Poemas Vinicius de Moraes Patria minha
Ricardo Cabús
"(...)nem botões há em minha camisa amarfanhada
Para afagar a solidão."
(Amarfanhado - Cacos Inconexos)
Aquele sonho.
Lá estava eu perambulando, em meio aos meus sonhos, ou seria minha realidade, tudo parecia perfeito, até que desperto minha consciência levanto atordoado e vou em direção a geladeira no silencio da madrugada, pego a água e o copo é volto a pensar naquele sonho que tiver, tento desvendar qual seria o seu significado ou razão pela qual sonhei, tomei a água observando o copo ficar seco lentamente gole após gole, volto a deitar-me olho para o teto vejo as telhas, fecho meus olhos e me entrego ao sono novamente na busca de encontrar aquele sonho.
Frio
Frio
Adivinha minha alma
Percorra
Sinta
Perceba
A saudade
Frio
Fale
Amargue
Congele
Apague
Tudo
Frio
Endureça
A minha vontade
Congele
Meus dedos
Vire pedra
Para que
Eu nunca
Atire no destino
A quem interessar
Congelou
Minha alma
Frio
Abrace-me
Necrose
Apodreça
Para que nada aconteça
Frio
Não me leve
Não me enterre
Não me deixe
Quero
Arrepiar
Não só de frio
Mas de
Clamor
De um frio absoluto
De amar.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Poesia
Aaah poesia
ela é minha fuga
é eu grito
é minha amiga
meu riso
Me anestesia
nela devaneio sem medo
de heresia
de que me apontem o dedo
Aaah poesia
abro a gaiola e solto
esparramo sobre a mesa vazia
e me preencho de poesia
Poesia tem me dado vida
em tempos de pandemia
tem sido minha aliada
diante de tanta hipocrisia
Que nunca me falte a poesia...
Da Janela
Meu coração anda junto ao seu
Minha boca
Colada à sua
Meu corpo
Entrelaçado ao seu
Meu coração
Este descompasso
Mas neste
Compasso
Desta dança
Anda junto ao seu
Minha oração
Abraça teu
Coração
Abençoa nossa
Devoção
E meu coração
Anda junto
Ao teu
Meu coração
É meu
Teu coração
É teu
Mas meu coração
Anda junto
Ao seu
Somos dois
Em um só coração
O que é direito
E que é esquerdo
Meu coração
Anda junto
Ao seu
O leste
À esquerda
Meu coração abraça o seu coração.
minha oração
Suplicando perdão
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
O canto triste e melancólico
da sabiá-laranjeira
que reside aqui em frente,
invade minha solidão.
Formamos um belo par de solitários,
ambos fora de tom:
ela, com seu canto,
lamenta o amor que se foi,
eu, em meu canto,
lamento o amor que não veio.
Você não sabe o que se passa na minha cabeça
Você não sabe o que eu planejo para amanhã
Quando a mudança vai ser feita
Quando eu pretendo acabar com esse meu eu e me refazer
Eu jamais vou ti contar…
Machucar e ser machucado nunca pareceu tão divertido
Rir quando você sente dor
Não me torna mais forte
Apenas apaixonado por isso.
Um dia eu amei você
Um dia seu sorriso iluminou meu dia
Um dia sua voz foi canção à minha Alma
Um dia eu desejei estar ao seu lado
Um dia...
Bastou um dia e tudo passou
Hoje em dia, os dias de espera não passam de lembranças dos antigos dias.
Minha vizinha Eulália é tão bonita,
tão de todas as coisas deliciosa,
que o marido perdeu toda a esperança
de ser o artilheiro do seu time.
LA
Só Uma Ideia
A ideia que faço de Deus
é só uma ideia minha de Deus —
não tem nada a ver com Deus,
só como O sinto
no que eu penso que Ele seja.
Uma ideia que muda
conforme mudo em mim —
conforme me supero
e me transcendo —
uma ideia sempre
com novidade de vida —
uma ideia diferente,
a cada tempo diferente,
tão diferente
que sempre Deus e eu
nunca somos os mesmos —
mas nunca nos apartamos
nem deixamos de nos amar.
LA
Saudades, minha Nega,
dos nossos espirros de alcova
e das minhas corizas
das tardes de domingo!...
LA
Vem, deita no meu colo
Por eles eu oro
Mas voce é a resposta da minha oração
E é com você que hoje eu quero viver
Juntos vamos vencer
E ouvir nossa historia em uma canção
Deixa de lado o celular
Eu ja provei mais de mil vezes
Por vc eu escolhi ficar
Eu escolho ficar
Vou escolher ficar
sempre me diziam que nessa terra era estrangeiro
mais, o motivo dessas palavras não me diziam
minha carne vale menos que o espirito
era isso que sempre proferiam.
mais hoje eu entendo do porque me chamarem de estrangeiro
pois, mesmo que eu não queira acreditar
não me considero, mais humano, desde meu nascimento
apenas espero desse corpo putrifico me livrar.
mas e claro, escolhi me afastar, me isolar
pois só assim pude perceber
que errado eu não estava
mais sim que esse mundo que venho a me degradar
por isso, vos digo não aceitei nada desde mundo
pois tudo que há nele e passageiro
tanto, que daqui a alguns anos eu como muitos serei esquecido
não imensidão de um buraco escuro
onde eu verei aqueles que comigo foram pelo tempo esquecido
um lugar sem cor,luz,escuridão apenas o vazio
que no passado me perseguia atolado no meu coração
este lugar que só a alma pode chegar ,no centro do espirito
Noites acordadas
Memórias recordadas
Lembro sempre na madrugada
Dos momentos com a minha amada
Em meus sonhos estás presente
Mesmo após ter ido embora
Não consigo te esquecer
por mais que eu tente
Em meu coração você ainda mora
As loucas
Jesus manso e humilde de coração
Fazei a minha essência semelhante à sua
Todas ficaram loucas
E fico a observá-las
Cuspirem sua demência
Mita tinha depressão
Comprava
E acumulava o mundo às prestações
Sofria nostalgia de aquisições
Férula eriçou os cabelos
Seus olhos mancharam de vermelho
Conseguia mastigar e digerir ódio
De sua boca proferiam palavras fétidas
Assia vagava pelo quintal
Blasfemando a chuva
Costurava vestidos com os dentes
Perdeu todas as joias
Ficou banguela
Procurando amores
De favela
Meu Deus
Tenho tanto medo
Fazei meu coração semelhante ao seu
Átia vivia de comichão
Seu cerne brotou na pele
Vivia de olhos apagados
Cabelos opacos
Feridas e pruridos
Cascas
Manchas e desilusão
Filha de Maria
Também ficou louca
Veste-se como santa
E diz que espanta o diabo
Jesus abrande meu coração
Tenho receio
Das alucinadas
Geórgia sabia amar
E enlouqueceu
Citava cacos de versos
Nas esquinas
Envelhecera com flores nos cabelos
Destrancava a casa à noite
Esperando fantasmas amantes
Ave Maria
Misericórdia
Todas ficaram loucas
Onde percorreram seus olhos?
Do que se embebedaram?
Quais sementes ingeriram?
Que germinaram loucas
Futuro presente
A semente
que pois em minha mente
Mentiu sobre a gente
pouco a frente
A lente que transcende ao recente
em prol do existente
Via o risonho roer do seus dentes
Ao me ver em sua frente
PROIBIDO E FASCINANTE
Você é musa da minha inspiração
A poesia é uma viagem gostosa
Que eu gosto de ter nela me realizo
Quando sinto adentrar no íntimo
E inevitável controlar as reações
Os desejos ficam desenfreados
Quem nunca se pegou imaginando
Algo totalmente proibido e fascinante
E não deixou a adrenalina consumir a alma
Para se libertar de todas as amarras
Um forma de se vê livre das frustrações
Ter o gostinho a sensação de calor
Sentir na pele o arrepio do toque
E se entregar a magia de ser amada.
O tempo me viu,
Ele me disse “onde você vai?”.
Vou quebrar minhas pernas,
Retratar minha preguiça.
Me afogar nas mentiras,
Tirar-me-ei a dignidade,
Tempo em excesso, preguiça em excesso,
Me perdoe doce tempo.
Não fujas de mim,
Eu vou te reconquistar,
Eu vou lamentar sua partida,
Eu te darei o devido valor.
O divórcio da música e da poesia
Fui privilegiada
passei minha adolescência
nos anos oitenta e fui contagiada
Tive como meus pais
a música e a poesia
o casal mais perfeito que já conheci
e por anos me tocou os sentidos
principalmente os ouvidos
embalou meus momentos
fez parte da minha história
e conquistou meu coração
mas infelizmente de uns anos pra cá
não estavam mais em harmonia
e a falta de cultura detonou esse casamento
e também a falta de respeito
mas eu tenho comigo seus filhos; meus irmãos
os músicos e poetas
e o álbum de casamento
ficou-nos de herança
e eu levo com carinho
ensinando aos meus filhos e sobrinhos
as boas lembranças que sobraram
desse intenso casamento.
Medo
Tenho medo das vozes em minha mente
não é esquizofrenia,
uma vez que tomo as medicações regularmente
são meus pensamentos agitados, epifania...
Aumenta o medo quando estou sozinha
as vozes gritam, são pensamentos em euforia
quero silencia-los, mas não consigo,
oro a Deus, e vem uma leve calmaria
Pego papel e lápis, coloco-me a escrever
escrevo cada grito agora entendido
junto com os sentimentos a ferver
e me acalmo, agora tudo difundido
Coloco no papel todo o medo
transformando-o em poesia
cada voz eu arremedo
escrevendo tudo em meu caderno.
E no fim me sinto exausta
e o sono vêm;
venci essa guerra justa
afinal novas poesias me convêm.
