Poesia
Sorriso
Sorriso pinta a tua dor
Da cor que se desejar
É ofertar com uma flor
O triste pra se alegrar
Sorriso abrevia o vazio
Se nada mais restar
Sorria um mirar macio
Aprazendo o alheio olhar
Sorriso traz à vida luz
E aos dias só encanto
Sorria para a sua cruz
Sorria pro seu pranto
E assim sorrindo, amar
Num teatro fulgente
A maioria irá pensar
Que és um ser contente
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Abril, 2016 – cerrado goiano
Outono no cerrado
Cerrado. Ao horizonte escancarado. Escancaro o olhar
Sob o céu acinzentado, admirado chão de cascalho calçado
O vento rodopiando, a poeira empoeirando a anuviar
O minguado frio sequioso outono dos planos do cerrado
As folhas bailam, rodam, caiem em seu leito ressequido
A chuva se esconde, onde o céu não pode chegar
Os sulcados arranham e ondulam o ar emurchecido
Do desconforto calado entre os cipós e galhos a uivar
Olho o céu purpúreo desenhar o frio chegando ao porto
Os arbustos rodeados de cascalhos num único flanco
Rangendo o outono no amarelado e árido cerrado torto
Num verdadeiro espetáculo de pluralidade saltimbanco
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
28/04/2016, 14'25" – cerrado goiano
Além
Para além do tempo, a quimera
Para além da era, o amor
Para além da dor, a lágrima
Para além das palavras, porfia
Para além da vida, a glória
No epílogo da alma em poesia...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Maio de 2017 – cerrado goiano
amor,dor, odio e rancor
todos querem brilhar
nas mais bonitas primaveras
muitos fogem do ódio
do inverno
todos querem ser felizes
poucos são os que aceitam suas dores
poucos não sente rancor
muitos fingem que não sentem
todos esses sentimentos
florescem nos jardins mais belos
todos eles morrem no inferno
ou no passar do inverno
quem diz que nunca os sentiu
assim como cristo disse
quem nuca sentiu
que atire a primeira pedra
Era você que rondava em meus sonhos,
tentando capturar um coração vazio
e ali ficar ouvindo seu ritmo descompassado
na melodia do viver por viver?
Era você, qual sombra silenciosa,
que seguia meus passos solitários nas veredas,
onde desviando de buracos mantive o rumo?
Era você a inspiração que surgia de repente,
levando-me a canção de todo dia,
onde além da existência, timbrei a alma,
fazendo acordes e coros inimagináveis?
Era você, sem dúvida, que com palavras doces,
sussurrava aos meus ouvidos com o vento,
trazendo mensagens sutis a desvendar
Você que do nada apareceu,
tornou - se cada vez mais presente,
cativando e se fazendo amar,
nesse tempo espaço,
onde um coração, o meu,
já se tornara peregrino
num deserto de si mesmo,
consolado, sem nada pedir
Mas, se sempre foi você,
um sonho perdido entre sombras,
revelando-se aos poucos
e apenas isso eu sei,
é por você que agora,
todos os dias renasço !
Neusa Marilda Mucci
Outono de um tempo qualquer
Há pessoas que nos faz confirmar que tudo nesta vida nos acontece por uma razão.
Nós aproximamos mais daquilo que somos e do que queremos para sermos mais felizes.
Percebemos que somos os resultados das nossas escolhas e o resto se torna apenas resto.
E quando achamos que estamos mais longe de tudo é que a vida nos mostra que precisamos estar cada vez mais perto de nós. Simples assim.
não perca a cabeça
tentando desesperadamente
achar um jeito de se salvar
quando você para de debater
é que começa a flutuar
era como um daqueles quadros que
te fazem querer chorar
minha mão na sua coxa esquerda
a sua mão sobra a minha
o carro subindo a rua
como se o destino fosse a lua
O coração ... a pulsar
O brilho... de um olhar
O encontro... e o despertar
O beijo... e o calar
O destino ... e a direção
A vida... e uma paixão
Pequenos Versos de Alice Raposo
era pra ser o que não foi.
e os sorrisos,
como meras maquiagens.
das quais estranhamente
mascaravam toda tristeza embutida.
"O mar me faz amar, amar o azul do mar
Azul que me faz lembrar, lembrar de teu olhar
É uma pena não te amar, mas continuo amando o mar."
" Eu quero a paz e você sorrindo
acima de tudo, filhos felizes
casas abençoadas
eu quero a alegria de viver
estampada em todos os rostos
porque assim será mais fácil observar a fumaça das chaminés
e os encantos que nelas existem
perto das noites frias do natal
eu quero o impossível
sabe por quê?
apenas porque sei que não sou o único sonhador...
" Porém nem todos que gritam, serão ouvidos
há uma fé extraordinária,arquitetada
o universo ruge
diante do coloquio dos deuses
somos fãs da vida, querida, amada
até que o fim acorde nossas almas para o futuro
num beijo que reinicie tudo
ou até que um filho justifique
o enfim casados
para sempre...
" O sistema impõe
e a gente "ficamos" calados
o sistema, novamente impõe
e o silêncio é geral
o sistema é cruel...
tem dias que recuso a vida adulta,
mas tem dias que é inevitável não aceitá-la.
exagerado.
de dia em dia me refaço,
me reparto.
dor, mas glória.
QUADRAGÉSIMO QUINTO HEXÁSTICO
Toda imanência recrudesce
ao sentir a vida em potência
caos sagrado e profano nasce
no Sujeito-poema acontece
faz-se desejo de existência
no eterno retorno da mente
Disse-te que nasci um só
E que morri vários?
Ou nada te disse sobre
O desdobrar-se de mim,
Nesta teia de seres
Que cada dia cresce,
Sufocando o ser
Original que fui?
Que seres são esses
Que se agregaram a mim,
Imitando meus gestos
E minha voz, qual
Herdeiro de esquecidas
Memórias? Disse-te
Que hoje sou tantos
Que nem mais reconheço
Minha face envelhecida
Meu signo particular?
Quem sabe, nada te disse.
Não sei falar sobre o que
Desconheço. Mas posso sentir
Que alguns de mim
Estão morrendo. Outros
Tantos de mim se
Despregam dos contraditórios
Labirintos de mim mesmo.
Não sei onde começo,
Nem onde acabo. E outra
Dúvida se acrescenta:
Quando eu morrer
Qual dos meus eus estará
Sendo enterrado comigo?
E os outros, os que não me
Seguirem, continuarão
Vagando por ai, continuando
A expor o meu tormento?
Se eu te disse que nasci
Um só e que morri
Vários, foi porque o dom
Da vida se dispersou
Em mim, fazendo de um
Só poeta possível, um
Deserto permeado. Só os
Veros poetas nascem vários
E morrem um só, Eupalinos!
O livro-arbítrio
Morreu. Batem à porta.
— É o destino. Seja,
Ou o nome que os fados
Tenham. É inadiável,
Intransferível.
Confesso que estou cansado.
Sobretudo, de mim mesmo.
Se o telefone tocar digam
Que não estou. Quero ficar
Sozinho. Nem quero saber
O que se passa no mundo.
Até a fé na vida perdi.
Não me suporto mais.
Este conflito já dura
Demais entre eu e
Mim mesmo. Vejo
Que vivi uma vida de sonho
Num mundo de cães.
E se me observo melhor,
Percebo que estou latindo.
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