Poemas e versos curtos
ÉS O MEU SOL...
És o meu sol
no dia mais frio.
És minha brisa
no dia mais quente.
És minha lua
quando as estrelas somem
e a noite fica
treva somente.
És o sorriso
que me faz sorridente.
És o remédio
que me curou de repente.
Porque és meu amor
passado e presente.
PARALELO
Não faça de você um estranho
Para que não o vejam com espanto.
Não seja apenas uma luz,
Seja ofusco como o sol que cai na noite
Que, portanto, sendo notado
Será como a lua que nasce branca
E conhecido como o dia.
Na pior das hipóteses, a gente aprende
Escrevi mais do que li
Falei mais do que ouvi
Chorei mais do que sorri
Enfrentei mais do que fugi
Despedi mais do que conheci
Me orgulhei mais do que me arrependi
Vivi mais do que me escondi
E se algo não deu certo, pelo menos aprendi
Pedido
Por favor, atenda ao meu pedido:
Não pare de sorrir
Por um minuto que seja
Mesmo se lhe ferir
Sorria como quem festeja
Sorria para não sucumbir.
Por favor, atenda a este meu pedido:
Não pare de sorrir este sorriso lindo.
Você fica tão linda sorrindo.
Sopro...
Como um simples sopro
Foste repentinamente
A falta que deixaste
Escorre do rosto
Frequentemente
Ainda estás aqui
Na minha mente
Quando coloco-me a dormir
É que nos vemos
Pois só assim que nos encontraremos
Daqui para frente.
Saber sofrer
Sofro aos poucos
Morro lentamente...
Sofro de forma consciente
Consciente, aos poucos, morro
Sofrer faz parte de viver
É preciso saber sofrer
É preciso sofrer lentamente
Sofrer aos poucos
De forma consciente.
Ansiedade
Correndo
Vivo correndo
Correndo
Tudo passando
Correndo
E não estou vendo
Correndo
Preciso parar
Corrend...
De correr.
Corren...
Preciso viver!
Corren...
Já corri!
Agora paro por aqui.
A vida já é rápida por si.
Derramar
O amor é como um copo:
Se muito cheio, derrama
Para o copo, uso medida
Para o amor, transbordo
E sempre peço
Mais um copo
Tarda, mas não falha.
A saudade é canalha
Machuca e afaga
Nos pega e não larga
Tarda, mas não falha.
Chega e estraçalha
Pisa, esmaga
Tem alma amarga
Mas é dor que me valha.
Diminuta.
Eu sustenido,
Você bemol.
Encontremo-nos em um tom,
Seja Lá ou cá,
Talvez em Sol.
Eu maior,
Você menor.
Será minha terça?
Procuro-lhe nas escalas
Por favor, apareça!
Eu grave,
Você aguda.
Nota que eu não encontro.
Talvez diminuta
Ou nota muda?
Chama
Chama
Que eu vou
Chama
Que aquece
Chama
Que eu sou
Chama
Que queima
Chama
Não vou
Chama
Que apague!
Chama
Não ouço
Não chama
Esquece
Amor literário
Somos palavra.
Ora somos hiato,
Ora ditongo.
Sou consoante.
Ela, semi(nua)vogal.
Fazemos elisões
Isolados entre parênteses.
Nossa vida é conjugar-se,
Tornar-se verso.
Bem-me-quer
Colhi uma flor no jardim
Ela relutou e nasceu em meio ao capim
Mas não poderia entregá-la assim
Tirei-lhe todas as pétalas malmequer
Para que, ao cair de cada pétala,
Saibas o quão-bem-te-quero.
Desolado
Caminhei sozinho
Sob a chuva
Não havia mais ninguém
Naquela rua
Enquanto todos a ouviam
De dentro de suas casas
A chuva me tocava
O corpo e a alma
Eu sentia que aquelas gotas
Eram o meu próprio choro
Que caia do meu vazio
Sobre o meu corpo
Frio
Sem medo
Hoje acordei sabendo que ia morrer
Foi o dia mais feliz da minha vida
Fiz tudo o que queria fazer
Sem ter medo do outro dia
É, ele veio e eu não morri
Morrer eu sabia que ia
Só não sabia quando seria
Questão de tempo
Acredito, sim
Que um dia
A vida vai mudar
E se hoje
Só posso te dar uma flor
Sei que um dia
Poderei te dar
Um jardim
Paraíso
Se existe o paraíso
Ele se esconde
Em algum sorriso
Talvez no seu
Quem sabe no meu
Ou no que eu mais gosto:
Na soma deles
O nosso
Bem-te-vi
Se fosse um passarinho
Queria ser um bem-te-vi
Para que bem-me-visses
Como bem-vejo-a-ti
Ou, então, um beija-flor
Para que minha vida
Dependesse de te dar um beijo
E de todo o teu amor
Ressaca
O amor é como o álcool:
É bom quando entorpece,
Mas é inflamável e,
A qualquer momento,
Pode te explodir
Por dentro.
A embriaguez é pacata,
Difícil é a ressaca.
