Poesia Amor Nao Realizado Olavo Bilac
Após Júpiter e Saturno
de nós se despedirem,
o céu dourado da tarde
desceu sobre o país,
e tenho cantado baixinho
para tentar ser mais feliz.
Sob este mesmo céu
juro esperar sempre
pelo teu amor que há
de nos encontrar além
da terra, do mar e do ar,
Porque adentro de ti
é o meu cativo lugar.
Ideais como perseidas
não param de circular,
Marte e Mercúrio darão
voltas até a conjunção,
e no mesmo lugar estão:
o senso e a Humanidade.
Nos braços dos ventos
que levem longe daqui,
segura ao derredor de ti,
e para viver do fragante
amor feito de gerbera,
Tenho vivido arquitetando
a beleza desta espera.
Desta existência austral,
História no canto dos trilhos
e luar místico se equilibrando
ouvindo o som do qarmon
distante tocando na estação
atemporal do teu coração.
Valor inestimável
Nada como o sossego diário
A paz da mente no travesseiro
O vida num verdadeiro cenário
O Tempo, com qualidade, sendo um bom companheiro
A saudade visitando as lembranças
Recordações nos proporcionando sorrisos
Pular, cantar, dançar como as crianças
Ter nos amigos, diversos abrigos
Lamentar não ter conquistado um coração
Mas o encontro ser gratidão no fundo da alma
Amanhecer com a certeza do dia em construção
Ser capaz, na tensão, manter a tão difícil calma
Entender que, na vida, nem tudo se encaixa
Dissabores também fazem parte
A autoestima muitas vezes fica em baixa
Mas a esperança não é item de descarte
Quando o sonho ainda pulsa vibrante
Por mais que, nos nossos momentos frágeis, ele decline
É porque foi atribuído à alguém especialmente gigante
Produza-se. Arregasse as mangas.
Faça acontecer. Seja vitrine
Tudo pode ser surpreendente e valioso
Quando o prazer de viver é a base de tudo
Se há fé, cada dia é milagroso
Quanto ao resultado, é aprendizado fecundo
Uma dica pra quem até aqui nada entendeu
Nem sempre o que queremos é o melhor para nós
O nascimento a bonança não nos prometeu
Vai devagar, para não ser o seu próprio algoz
Construa com carinho cada momento da sua história
Mas atente para quem é seu coadjuvante
Nem todos à volta são afins à sua vitória
Observe se derrotas são a tua realidade constante
Mas se tens ao lado um fiel parceiro
Alinhado à tua valiosa missão
Tens o privilégio de partilhar teu roteiro
E constatar o poder de uma sagrada união
Nada como a vida no sossego diário
Nada como uma noite relaxante
Do sono tranquilo ser o proprietário
Do arrependimento manter-se distante
Deixe a vida decorrer na certeza
Que não estamos sós nessa jornada
Quanto mais verdade e menos esperteza
Mais iluminado será o palco da tua chegada
Tentei entender, mas me aproximei.
Agora a tua dor é uma ponte deslocada,
onde desemboca ao seu encontro
no portuário do meu peito.
E eu sempre vou esperar a sua chegada;
seja de baixo de chuva, ou quilômetros de estrada.
Quisera o poeta abandonar o seu ofício
Sofrer difícil foi sentir
Transmitir lhe doeu e deu
Rompeu a aurora de sorrisos fáceis
Vulgarizaram suas faces
Transfiguraram seus dizeres
Que seres, seus seres
De infelizes compreenderes
Ofereceu-se esmola em sua arte
E parte a parte
Feneceu a honestidade da esperança
Que outrora velho moço
Hoje é o velho no poço
Silenciar é o presente que o presente traz
Aquele que é capaz de aguardar
A sinfonia certa
De certa sonoridade
Da sonora idade de sua liberdade
(sem título)
Vendo teu rosto
Me doou
Compro tua beleza
Que inspira ação
Te alugo
Rabiscando palavras
Pra roubar
só risos
Sol que me resta
Às sombras
É o desejo
Acordo pegado
Da cor do pecado
Meus Brasis
Teus cabelos
Nós, os sambas,
Teus olhares
Tua voz,
Ainda oculta
Anda tão culta
Que me corta
Me reparas
Quando arraso
Raso
Teu rosto me arrasta
Tua boca é o beco
Que sonho não ter saída
Provo na prova
O ramo do rumo da prosa
Que breve se atreve
E apruma o entrave
É trinca de ais, em cima de trinca de reis
Aprovo, apraz, a proposta
E posto, no post o que é posto
Aposto que posto o oposto, após
A pena da pena
Na bruma do imbróglio
Surgiu na multidão
Furtivo olhar, paixão
Céu negro se encheu de cor
E a lua acendeu o farol
Chama é de queimar
Brilha um pavio
Vela pra saldar
Feitio de oração
Basta a faísca de um só olhar
Queima como veneno
É o que encandeia o nosso altar
Que se revela sereno
Brilho transcendental
A duras penas
Arranco minhas penas
Asas rasas apenas
E peno o penar
Retiro o pano
Planejo pleno
É plano
Plaino
Companheira
Penso em partir
Parte à parte
Há toda parte
Aparte minha parte
Como o parto
Parte a arte
Dá a luz
Em paz o caos
Há paz
Ah a paz...
Quando ela fala
Meu corpo se balança
Até o ouvido dança
Arrepia por inteiro
Pois o tempero
Causador do piripaque
Desse seu belo sotaque
É o bão jeitin mineiro
Lamento na presença do luar.
Por intermédio da ansiedade
meus, uivos poéticos ao sereno
Na companhia do Anseio carnívoro De um lobo sedento e lascivo Observando-o com avidez!
Ao Frenesi exalado por tua epiderme.
O som orquestrado por violinos fúnebres.
Colocará um encerramento ao vosso sofrimento.
"Uso obrigatório de máscara" dizem as placas
Mas já usamos máscaras há muito tempo!
A máscara física fez cair muitas máscaras sociais
O mais irônico é pensar o quanto é difícil usar a máscara de pano e o quanto é fácil usar máscaras sociais
A máscara obrigatória hoje derrubou muitas máscaras opcionais
Se tornou insustentável suportá-las
Ela nos obriga a olhar nos olhos do outro, pois é só isso que podemos ver no rosto do outro.
Se são os olhos "as janelas da alma"
A máscara física nos obriga a espiar as janelas alheias
Olhar para a alma do outro, a uma certa distância, é claro!
Talvez, não seja tão ruim assim poder olhar para o que não enxergávamos: a alma do próximo
A máscara física tornou os mais belos rostos irreconhecíveis
E invisibilidade urbana deixou de ser "privilégio" de mendigos ou prestadores de serviços essenciais que nunca foram valorizados
Escondeu os sorrisos e deixou à vista as lágrimas que escorrem das janelas da alma
A máscara não é de ferro, mas precisamos ser de ferro para suportar a máscara de pano
Sonhamos com o dia em que seremos "desmascarados"
Libertos das máscaras de pano
E será escolha individual libertar-se das máscaras sociais
RECIFE ITALIANA
Falam muito que Recife
É a Veneza brasileira,
Expressão tão repetida,
Virou frase costumeira.
Mas a urbe italiana
Imita a pernambucana,
Tem até leão na bandeira.
Veneza tem rios e pontes,
É banhada pelo mar,
Situada no Nordeste,
Tem belezas de encantar.
Rico acervo arquitetônico,
Um clima belo e romântico,
Muito bom pra navegar.
Veneza tem multidão,
Cidade de grande massa,
Que tem em sua região
Comuna, ruela e praça.
Lá também tem carnaval,
Agitando a capital,
Viver lá nunca é sem graça.
Tem tanta água em Veneza,
Chuva é diluviana,
Gôndola, embarcação,
Tradição veneziana.
Tal qual gêmea siamesa,
Concluímos que Veneza
É a Recife italiana.
Os sótãos e calabouços
rugem a devastação feita
pelo isolamento e pela tortura,
demoliram os sinais de fé
na vida e andam tentando
incinerar toda a poética:
(E ainda há quem insista
desfilar o seu ego inflado,
violar a lógica da hora
e espargir a vaidade política
neste momento de pandemia).
Cada versejar tem sido de minha
responsabilidade real,
versejo também a América Latina,
o tempo, o vento e os sonhos
de reconstruir os rumos da História:
(Não é segredo para ninguém
que não conheço a tropa
em situação muito brutal
e o General que continua preso
injustamente e incomunicado
há mais de sete meses).
Que me custe a simpatia de todos,
pois falo o quê a minha
consciência manda falar,
não dou aquilo que não se pode
ao autoritarismo de ninguém dar:
o silêncio como púlpito
para a voz da História se silenciar.
Mercúrio na maior
alongação leste,
e eu incitação total
sendo parte da tua pele.
Dracônidas rumo
à Constelação de Dragão,
e eu por antecipação
buscando de tudo para
ser parte do teu coração.
Marte na sua cavalgadura
tentando se entrelaçar
com a Lua pela cintura,
é assim que já sou tua.
Tenho você como a Lua
tem a Marte no limbo
escuro em rito oculto,
é no profundo do peito
que nos resguardo
e nos salvo do mundo.
Não sei o porquê,
mas sem querer
escrevi com a tinta
da Via Láctea
o presságio da união
e na tua pele virei
a poesia da constelação.
E aí?
E aí eu aqui nesta cidade
Cativo da liberdade
Sem legitimidade
Sem ninguém
Num horizonte além
Nos caminhos sem rumo
Desatando o prumo
Tentando o resumo
Do sumo que escorre na face
Há se ele falasse
Se ele chorasse
Eu também quereria chorar
Desapegar pra parar de sufocar
Me alegrar com o muito do pouco
O pouco do muito do eu louco
E eu aqui nesta cidade
Já com cumplicidade
Da secura do amanhecer
É o craquelado do entardecer
Que dorme e acorda
Acorda, dorme e borda
Cada fio da saudade
Aqui nesta cidade
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10 de outubro, 22'48", 2015
Cerrado goiano
Os Espinhos no Caminho das Rosas
Institua o perdão para curar feridas.
Simplesmente ame,
liberte-se,
abrace a vida.
Seja feliz enquanto o sol brilha.
Antes que se apague a luz do último dia.
ANTÚRIO
Se belo, o teu belo á alguns é espúrio
no murmúrio da vaidade de um olhar
és tu, variada cor, ó flor do antúrio
no vermelho da paixão a celebrar
é natureza em esplendor purpúreo
flor do antúrio como não poetar!!!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
outubro de 2020 – Triângulo Mineiro
CRIANÇAS DO ESPAÇO
Eram seres
De um planeta distante.
Únicos no universo,
Todos se chamavam crianças.
Falavam um dialeto estranho,
Que só eles entendiam.
Alegres,
Alimentavam-se de picolé,
Bombons e pirulitos,
E comiam algo chamado pipoca.
Esses visitantes
Não queriam nos dominar.
Brincavam todo o tempo,
Possuíam armas de raio laser,
Que não feriam nem machucavam,
Eram feitas de plástico colorido,
E atiravam água,
Ao invés de fogo e chamas.
Felizes,
Trouxeram-nos presentes:
Peões, pipas, bonecas e bolas,
Objetos chamados de brinquedos.
Depois de uns dias, partiram
Em suas naves espaciais.
Percebemos que vieram da Terra,
Um planeta onde há outros seres
Chamados adultos,
Esses, sim, mais perigosos,
E poderiam nos invadir.
Foi muita sorte a nossa,
Pois não fomos encontrados
Por cosmonautas ou astronautas,
Mas, sim, por doces criaturas,
Pequenos seres do espaço,
Que os chamados de criançanautas.
Equilíbrio
Nem tudo se diz e nem se cala para tudo.
Nem tudo precisa ser levado ao extremo.
Nem tudo deve ser lento demais.
Nem tudo deve ser esquecido.
Nem tudo precisa ser lembrado.
A mentira não é cem por cento ruim, nem cem por cento boa.
A verdade nem sempre é verdade e as certezas também são incertas.
Sentimentos não duram para sempre. Magoas podem ser curadas e os amores esquecidos.
Nem todos precisam ser fortes, afinal, as muralhas também desabam.
Nem todos precisam ser frágeis, as rosas mais delicadas também possuem espinhos.
Nem tudo precisa ser limpo demais, as sujeiras também são importantes.
Nem tudo precisa ser exposto. Nem tudo precisa ficar escondido para sempre.
O grande desafio é encontrar o estado de controle das nossas dores, dos nossos medos e enfrentar os desafios olhando para frente. O equilíbrio vem de uma dose de oportunidade que todos nós recebemos do céu. Deus nos presenteia diariamente com oportunidades para sermos melhores e tudo depende das lições que tiramos da vida.
Receita para fazer um poema Dadaísta
Pegue um jornal.
Pegue uma tesoura.
Escolha no jornal um artigo com o comprimento que pensa dar ao seu poema.
Recorte o artigo.
Depois, recorte cuidadosamente todas as palavras que formam o artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Seguidamente, tire os recortes um por um.
Copie conscienciosamente pela ordem em que saem do saco.
O poema será parecido consigo.
E pronto: será um escritor infinitamente original e duma adorável sensibilidade, embora incompreendido pelo vulgo.
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