Poesia Agua de Mario Quintana
Prostitutas do tempo
Há quem discuta sobre qual o bem mais precioso que possuímos, muitos alegam que é o dinheiro, pois com ele podemos fazer quase tudo o que queremos, outros dizem que é o amor, pois com ele criamos laços afetivos com nossos familiares e cônjuges. Nada disso é verdade, o que temos de mais precioso é o nosso tempo, e cabe a nós qual o preço que julgamos suficiente para que nos paguem por ele, por quanto vendemos o nosso tempo de vida, principalmente no trabalho. Infelizmente dinheiro não compra tempo, mas com nosso tempo podemos ganhamos dinheiro e viver o amor. É apenas uma questão de administrar nosso bem mais precioso.
Pôr-do-sol
Dirijo por uma estrada não tão boa assim, mas suficiente boa para uma viagem tranquila, logo mais a noite cairá, um silêncio ensurdecedor toma conta de toda a cena, por um instante a lembrança de que mês e ano desaparece da minha mente, estranhamente uma sensação muito boa toma conta de mim, não importa pra onde eu vou e nem que horas irei chegar, eu quero apenas dirigir por essa estrada. Pela janela do carro deslumbro a cena de um pôr-do-sol escarlate, de uma tonalidade nunca antes vista por mim, para deixar o momento mais único e inesquecivelmente belo e singular alguns clássicos dos anos 80's começam a tocar, sou tomado pelo êxtase existêncial, como é bom observar a vida de um ponto de vista mais poético.
O Mal Necessário
Somos indiscutivelmente filhos do pecado, é por isso que o mal é tão gostoso de se praticar e nos deixa fascinados. Se Eva não tivesse comido do fruto proibido, nossa vida seria um paraíso, chato e imutável.
Quem é você?
Pergunta muito simples, resposta nem tão simples assim, já parou pra pensar no que gosta de fazer e por qual motivo não está fazendo? O que impede?
Quem é você? Fazes o que quer ou faz o que te mandam fazer? Por qual motivo?
Quem é você? Consegue responder essa pergunta sem colocar pessoas, mesmo que queridas na explicação do seu eu?
Quem é você? Do que gosta? O que fazes?
Quem é você? Que quando pensa na resposta dessa simples pergunta se sente perdido no seu próprio eu.
Quem é você?
Quem é você?
Quem é você?
Ninguém sabe, nem mesmo você....
Encontre-se!
A luta pelo poder é a grande realidade da história, sobretudo sobre os ciclos superiores da humanidade. O ser humano é um ser que carece, sente-se carente de prestígio, ele ambiciona impor-se aos seus semelhantes, e o prestígio social por ele anelado, ele o deseja em todos os setores.
Bom, mas nenhum setor lhe dá maior soma de poder do que o setor político. Precisamente, porque é aquele que abre o caminho para alcançar o domínio do estado, o domínio e administração das coisas e dos homens. E por essa razão, todos os homens e o grupos sociais quando tem os seus interesses econômicos já estabelecidos, eles desejam fortalecê-los através do domínio do kratos político, para poder, então, deste modo, robustecer ainda mais a sua posição.
Mesmo que você aí
Não saiba o que eu
Esteja sentindo
Não há porque...
Mesmo que você
Não se lembre de mim
A todo momento
Como eu de ti
Não há porque...
Mesmo que ao me ver
Seus olhos mudem de direção
Enquanto os meus
Só sabem te olhar
Não há porque...
Eu deixar de gostar de você
Porque te amo
Mesmo assim...
Multidão de Solitários
Jamais saberemos a visão que os outros tem do mundo, vivemos presos dentro de nossa casca e nela criamos nossos conceitos, fazemos nossos julgamentos, alimentamos nossas expectativas, só deixamos entrar o que nos é conveniente e só mostramos a ponta do iceberg. Cabe a nós apenas imaginarmos como os outros enxergam as coisas, vivemos uma constante visão deturpada da realidade alheia, montamos a pessoa dentro de nossa própria cápsula, construímos ela a partir de estereótipos prontos na nossa cabeça, minimizamos o extremamente complexo para que caiba na nossa ilha, uma multidão de solitários presos em seu próprio mundo.
O Iludido
Com o tempo virei uma pessoa desacreditada, futebol não faz mais sentido, pq é irrelevante o resultado, em nada afetará minha vida e não preciso da felicidade momentânea do "meu" time pra me sentir feliz, isso também vale para os outros esportes, claro que praticar é divertido, agora torcer, pra mim não faz mais sentido. Deixei de dar importância ao que os outros pensam sobre mim, afinal o que eles pensam em nada muda minha pessoa e continuo exatamente como estou. Deixei de dar importância a algumas coisas supérfluas, afinal um pedaço de merda coberta de ouro, por dentro continua sendo o mesmo pedaço de merda, mesmo que brilhe por fora. O que vale é o seu interior. Desacreditei da política, sei que devem haver pessoas dignas nesse meio, mas por causa da sombra da corrupção os mesmo não conseguem fazer nada, a não ser que devam favores para os corruptos e quando se derem conta, estão no meio da sujeira também. Com mais frequência pessoas me conquistaram com gestos simples. Fui iludido por sorrisos, me compraram com abraços, e acreditem, até fiz parte duma quadrilha e recebi propina em forma de carinho e atenção. Quão bobo me tornei....
Sob um dossel de suave ledice
A fremir confuso o arcabouço forte
Vê no amor o bem, o esteio a bela sorte
A rubra flama que o mal desdice
O sólido áureo do viver desfruta
Porque a sorrir, a musa lhe dissera
num ósculo: Ah! Dulce quimera.
Tens meu ser que ao teu amor tributa.
A Mulher e a Fruta
Seu olhar é como um morango
É atraente
Deixa qualquer um contente
Após fixar neste olhar lindo e rasgado
Lábios com a cor de uma maçã vermelha
Com o sabor de pêssego
Doce como uma cana
Seu beijo é papaia deixa-me em sossego
Seu corpo frágil que nem a uva
Seu abraço deixa-me na Lua
Manga rosa sempre pontual
Mulher fruta a sua presença é tropical.
Tempo! Eu quisera, se fosse possível, voltar no tempo e em uma folha em branco, traço a traço preencher todo o espaço, um retrato...
... do tempo.
Suco de maracujá
A década era de 1980, o ano não lembro ao certo, eu era acordado por minha mãe todas as manhãs com o intuito de ir à escola, época de prova acordava mais cedo pra estudar. Meio que no automático eu levantava e ia para a mesa tomar meu café, me servia de café com leite e pão caseiro com margarina, na época chamava de manteiga, não tinha noção que a verdadeira manteiga era mais cara. Dificilmente aguentava tomar um banho que preste, quando somos crianças sentimos tanto frio, meio que só molhava o cabelo e vestia a farda azul da escola Instituto José de Anchieta de Bragança, pegava a merendeira e nunca sabia ao certo qual seria o lanche daquela manhã.
Junto com meus irmãos, já prontos, também seguíamos em caminhada com destino à escola, eu nunca fui só para a escola, já que fui o segundo filho a nascer, sempre tive a companhia do meu irmão mais velho nessa caminhada. Os demais irmãos se juntavam assim que alcançavam a idade de estudar.
O caminho pra escola era seguido de algumas brigas e brincadeiras. Cada parte do caminho tinha para a gente uma conotação especial. Chegado à escola nos dirigíamos as nossas respectivas salas. Ainda lembro das primeiras letras que consegui fazer e sempre ficava muito feliz com cada coisa nova que aprendia. Na hora do intervalo, todos as crianças tiravam de sua lancheira os lanches e faziam sua refeição, ali mesmo sentados na mesma mesa a qual estavam estudando. Naquele dia minha mãe colocara alguns biscoitos e suco de maracujá, após o termino do intervalo recomeçava a aula, o pensamento as vezes voava longe, dando asas à imaginação e dando continuidade àquilo que a professora acabara de falar. O término das aulas era anunciado, me juntava aos meus irmãos e fazíamos o caminho de volta, com as mesma estórias, as mesmas brigas, com o pensamento longe e a imaginação fértil, imaginação que apenas as crianças podem ter...
Saudades
A cada novo dia que surge, a memória que você não está mais nesse mundo é apagada. A dor continua a mesma, acordo e preciso aceitar que o que aconteceu não mais pode ser desfeito, não conto isso para ninguém. Quem nunca perdeu alguém não entenderia, me visto de coragem e enfrento a vida. Sigo em frente mas meu coração sangra, quando quase me acostumo com a dor o dia chega ao fim. O sono faz com que meus escudos psíquicos sejam derrubados. Onde está você? A paranóia recomeça, por qual motivo é tão difícil aceitar que tudo possui começo e consequentemente um fim?
Encontros
A primeira vez que ele a viu foi na farmácia, ele estava com uma forte dor de cabeça e como é de costume de todos foi atrás de algum remédio pra gripe ou resfriado, para que os sintomas fossem amenizados. Enquanto procurava os comprimidos, em sua visão periférica apareceu um vulto moreno de cabelos longos, lisos e negros. Ao virar para olhar, se deparou com uma linda menina (mulher) no auge dos seus 22 a 25 anos e com toda a beleza que lhe é característica da idade, ela sorriu, escolheu algum produto para a pele, mesmo que não precisasse e foi embora. O dia passou rápido, a imagem da jovem mulher não saía da cabeça dele, mas como na vida apenas o primeiro encontro é demorado, após alguns dias viu seu amor platônico novamente, dessa vez bem rápido, enquanto passava de ônibus indo para casa após um árduo dia de trabalho. Quando começamos a gostar de alguém é normal termos medo de fazer uma abordagem e acabar com nossas chances com a referida pessoa. O tempo passou, dias, semanas, até meses. Ele descobriu que ela se exercitava numa academia próxima ao seu trabalho, até se matriculou, começou a se exercitar apenas com o intuito de vê-la, quanto mais tempo passava, mas ele a amava, mais tinha medo de chegar junto e ficava feliz com os bons dias dela, até imaginava que aquilo era um sinal de que ela sentira algo por ele também. As vezes a encontrava na mesma farmácia, na academia, na rua, mas nunca teve coragem de falar nada, se contentava apenas em apreciar sua existência. Em um dia nem tão belo, ele a viu de mãos dadas com um rapaz, ficou irritado, esbravejou, jurou vingança, ela tinha acabado com seu amor. E lá foi ele, triste e deprimido, por perder aquilo que nem ao menos um dia foi dele...
Castelo de Cartas
Construí meu castelo, acreditava ser forte e inabalável. Usei como material muito amor, amizade e confiança, pensava estar muito bem protegido de tudo e de todos no seu interior. Eis que a vida manda uma leve brisa e o desmonta, estou atordoado, derrotado, quão frágil e incerta é a vida, jamais teremos certeza de nada.
São flores aos milhões entre ruínas
Meu peito feito campo de batalha
Cada alvorada que me ensinas
Oiro em pó que o vento espalha
A contas com o bem que tu me fazes
A contas com o mal por que passei
Com tantas guerras que travei
Já não sei fazer as pazes
Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Ensinas-me fazer tantas perguntas
Na volta das respostas que eu trazia
Quantas promessas eu faria
Se as cumprisse todas juntas
Não largues esta mão no torvelinho
Pois falta sempre pouco para chegar
Eu não meti o barco ao mar
Pra ficar pelo caminho
Temos fantasmas tão educados
Que adormecemos no seu ombro
Somos vazios despovoados
De personagens de assombro
Dão-nos a capa do evangelho
E um pacote de tabaco
Dão-nos um pente e um espelho
Pra pentearmos um macaco
Dão-nos um cravo preso à cabeça
E uma cabeça presa à cintura
Para que o corpo não pareça
A forma da alma que o procura
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