Poemas sobre Saudade de grandes Poetas
ABANDONO
Talvez, tudo, já ti tenhas esquecido
A saudade já não é mais frondosa
Em uma parte do passado, a rosa
E os ternos suspiros já sem sentido
Perdeu-se aquela forma carinhosa
Pois, agora, um vazio enternecido
Aquele palavreado a nós divertido
Se calou, o que já foi a boa prosa
Do olhar, apenas, breve recordar
Da rizada, dos gracejos, um dia
Cá na ilusão, o apesar, contudo
Só, errante, a poesia a murmurar
Sob o céu do cerrado, penosa via
Passado, deves ter esquecido tudo!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 de abril, 2022, 11’38” – Araguari, MG
PRELÚDIO
Estes versos que faço estão dispersos
Em uma saudade que me faz perdido
Tal um bardo com versos sem sentido
De sentimentos duramente perversos
E a intensidade de afeto encandecido
No olhar, agora, vazios, e tão reversos
No acaso vil, fadados a findar imersos
No silêncio... de um poetizar repartido
Versos sem poética, sem a singeleza
De um toque, do cheiro, e da certeza
Do ter mais. Um prelúdio enfadonho!
Falte tudo ao aconchego, a inspiração
Mas, me reste a sensação da emoção
Da paixão na poesia, cheia de sonho!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
23 de maio, 2022, 04’39” – Araguari, MG
SONETO SENTIDO
Eu te poeto, todavia, porque és, ainda
O bem querer, a saudade, a poética face
A ternura, a doçura, o desejo que nasce
Um ardor na sensação que nunca finda
Eu te poeto a paixão, que é bem vinda
Num canto, no doce verso, no repasse
De amor, te daria o sonho que sonhasse
Em um soneto com aquela emoção linda
Te daria, mas, ah o “mas”, ó meu Deus!
Pouco tenho, os mandos não são meus
E, cá nos versos uma inspiração sentida
Sem encanto, magia, prosa sem beleza
Vertidas na poesia em tons de tristeza
Tal qual, em um bilhete da despedida!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
26 de maio, 2022, 16’17” – Araguari, MG
DESMEDIDA
Quem diz que da saudade é indiferente
Mente, ou simplesmente é um fingidor
Pois, não se mede a quantidade de dor
A quem duma privação, privação sente
Quem suspira, aquele suspiro de amor
Se de uma falta a sede não é suficiente
É porque do vazio, é vazio inteiramente
Sem valor. Ou, apenas, de pouco ardor
Não há um sentimento pela metade
Nem cinquenta por cento de saudade
Se tem ou não tem... - é desmedida!
E quando a nostalgia chora profundo
Deixando o pensamento moribundo
Em vão, tudo é sem sentido, sem vida!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
08 junho, 2022, 14’20” – Araguari, MG
AI SAUDADE
Trovo está saudade que habita o peito
Aninhando suspiros e um vazio intenso
Que se agiganta quando na falta penso
Pensando em ti, ó sentimento estreito
Que deixa os meus versos sem proveito
E o meu versejar sem aquele consenso
Denso... em um soneto penoso e tenso
Que sufoca o pensamento quando deito
Saudade com insônia e sem inspiração
Que esmaga e estraçalha a imaginação
Ah, és cruel e de sussurro tão tristonho
Ai saudade! Ai! sem dispensa me invade
Me arde no amor “a ferra”, sem piedade
Num ritual de aflição no poético sonho...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28 junho, 2022, 19´50” – Araguari, MG
QUESITO
Por que será que a saudade não tem pena
Do coração, dos suspiros? Devorando tudo
Com o seu apetite insensível e tão sanhudo
Pondo a alma da gente aviltada e pequena
Tudo frio, de um sentimento tão vão, rudo
Onde a sensação para aquele aperto acena
Uma infinidade de emoção, selvagem cena
Ó saudade, donde vem teu tosco conteúdo?
Dói, está tão dura sorte que no peito chora
Por que será? Pois, a tudo e a todos devora
Sem pena, deixando no ser aquela saudade
Ah! Saudade! Saudade! Bárbara e faminta
Do teu sentir a vida se torna crua e absinta
Por que apego se bastaria pouca intimidade?
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29 junho, 2022, 06´44” – Araguari, MG
SAUDADE SUPREMA
Silêncio, tarar, ideia envolta na solidão, murmura
Nos versos sussurrantes do meu versejar sombrio
Eu, agoniado, privado, numa poética de amargura
Velo a minha angústia com cântico insosso e frio
De onde? quem? Essa sensação de uma clausura
E está dor, um acaso demente, um talvez doentio
Que deixa meu sabor com aquela amarga doçura
Apertando o peito, e a emoção sem o suave feitio
E vai a madrugada a meio, nostálgica, importuna
Nos rogos de minh’alma, e tão repleto de lacuna
Divagando falta no pesar de outrora, triste tema!
E eu quisera, outro ponto, nesta pontual sofrência
Na aflição de cada rima ter aquela muita existência
Na suprema ausência de uma saudade suprema! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30, julho de 2022, 03’23’ – Araguari, MG
SONETO DA SAUDADE
Saudade – o olhar do outrora andando
e o pranto, uma lágrima na lembrança
deslizando. Saudade! os dias de criança
cantigas de ninar e de roda: cantando!
Noites, até às 10 horas, na vizinhança
a meninada, na diversão, em bando
na chuvada, muito mais que amando
saudade ingênua de dias de pujança
Saudade – asa da dor no sentimento
Recordações vans do tempo ao vento
Ai! dantes no pensamento em guerra
Saudade – “o que fica do que não ficou”
a velha mocidade, que hoje já passou...
O apito da “Mogiana” da minha terra!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/09/2020, 10’07” – Triângulo Mineiro
INFORTUNO
Falas de solidão, eu ouço tudo e calo
Ó saudade! Rude e regateira caipira
É. E é por isto que o vazio me imbuíra
A alma, no silêncio, infortuno vassalo
Viver! Quando virei por ter intervalo
Entre a dor e o sofrer que não espira
No tempo, e me põe nesta mentira
Da esperança dum amor para amá-lo
Pois é agridoce sentimento sagrado
Que leva a noite insone no cerrado
Messalina sensação, refutado fulcro
Falas de amor, e eu me desalento
Paixão na minha sorte é tormento
Intento para eu levar pro sepulcro
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/09/2020, 13’43” – Triângulo Mineiro
MÁS SORTES
Minha saudade é uma casa abandonada
por cujos solitários e vastos corredores
volteia o silêncio por toda madrugada
das lembranças e questões dos amores
Certa vez a essa estada mal ajambrada
varrendo o ar pesado e seus horrores
adentraste sorrateira quimera alada
num devaneio aos desejos pecadores
E, então, tão cruento e insistente
querer um afeto cheio de poesia
nessas incertezas, só perguntas!
Ah! o vazio no carma eternamente
na desilusão da paixão erma e fria
a verdade de más sortes conjuntas!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
10/09/2020, 04’47” – Triângulo Mineiro
Ó SAUDADE QUE PASSAIS
Ó saudade que passais, ao sol poente
Pela estrada da lembrança, a suspirar
E na solidão vais em uma vertente
Sugerindo o aperto pra nos sufocar
Deixai-me, aqui, assim, indiferente
O sol que tomba, notando o pesar
O mesmo que já declinou contente:
- na graça, no vinho, no alvo luar...
Deixai! Deixai ir com as cantigas
Do entardecer, as dores sem fim
E contigo todas as ilusões antigas
Que eu quero dormir no descanso
Com anso, calmo e que nada digas
Adormecer num voo leve e manso
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
13/10/2020, 18’00” – Triângulo Mineiro
RIMAR DUMA SAUDADE
Teve um tempo que mandava
Nas poesias que eu escrevia
Cada versar uma companhia
E em cada linha festa bordava
Com emoção, assim, andava
Nas mãos a imaginação ia
E em toda a obra que fazia
A ventura, ao lado, ajudava
Pobre a poesia, sem aquarela
Sem fantasia, um dia tão bela
E hoje, pedinte de qualidade
E, no amor, sem substância
Sobre o vazio da distância...
Só o rimar duma saudade!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
18/10/2020, 09’29” – Triângulo Mineiro
HORAS DE SAUDADE
Vou de avivo no repouso, descontente
E travas lágrimas nos olhos a prantear
Ah! quanta avarenta emoção a suspirar
Ah! quanto silêncio no sertão poente
A hora no horizonte é vagar cadente
Um adeus, sem acabar e a se quebrar
Um vazio apertando a alma no pesar
E uma solidão que fala com a gente
A escuridão, e um nó na garganta
Um feitiço que no amargor canta
Cravando a sensação pela metade
Tristura, e uma trova sem medida
Querendo versar, e na dor sentida
Redigem as horas duma saudade!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05/11/2020, 12’07” – Araguari, MG
EM SUMA
Assim como vos vejo na saudade
distante, devoluto, assim me veja
despido de tudo, e assim esteja
sem haver em nós mais vontade
Que, pois eu fui o que na verdade
espirou nu na solidão, e nu seja
qualquer sentimento de peleja
pois, não se agrada pela metade
Quiseste vós, e assim, ter partido
sendo vós o amor meu, eu vosso
o devanear que me faz esquecer
Que, pois por vós tenho padecido
e último trovar esse de vós, posso
crer... O adeus a vós, é mais viver!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
08/11/2020, 14’24” – Triângulo Mineiro
AMOR COM AMOR
Amor que tanto amei, amor que sofre tanto
Saudade no sentir, sentir de suspiro amoroso
A quem lacrimejas, a quem? O pranto choroso!
Um cheiro extraviado? Um perdido encanto?
Ó herege ilusão, que o fado toma de espanto
Cobiçais a sofrência e dor no que já foi gozo?
Deixando a solidão em um delirar tenebroso
Onde o haver tornou-se um algum portanto
Amor, seja qual for este tal juízo profundo
Das pérolas do desengano, pesado rosário
Pois, tudo passa, e tudo passa no segundo
Então, erguei a alma num doce santuário
De emoção, na aurora do sonhado mundo
Fruir amor com amor no ditoso itinerário
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/11/2020, 09’44” – Triângulo Mineiro
Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós.
Fica a saudade, e nossas orações em um monólogo de fé. Que se
torna um diálogo com Deus.
Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Triângulo Mineiro, novembro de 2020
A UMA SAUDADE
Entre as custosas saudades, pobrezinha
Que eu velo, no sentimento, uma existi
Que dói, corrói, inquieta, deveras triste
Que suspira quando a solidão avizinha
E nesta sorte da sensação tão sozinha
Uma carência na poética ainda insiste
Que no trovejar um desalento persiste
De tu, paixão, que não mais convinha
Sabe a lembrança velha abandonada
Que espanca, que não mais acontece
E ainda atucana na emoção acordada
E assim para, a olhar com nostalgia
Faminta de saudade, tal se quisesse
Tê-la vivente na ruminada poesia!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/12/2020, 15’17” – Triângulo Mineiro
Página Virada
O tempo é veloz
É folha de outono amassada
É saudade num retrós
Fazendo da alma amarrotada
Ah! Poema de nostalgia
Com rimas em preto e branco
Que dói no peito sem serventia
O fado com crueldade e tão franco
Sim, quer me enganar com ilusão
Escondendo a vil realidade
Do poeta que fantasia a emoção
Bordando sonhos e felicidade
Nada sobrevive sem quimera
Nem tão pouco o amado ou amada
São flores sem validade na primavera
Oh! Tempo. Na desilusão, página virada...
(Não se pode ao sentimento esconder,
o meu amor não existe sem você)
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
03/01/2015, 22’18” - Cerrado goiano
INTERVALO
Te digo que da saudade que tenho
Toda a agonia para assim trovar-te
Entendas, então, foi só por ama-te
Que neste soneto chorar-te venho
Agora é só o suspiro que detenho
O afeto não é mais doce encarte
No coração, apenas parte a parte
Dum vazio que no olhar contenho
Noutro tempo era muita fantasia
Desfez em engano solto ao vento
Escorrendo pela sofrente poesia
Dor, também, doeu no sentimento
Provando do amor puro de magia...
Aí, notei que não era teu momento
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/01/2021, 13’33” - Triângulo Mineiro
BÁLSAMO ...
Trovar-te a saudade! Saber-te ainda cativo
Eis a maior das poéticas que assim fizesse
Causadas do coração, hoje rude e aflitivo
E acalmar-me o peito e as mãos em prece
Trovar-te o cheiro! Um linguajar intrusivo
Da sensação, que a ilusão no amor oferece
E que pulsa forte o lampejo de novo vivo
Onde a lembrança afoita ainda permanece
De meus insanos ensaios a sedução pura
Desejar ter-te, outra vez, quanta ventura!
Teu olhar num beijo, o carinho prolongado
E compor um canto que simplesmente
Te diga nos versos, versos ternamente
De emoção! .... confortado ao seu lado!...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/01/2021, 08’30” – Triângulo Mineiro
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