Poemas e Poesias
Todos estamos indo embora
Uns sem muita pressa
Outros sem demora
Estamos todos de partida
Apesar de parecer
Que alguns não vão morrer
Nossa passagem é só de ida
Se de passagem cá estamos
Porque tanto insistimos
Em fortalecer desatinos
Em se agarrar nos enganos?
Precisamos plantar o bem
Evitar alimentar desdém
Seja a fulano, cicrano ou beltrano
A vida é tão passageira
Para focar em perda de tempo
Deixar amor ao relento
Assim, sem eira nem beira
Enquanto a luz divina
Em teus olhos brilhar
Segue o feixo que ilumina
Segue a luz do luar
Rasgue o véu da cortina
Ame sem predestinar
Sinta no rosto a neblina
Do dia que vai clarear
Corteje o nascer do sol
E contemple o escurecer
Não se detenha nunca de viver
Ouvindo um som em tom bemol
Você pode ser genial
Mas não é adaptável
Não é tão associavel
Não é um milenial
Eu sou resultado da evolução
Me adaptei ao mundo seu
Mas você enlouqueceria
No mundo que foi meu
És a perfeição
O som lírico que me exala os ouvidos
O primeiro pensamento das minhas manhãs e o alvo dos meus sonhos mais proibidos.
*Súplica*
Nessa vida ruim que a gente leva
Nos arresta um tiquim de compaixão
Tem profeta que mais parece o cão
Desdizendo o que presta e o que não presta
Difundido uma tal de salvação
Pra um povo que a fé é o que lhe resta
Tem político que fala até fácim
Com palavras cheias de embocadura
E o povo vivendo na amargura
Num eterno ato de bravura
Sem comida, bebida ou condição
Esgueirando sempre na contramão
Daqueles que vivem na fartura
Deus do céu favor explica
Porque me empreitou essa peleja
De viver uma vida miserável
Sem topar sequer alguém afável?
Com a dor da labuta sertaneja
Dessa vida eu sei nada se leva
E assim espero eu mesmo que seja
No inromper desses dias que caleja
Quero mais é viver dias de festas
Se tiver de voltar a viver assim
Nesses anos feitos de dias ruins
Por favor me esqueça, que assim seja!
Vivemos na ilusão de que estamos sempre com problema. São sempre mil coisas para resolver, uma conta para pagar, o trabalho exaustivo, uma mensagem para enviar, um pedido para fazer, uma conversa mal resolvida. As coisas que julgamos importantes vão se tornando prioridades em nossas vidas, mas para encaminhar todas o tempo é curto demais, e elas nos roubam todo tempo que temos, nossos dias, nossas horas, nossa juventude.
É quando a saúde nos falha, o corpo grita e pede socorro, e percebemos que agora os mil problemas se foram, ou ao menos não eram tão importantes quanto achávamos. E agora temos um único problema, porque a dor aparece, o diagnóstico chega e o tratamento para restabelecimento é árduo.
Aquelas preocupações de outrora somem, tudo o que importa agora é manter a saúde, ficar de pé, ficar vivo. Os milhares de problemas passados não passam de ruídos agora.
É quando percebemos a dimensão de vida, quando ela ameaça escapar. Porque a saúde é o chão e quando ele racha, nada mais sustenta a estrutura de pé.
Pena que aprendemos tarde demais que só o agora importa e que não temos o amanhã no campo da certeza, mas da dúvida. Por isso, devemos escolher com carinho aquilo que deve ser alvo de nossa preocupação, antes que o corpo peça ajuda e sobrevenham as dores, porque elas virão.
Me deixates como herança
O dissabor da nicotina
Uns comprimidos de sulfadiazina
Para as feridas da desesperança
Em 1500 quando fomos invadidos, domesticados, colonizados pela força, nos apagaram até as marcas de nossa civilização, de nossa cultura, de nossa história. Fomos chicoteados, amordaçados, vilipendiados...
Nos levaram o ouro, a prata, a cana, a madeira e nos chamaram de BRASILEIROS, como uma referência a quem extrai pau Brasil, nosso gentílico faz alusão ao trabalhador braçal que contribuía com a extração de nossa madeira que levada para a Europa serviria para virar tinta. É tão verdade que não somos BRASILIANOS tal qual os Italianos ou Americanos, nem BRASILIÊS tal qual o Português ou Norueguês. A propósito, somos o único país que adota o sufixo "EIRO" na descrição de sua nacionalidade, tal qual o faxineiro ou garimpeiro.
Nossas heranças culturais enraizadas em nossos hábitos nos dizem muito de quem somos. Mais de 500 anos depois (só para constar, somos mais velhos que os Estados Unidos da América), mesmo sendo um país soberano, livre e o maior produtor e exportador para o mundo de suco, café, soja, carne, frango, leite, minério, açúcar, celulose, algodão... Tendo um imensa biodiversidade deveras invejada pelos países estrangeiros, um traço multicultural único, um extenso território geograficamente equilibrado para cultivo de diversas culturas do agro, ainda vemos, em plenos dias atuais, um sentimento aflorado de "capaxismo" e de submissão de nosso povo imperando, como se, amarrados a grilhões que não existem e experimentando uma síndrome de Estocolmo por seu algoz, se sentissem bem em se ajoelhar e beijar os pés daqueles que outrora os domesticaram pela força e pelo chicote de verdade, só que dessa vez a resignação é voluntária.
Às vezes, só quero a paz.
Sabe? Ser diferente...
Ser tão profundo quanto ausente.
É olhar com os olhos da alma,
com serenidade, doçura e calma.
Caminhar com os pés firmes no chão
e carregar no peito um valente coração.
É impossível domar o tempo
Que não atrasa
Muito menos adianta,
Está sempre no seu lugar
Indo adiante da vida,
Nós é que se pararmos
Perderemos muito tempo.
A vida deve ser mais
Mais que mergulho e voo
Sob luz e escuridão.
Há de ter um algo a mais,
Intrínseco e viajante
Na altura e profundidade.
EM TI QUE A ALMA AQUENTA (soneto)
Inverno... de prosas macilentas
Cheia de saudade, melancolia
Tão triste as trovas friorentas
Carregadas de soturna poesia
Pardo inverno de horas lentas
Sempre iguais, densa melodia
Ó versar, por que te apoquentas?
Não soluces mais, adoce, alivia!
Tudo é pressa, passa, é correria
Dos dias invernados do cerrado
Vai-se na poética que acalenta
Verás sim, soneto de invernia
Que canta o canto orvalhado
É em ti que a alma aquenta.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16/06/2025, 14’45” – Araguari, MG
Uma vez eu sonhei com você
Uma vez eu sonhei com você,
e foi um momento lindo.
Lembro de quando sonhei contigo —
me senti em paz.
Pude te sentir por pouco tempo,
mas foi o suficiente para viver um instante inteiro.
Vivi meu momento com uma garota sem rosto,
e desde então, fico imaginando
quando poderei te encontrar novamente.
Estou esperando o dia
em que poderei deitar minha cabeça em seu colo,
como você pediu.
Que você passe a mão nos meus cabelos
e pergunte, com voz suave,
se eu não estou cansado.
E eu, um pouco tímido, direi que sim.
Então, você sorrirá e dirá:
“Então durma um pouco.”
Mas, desta vez,
quero mais do que dormir e nunca mais te ver.
Quero te abraçar.
Ficar com você.
Sentir — e reencontrar — a paz.
Fico no aguardo desse dia,
assim como foi,
quando uma vez...
eu sonhei com você.
@ondas.q.escrevem
🌿 Jardim 🌿
A habilidade de cuidar de uma planta é algo lindo.
Cada uma tem sua peculiaridade, suas características, sua beleza.
A maneira como uma planta sobrevive é através do essencial:
a água, os nutrientes, o solo.
Algumas vivem somente pelo ar, outras só nos rios e mares...
Cada uma com suas belezas.
As cores — vivas ou não — verdes, rosas, amarelas... cores.
Tantas cores, cores.
Podem ser vistas, até mesmo por aqueles que as enxergam de formas diferentes.
Podem ser sentidas, trazendo informações, sentimentos, sonhos.
Podem ser imaginadas, criando características impressionantes.
Elas são uma expressão, uma filosofia.
Uma vivência e sobrevivência diária no cotidiano.
São como uma relação humana.
Relações estas que têm suas belezas.
Podem ser regadas ao longo do caminho, tornando-se mais fortes e resistentes.
Percebe-se que, assim como as rosas,
as relações podem ser delicadas,
mas também podem ter espinhos.
Ao contrário do que dizem — que as rosas não falam —,
elas simplesmente exalam...
o perfume.
Uma boa relação pode sim ter seus questionamentos,
mas carrega a obrigação de ouvir uns aos outros.
O amadurecimento não dá apenas frutos,
mas também fortalece as relações.
O chamado "ponto de vez"...
Assim como no nascimento,
a prematuridade pode não significar algo bom —
pode ser um empecilho.
Quando apenas um lado amadurece e o outro não,
geralmente o fruto não chega ao seu ápice.
✍️ @ondas.q.escrevem
Atitude.
Andando pela rua.
Caminhando, sentindo o Sul.
Olhando para baixo, passam silhuetas.
Olhar nos rostos das pessoas.
Medo... vergonha...
Como se todos estivessem sempre me observando.
Tudo que eu podia fazer era abaixar a cabeça.
O chão... o chão era menos assustador.
Pelo menos ele não me encarava de volta.
Porém, teve esse dia.
Nesse dia, algo brilhou.
Te vi como um raio de sol em dia nublado.
Tu, com teus cabelos e corpo, se destacaram na minha córnea.
Logo pensei, sonhei, parei e imaginei
o quão bom seria poder sair com você para um restaurante,
tomar banho de mar, ir a um show de jazz.
O quão bom seria te pedir em namoro.
Como seria nosso noivado?
Como seria o dia em que você entraria naquela igreja,
com o sol passando pelo vitral do lado superior esquerdo
e batendo diretamente na mesa à nossa frente,
com as duas alianças brilhando...
Seria um sonho.
Sonho que parou quando tu passaste ao meu lado.
Nunca mais te vi.
Acho que foi um sonho.
@ondas.q.escrevem
Reso.
Depois do último ataque, fiquei mais fraco. Pude sentir a fraqueza apertando meus músculos. Ao me reerguer, minhas pernas tremiam — pura tensão e fraqueza.
Olhei pra você... Estava praticamente intacto. Um inimigo... do meu nível. Um ser surpreendente.
Penso... — Será que sou mesmo capaz de te derrotar? É estranho... Seus movimentos são suaves, delicados. Tal como uma dança, deslizando no ar. Percebo que suas mãos deslizam e pairam no ar.
Meus membros estão no limite. Sinto o desgaste em meu ser, Queimando por dentro. Treinei por tanto tempo... Qual a possibilidade?
Encarar algo — alguém — como eu... É diferente. É difícil.
O suor desce em diagonal pela minha testa. Meus olhos, embaçados. O óculos... torto. O vento não é forte... Mas é frio.
O cheiro... De fogo. De suor.
Minha perna direita avança à frente do corpo, Buscando equilíbrio.
E, por um instante... No meio da tensão... O silêncio. O barulho da respiração. O gosto na garganta. A respiração pelo nariz. O coração batendo o máximo possível.
Percebo. Me lembro de alguém como você... Não só se parece comigo.
Você... Você sou eu.
Esse nível de dificuldade... Eu não esperava.
Agora entendo. Essa batalha... Não é contra você.
É contra mim.
Então, eu reso... Reso para que, no fim dessa luta, Seja eu... quem permaneça de pé. Só me resta... rezar.
@Ondas.q.escrevem
Renovação.
Cheguei.
Estando aqui nessa calçada, posso observar o mar de longe. Consigo olhar para frente e observar o fim.
Não do mundo, apesar de às vezes achar que sim.
O fim, o horizonte.
Olho para baixo: degrau.
Dou um pulo e caio naquela areia morna.
Sentindo ela passando pelos meus pés.
Caminho em direção à água.
Penso em como isso é lindo e como essa água fria vai molhar minha calça de linho branca.
Dobro as pernas da calça e continuo a andar.
Paro no meio da praia e olho para cima.
Sol, nuvem, um pôr seguido por um olá para o satélite.
Esse céu amarelado, com uma miscigenação de cores — o rosa, o azul-claro, o branco indo para o obscuro — me lembra você.
Por trás dessa obscura cor, escondem-se outras luzes.
Assim como Você o sol se foi, por força maior.
Levanto o braço esquerdo e tento pegar com minha mão você.
Sol.
Abaixo a cabeça e percebo esse mar.
Abro os olhos: enxergo não as cores, e sim os sentimentos.
Transmissão
Caminho e me molho, molho com intenção de lavar.
Levar tudo, trazer um novo eu. Submergir e voltar como eu.
Um novo eu, assim como ele fez.
Voltar com mais uma proteção, dada por quem você queira.
Mas eu sei que veio daqui.
Como esperado, não veio um pássaro branco, assim como na passagem.
Mas eu vi uma gaivota.
Voo para casa.
Acho que já conta.
@ondas.q.escrevem
Dias de Chuva e Resiliência
por Augusto Silva
Nem sempre o sol desperta com a gente.
Às vezes é a chuva que dita o ritmo,
e o café, nosso único abrigo.
Esse poema é para quem já se sentiu preso nas nuvens,
mas decidiu caminhar mesmo assim.
Hoje acordei cedo,
a chuva fazia alarde nos telhados,
como se o céu também tivesse pressa.
O ar, denso e escuro,
trazia algo de Notting Hill,
um encanto suspenso,
uma pausa involuntária
para refletir.
O corpo levantava devagar,
como se a chuva também morasse por dentro,
e os pensamentos ainda fossem vestígios da noite.
E mesmo com os olhos carregados de escuridão,
nos obrigamos a levantar.
Uma força estranha nos segura pelo tornozelo.
Ainda assim, erguemo-nos
como quem carrega o próprio peso das nuvens.
O café, nesse teatro todo,
parece ser nosso bálsamo,
sem prometer cura,
ressuscitando devagar a alma.
Porque há dias que não pedem sol,
mas pedem resiliência.
E talvez a verdadeira felicidade
seja apenas isso:
seguir,
mesmo quando tudo em volta
parece querer que a gente não saia de casa.
Noites turvas
Noites turvas, incêndio de instantes,
chamas vivas que devoram minha razão.
Um turbilhão de sentimentos vibrantes,
ardendo em brasa no peito em combustão.
Cicatrizes se abrem, feridas em chamas,
marcas de um tempo que já se perdeu.
Mas como calar o que em mim se derrama,
se a emoção outra vez me venceu?
Não há mais volta, me deixo envolver,
sou presa fácil do doce querer,
refém da febre que a paixão me traz.
Do outono sombrio que secou meu viver,
hoje sou chama, renasço a arder,
e esse fogo me consome de forma tão voraz.
Sou Caminho
Sou feito de passos, de sonhos e de espera,
De pedras no chão e de esperança sincera.
Carrego nas mãos as marcas do que vivi,
E nos olhos, o brilho do que ainda está por vir.
O tempo me ensina, sem nunca ter pressa,
Que a vida é mais leve quando a alma se aquieta.
Que não há dor que não vire aprendizado,
Nem queda que não tenha um recomeço guardado.
Às vezes sou vento, às vezes sou chão,
Às vezes silêncio, às vezes canção.
Mas sigo em frente, inteiro, apesar da dor,
Feito ponte, feito estrada, feito amor.
E se o mundo pesar, que eu não perca a fé,
Que eu floresça, mesmo sendo só um grão de pé.
Porque viver é lutar, é cair, é sonhar,
É ser raiz, mas também se permitir voar.
Sementes da Gratidão
Acordo e sinto o vento,
o cheiro da terra molhada,
o calor do sol na pele,
e percebo — sou parte do milagre.
Grato pelos passos que me trouxeram,
pelas quedas que me ensinaram,
pelos olhos que cruzaram meu caminho
e acenderam luz quando tudo era sombra.
A vida não me deve nada,
e, ainda assim, me entrega tudo.
Em cada abraço, em cada sorriso,
existe um universo inteiro dizendo:
“Você não está só.”
Grato pelas manhãs que começam,
pelos desafios que me moldam,
pelos silêncios que me fazem ouvir
o que o mundo, às vezes, esquece de dizer.
Carrego no peito uma prece muda,
uma canção sem som,
mas cheia de sentido:
“Obrigado, vida.”
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
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