Poemas eu To aqui para te Ajudar
Carta a um Amigo
Ah, meu amigo, se eu te dissesse
Nessas boas, nessas preces,
O amor que eu perdi…
Ah, que solidão me bate,
Cada vez que passei aos bares,
Sem sequer dizer por quê.
Ah, que tristezas vêm nas rezas,
Nas vertes, nas sentirezas,
Que passaram sem me ver…
Ah, meu amigo, por que choras?
Se hoje não é hora,
Nem o dia pra sofrer.
Vê o dia como é lindo —
O tempo vem sorrindo,
Sem pedir pra reviver.
Ah, chora agora, meu amigo,
Mas vê que estás comigo,
E não com um qualquer.
Ela já não te quer — então conversas comigo —
E afoga-te nos bares,
E nos pares que mandei.
Estou longe, meu amigo,
Queria estar contigo…
Mas agora não poderei.
Viajei, a trabalho,
Pra longe e no atalho —
Mas no fundo, não viajei.
Sente a solidão que sinto,
Analisa com carinho:
Toda vez que compus,
Havia um pouco de mim contigo,
Num abraço, num vizinho,
Ou num pranto que reluz.
Chorei mesmo, meu amigo,
E embora não esteja certo
De uma união enfim,
Ela sempre vem e chama,
Pede cama, pede drama —
Mas eu nego, pois em mim,
Vejo o sol da esperança
Como a fé de uma criança,
Que renasce por te ver.
Ah, chora agora, meu amigo,
Mas lembra: estás comigo,
E não com uma mulher.
Ela já não te quer — esquece —
E afoga-te nos bares,
E nos pares que mandei.
Ah, que composição bonita,
Essa tal é minha vida,
Que despista o meu amor.
Hoje estou longe, meu amigo,
Mas, embora, eu te ligo —
Você não entendeu…
Ah, que bom estar contigo,
Cada canto, cada abrigo,
Cada livro que compus.
Beira-mar (Poema-canção)
Ah, sofrido beira-mar,
Quem vem sem o eu
Pra amar, se faz o desfaz sem reluz.
Ah, pare de queimar
O meu amor pra me desligar.
Vem do aomirante andar,
Sobre as águas, largar...
Ah, sofrido beira-mar,
Vem de novo me achar,
Pra poder lhe esquecer.
Vai, seguindo aomigrante,
E a lua minguante,
De tanto aguardar...
Você.
Impossível lhe esquecer,
Por mais que tento,
Não dar pra tentar.
Vem, noite brilhante,
Que passou no instante
De cada amor...
Parapararaparaapararararapara
Parapararaparaapararararapara
---
Vem, balançar na minha rede,
Que me mata de sede;
E que é lua minguante,
Dá de ver todo o mundo de cá.
Volta, meu amor, me amar...
Quase todo dia, estou a esperar
Mudes minutos pra mim,
Notas que sou assim,
Pra não ficar.
Amor, ao balançar-me contigo,
Contudo dispostas
A me separar... voltes amiga, colega —
Amiga, poeta, poesia que está no meu coração,
O que falta: a noção do tempo
Que estou sem você...
Tênue Amor
Ah, tênue amor...
Se de amor, só eu senti
É amor,
Lhe deu a flor do jardim,
Que colhi pra pra mim
Mas dei a ti.
Voltes, amiga, colega, companheira.
A lida é passageira,
Mas não há de passar assim —
Nem cá, nem em mim.
Vai... jogue tudo ao ar, amor.
Não me esqueça, por favor,
Ao se deitar na cama.
A cama, amor, é colchão,
Quebra o coração
E me faz viver...
Ah, meu amor, eu digo
Que o silêncio fala mais que muitos
Ah, meu amor, contigo
Carrego toda a imensidão
Vem de me esquentar,
Florescer, florescerá
E que se vem, me andará,
E nos andares pulará
Transcender,
Cantar,
Encantar....
Nos seus olhos a tristeza,
Que de em mim a certeza,
Que consigo andar....
Ah, meu amor, pra quê? Essa tristeza
Em seu corpo há o que reina?
Não há morte,
Nem escuridão no sol
Não há vida,
Nem luz da lua no dia...
Pois, o por da vida,
Clareia mais que a dor
Meu amor...
A inspiração para meus dias, é só mais um dia, poder viver, cantar, querer, desejar e amar.
Eu escrevo poesias no pensar, amo o mundo, amo o véu, o céu e o mar.
E no pensar, eu não consigo imaginar mais um dia sem adivinhar, sem deixar.
Mais logo penso que, com o passar do tempo, poesias novas irão se formar, e com as próprias, novas pessoas irão cantar.
Eu não Te troco por nada
Não há espaço pra mais nada
Todo vazio que havia em mim
Hoje é Sua morada
Filhos...
Serão sarilhos
Cadilhos!?…
Eu sei que não!
São apenas estribilhos
Dos coros afinadinhos
Inspirados, rebeldinhos
Da nossa mais bela canção.
SAUDAÇÃO DE UM BICHO
Nunca eu vos enganei
Ó gentes do meu amar
Porque haveria eu de vos lograr
Se não sei o que sequer serei?
Tal e sempre por bem vos amarei
Com raízes espetadas no coração
Que alimentam como se fosse o pão
Vivo de esperança, ai, eu o hei!
Trago-vos vivos no meu olhar
Aqueço-vos na minha fogueira
Mesmo que ela apague a noite inteira.
É este o bicho homem a saudar
Outros da mesma massa de amassar
O pão da vida ainda por levedar...
Carlos De Castro
Finisterra, 26-05-2022.
O CÃO QUE CANTAVA ÓPERA
Eu já tive um cão
Baixinho como eu que o sou
No destino e na pernada,
Que cantava ópera farsada
Sempre que eu dizia ao serão
Versos de dor a uma fada.
A ópera do meu cão, uivava
Numa voz tão pura de fina
Como alguma jamais encontrada
Em cantares de gente canina.
Tinha um não sei quê de magia
Saída pelos foles da garganta,
Sim, porque um cão triste canta
E encanta
No silêncio da noite vazia.
Um dia de sábado pela manhã fria
O meu cão de ópera já não operou...
Estava rígido, teso, na alcofa
Que ele tinha, meu Deus, tão fofa!...
Nem se despediu de mim
O companheiro amado...
Ele acabou o seu fado
E eu, sozinho assim
Não voltarei a dizer poemas
Porque dão azar e penas!
(Carlos De Castro, in Igreja de Argoncilhe, 22-06-2022)
TANTA PAZ DEITADA FORA
E eu tanto queria tê-la
Absorvê-la
Como moribundo
Das dores do coração
Senti-la como divina graça
Como luz rápida que passa
No instantâneo
Naquela desintoxicação
De a sentir ao bebê-la
Nesta taça de emoção
Ainda que momentâneo.
Escorre a paz em sangue esvaída
Nas sarjetas
Da vida
Com os dejetos que expelem fedegosos
Os poderosos
Pelas bocas e rabos proxenetas.
Tanta paz deitada fora
Pura e tão cristalina
E eu tanto queria tê-la
Agora
Neste coração de má-sina.
(Carlos de Castro, In S. Pedro de Aldriz, 30-06-2022)
SE EU MANDASSE
Oh, se eu mandasse nos tempos
E nas vidas das mentes
Decretava aos quatro ventos
Mesmo que cinzentos
E sem mais lamentos:
Quem for de mente que não mente
Nem demente
Nunca deve morrer depois dos poetas!
Deve partir ao mesmo tempo de todos,
Porque os poetas
Mesmo que anacoretas,
Nasceram para escrever a rodos
Imagens de pinturas primárias
Que animam o mortal
A viver uns tempos mais
Na vida dos arraiais
Porque afinal,
É no sonho de outras vidas planetárias
Que os viventes cantam outras árias
Cantigas, a uma só voz
Por mim, por ti e por nós.
(Carlos De Castro, in Morra A Censura, em 19-07-2022)
PLENA MADRUGADA
No calor tórrido da noite
Dos lençóis suados,
Eu fujo para o pátio velho
Cá fora, em plena madrugada.
Ali, eu oiço a cantiga das corujas
Rabujas,
Vejo as estrelas em rodopios
Bailando para todos os lados,
No reluzir dos pirilampos vadios
Prateados e dourados.
Aspiro aquele alísio vento
Quente mas húmido que refresca
O rosto que arde num tormento
De quentura
E formatura
Vampiresca.
A manhã, apanhou-me a dormir
Na velha cadeira
Muito usada e costumeira,
Minha confidente de anos
De tantos enganos.
Meu Deus, como é bom fugir
Aos lençóis do calor dantesco
Meter os pés ao caminho
E de mansinho,
Pela calada vir
Apanhar o fresco,
Cá fora, em plena madrugada.
(Carlos De Castro, in Poesia num País Sem Censura, em 20-07-2022)
CIGARROS QUE NÃO FUMO
Antes de sair de casa eu disse e redisse:
Até logo, eu volto já
Ao meu lar,
Vou só ali ao quiosque comprar
Cigarros,
Escarros,
De grumo
Que não fumo.
E fui ao quiosque da esquina
Do meu esquinal
E, não me levem a mal:
Foi aí que encontrei
E desejei
Uma mulher pequenina
A vaguear no seu andar sem rumo,
Junto ao quiosque do meu fumo,
Que ficava naquela esquina.
Intestina
Da minha esfumada sina
Que já foi de nicotina,
Mas ao conhecer a pequenina
Deixei tão amarga amarra
O fumo, ao som de uma guitarra.
Farra,
Louca por amar
E nunca,
Nunca
Mais voltei ao meu lar...
(Carlos De Castro, in Poesia num País Sem Censura, em 05-08-2022)
ADORAÇÃO DOENTIA
Como eu te adoro amor sagrado,
Se tu soubesses tanto tanto
Que por vezes eu garanto
O quanto no pranto,
O tenho abafado.
Como náufrago que vai a nado
Com um poema erguido
Na mão cansada, fremido,
Como se carregasse um fado
No fardo às costas sentido.
No destino de dor suprema
Num cântico de heresia
Pão, sopa e vinho, poema
Como eu te amo, minha pena,
Minha louca poesia!
(Carlos De Castro, in Poesia Num País Sem Censura, em 27-08-2022)
I N V E N Ç Ã O
Fui eu que inventei o amor,
Mesmo sem saber se era dor
Aquele ardor que se sente
Logo que se pronuncia
A palavra amor.
Senti-lo, é bem pior
Do que praticá-lo?
Eu sei lá!
Só sei que o amor
É uma coisa
Que quase deixaram
De pronunciar
Com medo do bicho amor.
Afinal, não fui eu
Que inventei o amor
E jamais
O inventarei.
(Carlos De Castro, in Poesia Num País Sem Censura, em 01-09-2022)
BARCO AO PERTO
Quem me dá um barco?
Sim, um barco à vela.
Onde eu possa navegar
Ao perto do longe,
Que muito longe
Eu tenho medo
De navegar.
Eu só navego sem medo,
Nas ondas brandas,
Calmas,
Do teu olhar.
(Carlos De Castro, in Poesia Num País Sem Censura, em 01-09-2022)
Não sei como nem porque, troco muitas vezes o nome, a graça, a pessoas como eu.
Mas quando se trata de bois, nunca lhes troco o nome, pelo contrário: anuncio-os aos quatro ventos, sem medos, comichões ou outros pruridos.
A PISCINA
Tão pequenina,
Redondinha,
Até acima cheiinha.
Eu parei a olhar
Muito tempo ainda
Para tal coisa linda,
Com o sol nela a espelhar.
Nisto, vem um passarito
Expedito,
Bonito,
E mergulha na piscina
Pequenina,
Redondinha,
E cheiinha.
Bate as asas
E as patinhas,
Levanta ondas
Brancas de espuma.
Um dia, quero uma piscina assim,
Pequenina, só para mim.
Ou então, não quero coisa nenhuma.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 02-11-2022)
CRUEL DESTINO
Pedem-me amor
E eu não sei o que isso é;
Porque nunca o tive ao pé
De mim.
Assim,
Não sei se ele é dor
Ou prazer do início ao fim.
Pedem-me poemas
E eu não sei o que isso é;
Porque, malditas as minhas penas:
Poemas, será gente de fé?
Não quero nada,
Porque nada sei dar
Desde menino,
A não ser meu cruel destino
De querer amar
No já,
A quem nada me dá.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 08-11-2022)
(DE) PRESSÃO
Eu sei que:
Quando já não ouves
A voz do vento,
O chilrear das aves do céu,
O amor a cair levemente
Da razão do teu lamento
Como se fosse um véu
De noiva de neblina
Por estrear,
Ou cavalo à solta sem crina,
Dois bailarinos sem dançar...
Eu sei que:
Quando não desvendas
O mistério do teu eu,
Como nuvem presa no céu,
Prenhe sem chuva de rendas...
Eu sei que:
Quando choras, por chorar,
Sem ritmo, ou emoção natura,
Os teus olhos só podem mostrar
No mapa do teu rosto à procura
De lágrimas secas por achar...
Eu sei que:
Sofredor amigo, quase meu irmão;
Eu sei que estamos os dois
No agora e num depois
Vivendo,
Sofrendo
E chorando,
Esta imensa (de) pressão.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 25-11-2022)
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