é com os olhos que se vê nascer
essa gota de luz que será,
que foi um dia.
Canta abelha, sem pressa,
percorre o labirinto iluminado,
de festa.
Respira e canta.
Onde tudo termina abre as asas.
És o sol,
o aguilhão da aurora,
o mar que beija as montanhas,
a claridade total,
o sonho.
Deixei a porta entreaberta
sou um animal que não se resigna
a morrer a eternidade
na escura dobradiça que cede
um pequeno ruído na noite
da carne
sou a ilha que avança sustentada
pela morte ou uma cidade
ferozmente cercada
pela vida
ou talvez não sou nada
só a insônia
e a brilhante indiferença dos astros
deserto destino inexorável o sol dos
vivos se levanta reconheço essa porta
não há outra gelo primaveril e um
espinho de sangue no olho da rosa.
uma sarjeta é o lugar onde se deixar uma menina
uma menina é um ser vivente, um ser vivente é esse
que se atravessa e mata e nunca existiu
não vou mais pisar a sarjeta de quando era uma menina
sob as mãos do pai, do outro e do outro
todo e qualquer desconhecido
um senhor me pergunta se foi um poema que se salvou
como sede de qualquer morada
o claustro, senhor, não pisar qualquer chão
ser encarcerada é um ótimo ataque, lê-se numa vala
Pensamentos
Madrugada sórdida, eólica e pródiga,
que me vejo sem paz.
Canção melancólica, alcoólica,
e sempre tão sem graça,
que cada lembrança traz.
Mas quem pudera um canto garrido,
que traga o sorriso, isento de,
machismo, feminismo, eufemismo,
livre até mesmo do “ismo”,
inventado por idealismo,
tais “sapiens evoluídos”,
que o canto não os toca mais.
Tenho mais perguntas do que respostas,
um questionador repleto de propostas.
Guardando para si, por não haver debate,
apenas lados e falta de honestidade.
É evolução ou retrógrado,
é idiotice ou monólogo,
todos esses pensamentos,
que me privam de sentir do ar.
Apesar de sem sentido,
não deixa de ser eólico,
o vento traz males e bens,
carregando as energias,
no desequilíbrio do vai e vem.
'AFOGO-ME...'
Afogo-me,
tal qual um louco falando de amor,
insano porque não há quem entenda-lhe os pergaminhos.
Desenho corações em linhas sinuosas,
mergulhado nas incertezas dos dias.
Sento-me sob à mesa.
Desonesto,
falando dos dias felizes...
O mar flamejante está à procura de marinheiros.
Soluto porque sou mar de desespero.
Não tenho amanhã,
nem cultivo.
Tampouco porto para ancorar-me nas ilhas incipientes criadas no manjedouro...
No dia a dia,
espero lentidão velada que sufoca-me.
Afoga-me nas substâncias de combinações não feitas,
rarefeitas no tempo sacrificando pulmões.
Sou expressões resultando incoerência,
dias sem sentidos.
Submergindo fracassos nas torturas,
acasos imperceptíveis,
procuras...
De tanto querer
De tanto querer o bem....
Deixa de ouvir e aceitar,
O que o outro acredita.
De tanto amor.
Deseja que o outro, ame....
Como acha, de como;
Deve ser amor.
De tanto, procurar o conhecer...
Deixou de respeitar o conhecimento de outros.
De tanto, procurar felicidade...
Não considera a forma de felicidade de outro.
De tanto procurar como o mundo poderia ser melhor....
Resolveu, eliminar, quem em contrario.
De tanto, produzir grandes frutos...
Não tem paciência, de esperar bons
Frutos, daqueles que ainda não te alcança.
De tanto desejar, brilhar abaixo do sol...
Não repara; onde pisa.E maltrata,
Veladamente o semelhante.
De tanto se sentir acolhido...
Discriminava o mais fraco.
E sente um certo tesão.
De tanto, valorizar a própria inteligência...
Joga com as únicas cartas que possuí....
E repete, e repete, e repete.....
Para; poder , ainda sentir alguma coisa.
Sei lá , o que....
De tanto, gostar de si.
Consegue viver para si.
E fica; o tempo em si.
Não encontra mais notas diferentes....
Em diferentes acordes da vida.
Acorde. Si é a última nota,
Da escala.
Como pode alguém encontrar um
Lugar, para compor uma melodia
Nesse coração.
Não é o lhe falta.
Mas, o que possui demais.
De tanto querer.
Não consegue encontrar a forma de largar.
Nem que seja, para alçar, novos vôos.
No imaginável futuro;
Que se escreve a cada momento.
Marcos fereS
(Em tempo de corona vírus)
O dia escorrega das mãos feito um peixe
que mergulha na terra trincada
sem se saber
sobrevivente único
desse rio temporário
que acabou de secar.
Que todo dia seca sob o sol do tempo.
Que a vida é
esse deserto em expansão.
Que a noite se aproxima e é fria.
E com que olhos nos espreitam os chacais.
#Ingenuidade
Vivo tranquilo...
A liberdade é quem me faz carinho...
A brisa, como tem tempo não tem pressa...
Flores, música, poesia...
O luar e o sol...
São minhas companhias...
Bastam minhas asas...
Escolho a ousadia...
Ilusão de cada dia...
Vivendo em maestria...
Não é da minha natureza esperar que me deem liberdade...
Não sinto medo...
Até quando não percebo...
Eu mesmo me concedo...
Serei eu ingênuo?
Sandro Paschoal Nogueira
TEMPO PRIMAVERIL
Num tempo de primavera
Que aquece mudo a florir
Florescem lindas e belas rosas
São pálpebras saltitantes
Que bailam na brisa viçosa
Num regaço de uma rainha
Dum tempo de florir rosas
E quando eu morrer
Planta o que fui hoje
Ou terei sido ontem
Na escarpa de uma fraga
Em reminiscência quase apagada
Que eu irei florir em ti
A caminho do céu
Na dimensão oculta do mundo
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