Poemas Lya Luft fim de Semana
ouça antes que eu vá
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“Me leve para o telhado” foi a última coisa que pedi a você, eu só queria ver o mundo mais uma vez, antes que o ar abandonasse meus pulmões. Tu sempre soube que eu amava ver o azul do céu se tornando cada vez mais escuro. Queria ouvir as coisas que só você sabe dizer, vamos “Diga-me que o amor é infinito”. Não seja tão pretensioso, mesmo que te queira aqui, sei que vai me deixar, como sempre faz.
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Mas se precisar de mim, se ainda quiser me ver mais uma vez, por favor, é melhor se apressar. Já arrumei tudo, pois em breve irei embora. Não se culpe, não há como me salvar agora, nem eu sei como fazer isso. Estou aqui no telhado, olhando o céu sozinha, sem outra saída a não ser cair.
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Conheço bem o gosto dessas lágrimas que molham minhas bochechas, “é isso que uma dor de cabeça de um ano faz com uma pessoa”. Não estou no meu melhor momento, me sinto fora de mim a maior parte do tempo. Evite dizer que eu sou tudo que importa quando você vai me deixar sozinha no telhado, já vi isso antes. Se for falar algo, apenas diga a todos que sentirei saudades, que os amo, mas já arrumei todas as minhas coisas. Escute isso enquanto estou caindo, ouça isso antes que eu vá.
FIM DA PRIMAVERA
Foi num alvor assim. Sussurrava o vento
E o meu coração apático sentia a aragem
No céu carmesim, do raiar em nascimento
O sol lumiava a manhã, tão bela imagem
Desfolhava o odor do jardim, doce alento
A derradeira rosa, aparatava a paisagem
Na aurora do cerrado, lustroso momento
E o meu pensamento em ilusória tiragem
E eu, sonhando, ali sonhava pela metade
Duma saudade sentida, o sentir saudade
E tendo junto de mim o amor em espera
E as flores derradeiras, no espaço solto
Num murmurar, tu disseste: vou e volto
E não voltaste! Foste com a primavera!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/10/2021, 06’01” – Araguari, MG
Eu quero sair dessa mente chata
Talvez só seja minha culpa
De sempre de falar demais e no fim nada muda
Não acabou, espalharam por aí
Que já terminou e que era o teu fim
Mas não terminou
Se enganou quem pensou
Que a história findou, se equivocou
O TEMPO
Refletir sobre esse simples substantivo é pensar sobre toda à vida pretérita e futura.
O tempo representa várias coisas, mas, principalmente o início do meio que resultará no fim.
O início de algo que começa para terminar, parece estranho né? Mas é real!
Não trato isso de forma negativa, outrossim como um ciclo da vida, algo natural.
Viver é ter o tempo na sua forma regressiva, é saber que não será eterno e que tudo passa.
Não faça pouco caso do tempo, visto que um dia lhe faltará.
Será algo muito valioso.
Meu amor
Então você voltou
Desde o começo
Que esse romance é um filme sem fim
Sabe as pessoas que vivem com a gente? Sabe?
As que constroem pontes, desenvolvem meios, dão a volta ao mundo se for preciso?
Elas não nos causam ansiedade.
E tem quem nem dê espaço para sonhar. Experimente diminuir seus sonhos por alguém para ver o surto.
Nunca compensa.
Não pedirei mais permissões,
nem tampouco evitarei sentir
as trevas de minha sina.
Sofrerei com a tua partida,
e chorarei o pranto da criança que sou.
As vezes nos acostumarmos com algo que não nós faz felizes, e nos enganamos pensando que achamos a verdadeira felicidade, e que seremos felizes
Mas o que nós cerca e a chamada ilusão
Quando voltamos para realidade
Vermos os estragos dessa tempestade
A água cobria nossa casa e o medo nós proibia de nadar..
Em tão ficamos em moveis no mesmo lugar
Quando o sol se ponhe e conseguirmos
Nós libertar vermos que precisamos
Reconstruir, e deixar tudo que a tempestade conseguiu destruir, mesmo que seja algo que por um momento nós trouxe um sentimento "feliz"
Se essa felicidade acabou não era verdadeira, era apenas uma ilusão
Chegou a hora de buscar algo que sempre sonhou, mas com a chuva teve medo de buscar! agora o sol se pós chegou a hora de se iluminar"
EXPERIÊNCIA DO FIM
Salgadinho, refrigerante e presente do amigo oculto... era assim que terminava todos os anos na escola. Era muito gostoso saber q no próximo dia eu e ja estava de férias e talvez melhor ainda, um tempo depois, aguardar ansiosamente pela próxima turma que entraria.
Esse era o meu ciclo por anos. Quando terminou o ensino médio um ciclo diferente se estabeleceu e lá novamente as mesmas sensações. Só mudava a situação mas a vontade em seguir era a mesma.
Eu sempre pensei sobre isso, sobre os ciclos que fazem nós gerarmos forças de vontade e seguirmos, porém as experiências sobre o "fim" de algo que tive, até hoje, eram sequênciais para um outro fator, por consequência se seguia.
Enfim, nunca realmente terminava, apenas começava algo diferente.
Envelhecer e estar perto do Fim sem nao se seguir mais ciclos deve ser uma experiência totalmente diferente das anteriores. Este fim é sua assinatura e achamos que ela deve ser bem estabelecida.
Quando ficar velho quero colocar mais dois pontinhos no Ponto Final e transforma-lo em Reticências. Quero tentar me sentir como eu era quando criança na escola, esperando acabar para poder começar novamente.
Fim de um Ciclo.
Eu escrevi, escrevi uma última carta para meu falecido primeiro amor.
Escrevi as coisas mais belas e necessárias para se encerrar meu ciclo de dor.
Deixarei a nós no passado mas sei que carregarei para sempre você em meu peito afagador.
O passado se foi, o ciclo se encerrou, não houve culpa, houve erros, aprendemos com ele e assim seguirei em um novo destino inspirador.
Sobre Luz e Sombras
"Altruísta, a luz prefere a sutileza de iluminar constantemente o ambiente todo, ao glamour de ser por alguns momentos um foco inconstante que pode ser apagado ou desligado a qualquer momento."
Kate Salomão
LIBERTE-SE
Os últimos resquícios de luz solar se tornaram memórias
Um vento seco deixava beijos ásperos na minha pele sussurrando pesos e histórias
Nuvens escuras se reuniam pesando o azul escuro do firmamento
O mundo se recolhia em cândida letargia e inócuo lamento
As paredes enquadravam um mundo de sentimentos que já não me cabia
Os móveis cantavam em tons roucos que eu não me permitia
Eram marcas de eras douradas que a ferrugem corroeu
Melodias encantadas de um sonho que a realidade varreu
O silêncio gritava como testemunha pungente de todas as risadas que ouviu
A quietude tinha o gosto de beijos e cheirava como cada gota de perfume que caiu
Tudo e nada se envolviam em um mundo amorfo e sinfônico
Cantado por um casal de desconhecido em um tom anacrônico
Em meio a balbúrdia ouvi um riso que não fazia parte daquele final
Procurei sua fonte, incerto de querer descobrir, e cheguei a um estranho vitral
Havia luzes amareladas forçando entrada e lançando luz no meu chão
Caminhei penosamente mas cheguei até lá e tive a mais bela surpresa, o mundo ainda brilhava ao alcance da minha mão
Não queriam me deixar, me prendiam em fios ásperos de memórias e sonhos que não vão mais servir
Mas eu deveria partir, em algum momento todos devemos ir
As ruas estavam iluminadas e uma música qualquer soava por uma janela aberta
Caminhei, corri, voei sem me preocupar com rumo ou direção certa
Não era um lugar qualquer, era meu mundo de trilhas enlameadas e preciosas escolhas
E não era apenas uma vida, era minha vida que brilhava no redemoinho daquelas pálidas folhas
Era eu como queria e escolhia ser enquanto dançava e chorava sob o sol nascente
Eu era passado, futuro, amores e dores, a essência de tudo cozido no coração de uma estrela cadente.
INVERNO
Suspiros etéreos deixados ao acinzentado do infinito celestial
Passos titubeantes que se unem a sonata lúgubre tocada pelas folhas que caem ao toque invernal
Flocos frios repousam docemente sobre o musgo pálido como um tapete fino
E beijam meu rosto, congelando sensações que desmoronam sem destino
Bóreas canta pelos galhos ressequidos melodias de um mundo já esquecido
Unindo-se à sonata das folhas e ao gorgolejo outonal de tudo que foi perdido
A vida para, se recolhe e almeja por uma luz que parece ilusão
As sombras sobem, pedindo segredos e encantos, enrodilhadas e inacessíveis à canção
O calor se torna raro, áspero, uma fortaleza difícil de alcançar
O frio se estende belo, insensível e absoluto endurecendo o coração e empalidecendo o olhar
Uma beleza magnânima, perigosa e insensível, um leito majestoso para o final
Inverno, dama pálida de toque agudo, algoz derradeiro do que é mortal.
tudoOnada
...e tudo tem a haver com aquele momento
que nem é luz nem sombra
que nem fala nem cala
qual nem ódio ou amor
ou ainda nem chega nem foi
muito mais chora o riso
de ter que a ver
com tudo
com nada
em momentos sem mentes
em sementes germicidas
em fraticidas holocaustos
nem visão
nem audição
audiência sim
com tudo
com nada
tu do não dá
enfim
fim
piu
Como é que se diz isto a alguém?
Diz-me com que olhos te devo falar?
Se com os que tenho,
Ou com os que t’estão a deixar?
Que poções tenho de beber?
Que marés devo navegar
P’ra que possas entender!
Palavras são pedradas!
Perguntas vazias...
Respostas não dadas…
Resvalámos, sem saber
Que a dor é deste tamanho
E não da que devia ser!
Como olhar um olhar caído?
Como pedir que sorrias,
Se sorrir não faz sentido?
Como dizer a um coração,
Que metade de ti nos une,
Mas a outra não!
Como é que se diz isto a alguém?
Como dizer o que não se diz a ninguém?
Que o fim vai começar...
Hoje o céu está cinza, ouso os extrondos tão descompassado quanto meu coração.
Raios, flexes de luz, tal qual meus devaneios.
Subtos pingos frios afagam minha face, escorrem quase que aquecidos e se absorvem em meus lábios, sinto o desnortear é a chuva... ou minhas lagrimas, não sei... tanto o céu cinza quanto meus olhos estão a se molhar mistura agridoce no meu paladar.
Tenho um coração a chorar.
Carta de Despedida
Se vou,
Peço-lhe que deixes.
Não sinto dor,
Nem alegria.
Muito menos, amor.
Se vou,
Peço-lhe que deixes.
Há de existir,
No meu interior,
Um profundo vazio.
Se vou,
Peço-lhe que deixes.
Mas fico,
Se há alguém
Que me salve da vida.
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