Poesia Amor Nao Realizado Olavo Bilac
Doce pecado
Nasce uma flor inusitada
Bela delirante
Curvosa…
Seu perfume é um cristal
Vindo das colinas,
Inspira o céu
Transmite-me tranquilidade…
O tempo passa,
Tudo muda,
Ludibrias os meus olhos,
Enlouquece-me,
E me perde
Nas profundezas
Da paixão.
Doce pecado
Que me pega por baixo
E me faz de surpresa,
Sufoca, laça, faz de mim fatias
Deixando-me em pedaços.
e eu gostava de chorar a fio
e chorava
sem um desgosto sem uma dor sem um lenço
sem uma lágrima
fechada à chave na casa de banho
da casa da minha avó
onde além de mim só estava eu
Sou feita de muitos
nós
desobediência e meio-dia
Sou aquela que negou
aquilo
que os outros queriam
Disse não à minha sina
de destino preparado
recusei as ordens escusas
preferi a liberdade
e vivo deste meu lado
Nada mais de mim
haverá memória
-sei-
só os poemas darão conta
da minha avidez
da minha passagem
Da minha limpidez
sem vassalagem
A Defesa do Poeta
Senhores juízes sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto.
Sou um vestíbulo do impossível um lápis
de armazenado espanto e por fim
com a paciência dos versos
espero viver dentro de mim.
Sou em código o azul de todos
(curtido couro de cicatrizes)
uma avaria cantante
na maquineta dos felizes.
Senhores banqueiros sois a cidade
o vosso enfarte serei
não há cidade sem o parque
do sono que vos roubei.
Senhores professores que pusestes
a prémio minha rara edição
de raptar-me em crianças que salvo
do incêndio da vossa lição.
Senhores tiranos que do baralho
de em pó volverdes sois os reis
dou um poeta jogo-me aos dados
ganho as paisagens que não vereis.
Senhores heróis até aos dentes
puro exercício de ninguém
minha cobardia é esperar-vos
umas estrofes mais além.
Senhores três quatro cinco e sete
que medo vos pôs em ordem?
que pavor fechou o leque
da vossa diferença enquanto homem?
Senhores juízes que não molhais
a pena na tinta da natureza
não apedrejeis meu pássaro
sem que ele cante minha defesa.
Sou um instantâneo das coisas
apanhadas em delito de paixão
a raiz quadrada da flor
que espalmais em apertos de mão.
Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever.
Ó subalimentados do sonho!
A poesia é para comer.
A HISTÓRIA DA MORAL
Você tem-me cavalgado
seu safado!
Você tem-me cavalgado,
mas nem por isso me pôs
a pensar como você.
Que uma coisa pensa o cavalo;
outra quem está a montá-lo.
a terra está para o satélite
como a água para a atmosfera
tudo gravita – a vida – equi
libra-se ainda que se esquive
Pense em quantos anos foram necessários para chegarmos a este ano
quantas cidades para chegarmos a esta cidade
e quantas mães, todas mortas, até tua mãe
quantas línguas até que a língua fosse esta
e quantos verões até precisamente este verão
este em que nos encontramos neste sítio
exato
à beira de um mar rigorosamente igual
a única coisa que não muda porque muda sempre
quantas tardes e praias vazias foram necessárias para chegarmos ao vazio
desta praia nesta tarde
quantas palavras até esta palavra, esta
É sobre quando o sol chega
E a luz invade
E o pássaro vive livre amando o ar
E os seus jardins ficam mais vívidos
E quando me faço chuva
Na imensidão de suas campinas.
Simples assim.
Das prensas dos martelos das bigornas
das foices dos arados das charruas
das alfaias dos cascos e das dornas
é que nasce a canção que anda nas ruas.
Um povo não é livre em águas mornas
não se abre a liberdade com gazuas,
à força do teu braço é que transformas
as fábricas e as terras que são tuas.
Abre os olhos e vê. Sê vigilante
a reação não passará diante
do teu punho fechado contra o medo.
Levanta-te meu Povo. Não é tarde.
Agora é que o mar canta é que o sol arde
pois quando o povo acorda é sempre cedo.
Há sim uma certa magia
que num suave pulsar
de notas trazidas
por uma brisa perfumada
faz tudo exalar em
poesia...
Hay una cierta magia
Qué una pulsación suave
de notas
para una brisa fragante
y se ventile todo en
poesía
(27 DE FEVEREIRO)
Dia e mês que levo os anos
Nas costas, cada vez maior
Sem fronteira e sem planos
Nos males e sonhos o suor
Levo com cuidado esta data
Num rígido e reto itinerário
Afinal não é ouro nem prata
Mas é especial no calendário
Nunca posso dar um até mais
Pois veloz já é naturalmente
Triste é ficar sentado neste cais
E sempre deixo um posposto pendente
Pois ficar mais velho, são fatos anuais
E ser lerdo, retarda receber o presente
Coração no Varal
Meu coração
Está pendurado no quintal
No varal, secando as lágrimas de aflição
Pingando agrura funeral
No sol, na chuva ao relento
Com a emoção amachucada
Frágil ao vento
Rangendo no peito de um jeito cinzento.
Luciano Spagnol
Da saudade
Saudade palavra agridoce
Contigo o mel e o amargo
Na secessão é tão precoce
No desengano desencargo
Da solidão
A solidão não é estar só
Seu silêncio é necessário
Tem seu charme seu xodó
Quietos no nosso breviário
Ter solidão é de ti sentir dó
E não ter qualquer destinatário
Da tristeza
De ti triste tristeza
Só nos traz incerteza
Afasta o belo da beleza
Ora nos traz profundeza
Ora nos traz aspereza
Que seja então breve
E nas tuas ruínas, leve
Da sabedoria
A sabedoria filha do entendimento
Tão desentendida pelos homens
Homens de guerras e sofrimento
Na ganância de ter bens
Como se fossemos dono de alguma coisa, somos momento.
Da alegria
Da alegria trago o sorriso
Gargalhar se faz preciso
Pro fado se fazer conciso
E o pleno prazer indiviso
Do amor
Do amor se espera encanto
Sem se frustrar na emoção
Do outro se quer santo
Se santo não é o coração
Então se cria o espanto
E no espanto a desilusão
Mesmo assim, queremos tanto, tanto...
Luciano Spagnol
Dia do médico
Ser médico...
É dar de si eternamente
Partilhar a dor do doente
Torna-lo confiante e forte...
É ser presente na vida e na morte.
Louco
Na alegria escarno a tristeza
Incógnito fico a rir e a chorar
Esta é minha louca realeza
Doido, verso e reverso o poetar
Cada desatino de ser violador
Chora a minha total lucidez
De um insano no seu fingidor
Onde mascara a loucura de vez
Se existir é que é muito louco
Então existo mais que o viver
Ser louco ainda é muito pouco
Nos acertos do normal saber
Sem rumo, louco, afortunado
Desatinado e cheio de muafo
Da vida, vivo para ser amado
De amor, louco, sem parágrafo
(Quero da loucura ser inventado!)
Poema
Todo o negro dos teus cabelos
Tudo que cerca o teu olhar
Até as coisas mais simples
São tudo
Cada pedaço do teu rosto
Até aquele seu moletom fosco
Pequenos detalhes
Quase ínfimos
São tudo
(e um pouco mais)
Um dia o povo será pelo povo
Um país em crise
Pessoas sendo
Desempregadas,
Alimentos em valor
Elevado.
No meio da miséria
Instalaram
As olimpíadas,
Para a felicidade
Dos que nada tem,
Para enganar
A sociedade.
A corrupção todos,
Todos sabem,
Mas, continuam
Acreditando no governo.
Nos jornais da para vê
A violência, o Brasil
Sangra, o mundo sangra,
Desvalorização a instituição
Pública,
Eles não ligam pra gente
A sociedade sente na pele
A miséria, a desgraça,
A dor, a sociedade sente
E cala, nada fala.
Este é o meu país,
Este é o mundo.
E tudo avança,
Querem que trabalhemos
Até morrer, temos
De produzir, produzir,
Produzir até a morte,
Temos de trabalhar
Para o estado,
Temos de pagar imposto,
Temos de sustentar o governo,
Temos de sentir na pele
A opressão e nada
Podemos falar.
A polícia cala a nossa boca,
Recebendo as ordens do estado,
As redes de televisão,
A rádio, por sua vez
Aliena o povo, o povo
Por sua vez se conforma.
O povo pode dá a voz,
Principalmente os que sabem
Que não tem nada a perder.
Um dia o povo vai vencer
E o povo será pelo povo.
Inocente Donzela
Quando se deu conta
Estava sozinha amarrada
Olhando para o vazio da sala
Ela sempre sonhou
Cresceu profetizando
Que seria arrebatada
Levada sem destino
Sua mãe aconselhara
Para ter cuidado redobrado
Estava determinada
Que se entregaria, até sua alma
Era de pouca conversa,
Aqueles meninos não a seduzia
Achava seus papos caretas
Procurava algo bem diferente
Tinha em mente uma entrega
Que ia rabiscado no papel
Seu príncipe um dominador
Ela submissa Rapunzel
Foram dias e noites de espera
Nem mesmo se mastubava
Amadurecera inocente virgem
Numa nuvem de tempestade
Como se fosse feiticeiro
Sem avisar o príncipe apareceu
Numa enigmática rede social
Dentro da super tela virtual
Bem fluente e bem dotado
Mesmo avisada ele a embriagou
Com gentileza e palavras doces
Decifrou-a inteira
Dominando a mente dela
Num gesto rápido e preciso
A tomou de surpresa de relance
Em silêncio a levou para longe
Num desconhecido lugar
Fez com ela tudo que sonhava
Com uma alta dose de exagero
A feriu no seu íntimo
Ela gritou, tentou fugir
Não conseguiu, dopada
Enquanto ele ria, dançava
Ela lembrou dos conselhos
De sua mãe amiga
Agora de nada adiantaria
Estava amarrada e sozinha
Leopardo Dom
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