Poesia
Éramos apenas um
Não havia nenhum defeito
Até você me trair
Nosso amor era perfeito
Me pego imaginando
O que te fez fazer isso
Será que meu amor não bastava
Valeu a pena correr o risco?
Se fiz algo de errado
Por que não falou pra mim?
Eu poderia até te entender
Faria um esforço sim
Se te faltava alguma coisa
Você poderia ter dito
Que eu faria com que
Teu desejo fosse atendido
Hoje não existe mais nós
E sim eu e você
Pois suas metas são outras
E eu não posso conhecer
Tu aos poucos foi se distanciando
Tendo outros olhares
Tendo outros planos
Frequentando outros lugares
Fica com quem tu escolheu
Peço-te que não me procures mais
Que essa outra te faça feliz
Já que não fui capaz.
"Ei
Deixa acontecer
Seja como for
Sem medo qualquer
Entregue-se ao amor
Acredite, eu amo você
Não tente fugir
Não tente se esconder
Eu quero ter você
Eu sempre quis
Você parece não ligar
Mas talvez eu seja a pessoa certa
pra você
Me dê uma chance, vá
Não me deixe enlouquecer no desejo
de te querer
Vem comigo, venha
Eu quero que você venha comigo
Vem perder-te em meus braços
Em meus sonhos mais lindos
Em meus sonhos mais ousados
Porque eu te quero em meus sonhos
Em meu coração
Eu sempre tive você
O nosso amor vai ser
A nossa mais linda canção
Ah, tente ser feliz
Sem mais nem porquê
Não me diga não
(Por favor!)
Pois você
É o amor
Que eu sempre quis"
Sísifo
Vai e volta, vinda e partida, recomeço
Aí é o tal preço, nesse caminho duro
Da vida, afinal se não for com apreço
A angústia, o medo, inundam o futuro
Recomeça, se desejares, sem pressa
No passo o compasso do passo dado
Na liberdade doada, que a razão meça
Os alcances, pois, o desejado é alado
E enquanto, ainda, tu não alcances
Não descanses na ilusão da metade
Se saciares com os poucos lances
A sorte não lhe será uma realidade
Sonho tem sempre parte de loucura
Onde a lucidez reconhece cada azar
E nesta queda livre que é a aventura
Não esqueças jamais do vetor amar
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Mês de maio, 2017
Cerrado goiano
INSIGNIFICÂNCIA
Parece notória a solidão,
mas não podemos deixar abater a alma;
Quando olhamos para o mundo,
Através de uma pequena fresta
Da nossa profunda insignificância,
podemos ver a alva,
E com raios cintilantes
vem o sol a nos consolar;
A calmaria a nos rodear,
nos enche de esplendor do amor de Deus;
Mesmo sob o céu,
vivendo ao léu,
pode um novo dia recomeçar.
Tão perto e tão longe,
Tão verde e tão bronze,
Deixamos de ver a conexão das coisas, a essência das pessoas e somos consumidos pela carência da aceitação.
Paixão
Abrase-me, paixão, no seu poente
que o meu fado seja tal que me flama
integralmente... de coração ardente
E o infinito amor há quem ama...
...e aos amantes, afeto, eternamente!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, março, 06'30"
Cerrado goiano
SOB O SIGNO DO PRAZER...
Toca-me com tuas mãos de fogo e cetim
Passeia teus dedos pelo meu corpo
Beija com avidez a minha boca carmim
Sussurra meu nome excitado; louco...
Movimenta-te rápido ao meu compasso
Possua-me já!_Dê à minha volúpia vazão
Ampara-me amabilíssimo nos teus braços
Do meu prazer torna-te senhor da paixão.
Não deixe resvalar os meus pensamentos
Para cousa alguma que não seja o teu dulçor
Quero ser tua sempre, não só momentos...
E quando enfim a manhã descer sobre o dia
Adormecer no teu peito com langor
Saciados, em silêncio, somos amor e poesia!
Estamos na geração das crianças sem futuro.
De pais ausentes que só dão presentes.
A modernidade e a tecnologia criaram um muro.
Jogaram nossas crianças no escuro.
Na adolescência e fase adulta não saberão para onde ir.
As ensinam apenas a ter e não mais a sentir.
Quem tem coragem no sangue
Não sente medo da sorte,
Passa em fogo e não se queima,
Embarca em qualquer transporte,
Nada no rio da vida,
Voa nas asas da morte.
Eu não entendo a distância
nem as dores que ela traz
não entendo o adeus
toda vez que parti
deixei um pedaço para quando voltar
e não aceitei a solidão
o vento alegra os pássaros
toda a natureza se faz feliz
o encanto está nos olhos de quem sabe ver
há um mistério na vida
nunca partirei, você sabe muito bem
como a noite espera pelo dia
esperarei, esperarei, pois sei que você virá.
Ela é daquelas
Que tem o cabelo ondulado
Estilo aurora boreal
Dos cabelos que escorrem
Pelos teu rosto.
Ela é daquelas
Que tem teus dias de flor
Que tem teus dias de caos.
Ela é daquelas, que o mundo desaba
Mas ela não.
Constelações
Não quero ser o sol
Pois de perto não podes me ver
Prefiro sempre estar distante
Do que poder prejudicar você
Pois sou uma estrela menor
Sim, eu sou uma estrela menor
Bem, bem longe do meu viver
Mas há um problema
Ainda te quero por perto
Por isso vivo um dilema
Talvez eu não esteja certo
Pois tua distância me algema
Sim, me algema
E me obriga a ficar coberto
Aquele amor
aquele que eu pensei
que se despedaçaria como
um meteorito no Minnesota
(uma coisa assim
estrondosa abusiva
gritante maravilhosa
estilhaço prolongado
cheio de uivos)
afinal caiu silencioso
como um aviãozinho de papel
passeando em Itaparica
em dia da apanha dos morangos.
ENTRE SOMBRAS (soneto)
Ao pé de mim vem o entardecer sentar
No cerrado, a noite desce, sombreando
Vem ter comigo hora pensativa, infando
Em uma visão das saudades a lamentar
Pousa tua mão áspera em mim, causando
Nostalgias no coração dolorido a chorar
São suspiros vaporosos ecoados pelo ar
Tão tristes, ermos, do vazio multiplicando
Na noite há um silêncio profundo a orar
Exalando a secura da dor impactando
No peito, que põe os olhos a lacrimejar
Eu a escuto imóvel, apático, sem mando
No vago da solidão, e me ponho a urrar
Às estrelas, que no céu voam em bando
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, maio
Cerrado goiano
Sobre sentimentos:
A pessoa acha ruim receber pouco,
Mas esquece que não está dando quase nada.
E, por mais que existam caminhos diferentes,
A minha vida é feita de reciprocidades!
Eu não sei fingir, esconder o EU nem mudar feições.
Sou assim, se estou bem, deixo florir;
Se não, amargo é o jardim. Não tem “mimimi”!
É visível o que se passa aqui: ♥!
Não tenho medo de sentir, me dou o direito de sofrer e ser feliz.
É bem simples!
eu me perco nos braços de quem não sei
enquanto estou casado com a solitude
admirando a luz barroca
que ilumina o meu corpo
e o resto do nada
o espelho no canto da sala
reflete o meu rosto melancólico
e a saudade de quem me deixou
a mercê do isolamento
projeto você
na minha frente
várias e várias vezes
[na ausência da solidão
eu quase cometi um adultério
com a tua presença ilusória]
mas você se esvai
junto com a luz amarelada
que adentra meu peito.
Sou Caipira
Sou pé na terra
poeta na estrada
mineiro da serra
e sua esplanada...
Eu vim do cheiro do cerrado
fogão de lenha, teto esfumaçado
lamparina, sem forro o telhado
chão batido, manhãs com mugido do gado.
Cresci no curral, junto de peão
viola, causos, anedota e mentira
nutrindo a inocente imaginação
sem que o tempo a aluíra
Sou araguarino, menino, alma cuíra... Caipira!
Na madrugada tosca e escura
o som de uma coruja
dar o tom macabro do lugar
o corvo a se alimentar
de um um cadáver de uma ser vulgar
Os gritos de dor e o derramar do sangue
Compõe um cenário sinistro
o lugar, um cemitério
onde o estéreo se torna agudo
nesse mundo obscuro
Um sujeito se delicia
com a cena e o lugar
pois lá pode encontrar
o prazer que lhe convém
o sofrimento de alguém
para lhe alimentar.
" Curiosa "
Quando acordei
já te encontrei de olhos abertos
me espiando...
Curiosidade a tua!
querias ver com certeza como eu sou
sonhando contigo!
