Poemas de Vida Soneto
MATÉRIA-PRIMA
Sobre a inspiração eleva cada soneto
Num operoso desígnio, do viver dado
Que dum coração o versejar é traçado
Com poético alfabeto do sentir secreto
Dentre tantos termos, um tão predileto
O do amor, rima por rima, ali realçado
Moldados com cuidado, ilusão, alado
Mas, sempre n’alma o desejo inquieto
Sobre o andaime de uma imaginação
O suposto a erguer a sensação pura
Onde o poeta: sonha, ideia, ri e sente
Criando momentos, velando ternura
Com emoção, paciência e interação...
Rudimentos, no sentimento presente
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 janeiro, 2023, 18'42” – Araguari, MG
Soneto da distância
Minha amada vive muito longe de mim
No mais alto monte da saudade
Tão distante deste mar sem piedade
Onde habito sem sossego até fim
Onde vivo e morro de desejo
Não suporto sofrer tão mal assim
Nunca pude sequer lhe dar um beijo
Para ter seu corpo quente junto a mim
Dois amantes que a sorte condenou
Ao destino fatal do abandono
A distância se impôs e ordenou
Que jamais pudessem se encontrar
Nesta estrada sem rumo sul ou norte
Onde o amor se consome até a morte.
SONETO QUE SENTE
O aperreado soneto descontente
Vive a soluçar inspiração sofrida
Chora, sente. Afia simplesmente
Uma ilusão e sensação incontida
É infeliz, tão descrente, carente
Com uma emoção, assim, perdida
Transforma o tudo em dor doída
Insolente, vive a suspirar na vida
Os versos são vãos, sem glória
Em uma poética e nobre escória
Que pela sofrência, reina, tirano
Mas, o meu soneto que sente, sabe
Que no olhar, no tempo, tudo cabe
Quando se tem um coração humano
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25 março, 2023, 16'41" – Araguari, MG
SONETO AO NOVEMBRO AZUL
O homem já não vive de tabu
Faz rito a prevenção sem ver atrito
Entre ele ser viril e o toque nu
Só que o preconceito urge maldito
Pois o macho ainda zoa o novembro azul
Como se o desdém fosse algo bonito
E qual tipo de gente serias tu?
Porque abrir mão da saúde nem cogito
A desinformação mata, inclusive
E o homem já não fica cabisbaixo
Ele se informa igual um detetive
E talvez não lhe agrade o que eu acho
Mas sim, na vida o homem sobrevive
Enquanto na ignorância morre o macho
SONETO DA JUVENTUDE
O jovem conta os dias sem parar
Viver nessa fase é espetacular
Deixa-se a barba para impressionar
Não liga se ela tem que barbear.
O Lucky para o dia demora achar
Mas quando acha é para brilhar
A maquiagem é certa para se mostrar
Durante o trajeto ou em qualquer lugar.
Saem na balada para agitar
Faz da noite o dia para animar
Do dia à noite para o sono recuperar.
Juventude para ele ou ela é só festejar
Hoje, no amanhã nem pensar.
Assim o jovem deixa a vida se levar.
ESTE...
Este, o soneto dum amador obstinado
Em que, viveu cada situação da paixão
Tal diz a prosa do coração aprazerado:
Se havia afeto, ele fiel a sua adoração
Este, o verso com sentimento ritmado
Dentre tantos sonhos, rimas de ilusão
Onde d’alma escoa o tom apaixonado
Enchendo o canto de fluida sensação
Este, o tinido sentimentalista profundo
Em que a nota poética, é um fecundo
Apreço, de encontros e de puro ardor
Este, o sentido dum cântico contente
Deste que no amor existe realmente
O qual sabes que és o singular Amor!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
29/09/2024, 12’55” – Araguari, MG
LOGO
Soneto pleno de amor, e desejo
Vivenda do coração, e festejada
Divina posição, na alegria selada
Que poeto com agrado e ensejo
Que emoção que no sentido vejo,
É está? Pois é sensação amada
Fazendo da ternura sua morada
Ornando a simpatia com cortejo
Feliz, assim, de haver-te ao lado
Da admiração, imaculada e clara
Invade a todo tempo a leda cara
Ah! severo fado, dá-me o abraço
E ao sentimento tão apaixonado
O amor. Paixão, apressa o passo!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
25 maio de 2024, 17’38” – Araguari, MG
Soneto prático
quando não há mais qualquer coisa após
o que vivemos juntos, a não ser
o fim, com a tragédia de sabê-lo
fim, e a certeza da dor, atroz,
quando você e eu formamos nós
e nossos nós não podem desatar-se,
antes que os nós acabem por cegar-se
e de berrar percamos nossa voz,
por mais que doa e que nos caia o céu
sobre os olhos abertos, e os meus
rasguem-se de dor e feito papel
chovam corpos picados sobre os seus,
por amor mesmo, e para ser fiel,
é preciso saber dizer adeus.
DESEJO DE AMOR
Como eu queria viver o teu encanto,
Como eu queria ter o teu pensamento.
Livre e limpo, quase sem pranto...
Mas falhou, em mim, o momento.
Quase que superei todo o tormento
De querer-te assim, sem desencanto...
Mas o desejo e a mente se vestem tanto,
Que não pude conter o movimento...
Só que tu és o amor, e infinito...
Nos corações humanos nunca foi mito
E não tem por fim, eu destruir...
Assim, tão vivo será meu fado...
Na tua busca, para que eu seja amado
E tenha, por fim, a razão de existir.
OS OFENDIDOS
Viver no silêncio, calado e todavia
Sentir no peito um aperto, depois
De um vazio rodeado, a dois, sois
Da sofrência servil, no dia a dia...
Um sentimento de ociosa sensação
Que vai mascando o viver, e assim
Chora, e a dor aflora, - ai de mim!
Que mais não sou que só a ilusão...
Então, chega a vez de olhar pra ver
Com olhos dos fatos reais contidos
Deixando a razão na realidade doer
Pois, só pra retribuição se dá ouvidos
Sentidos, e que no coração vai bater
A superação, abafando os gemidos...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
09, junho, 2021, 09’12” – Araguari, MG
VIVE EM MIM UMA SAUDADE
Encarcerado no peito sentimentos imersos
Não vejo a inspiração que um dia pude ter
Já não tenho forças pra refazer meus versos
Pouco a pouco, eu sinto a aflição me vencer
Sou um pensamento vazio e sonho infértil
No alvor, sou noite desperta e duro fardo
Sussurra sensações escuras na alma frágil
Onde a poética já não é mais deste bardo
Minha poesia cansada, versos em pranto
O talvez cinzento, em vão, e tão infinito
Aflito. Esgotou em mim qualquer encanto
Preciso de razão, de motivo, uma vontade
Pra ter e haver aquele sentido mais bonito
Devoluto, pois, vive em mim uma saudade...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23/09/2021, 18’43” – Araguari, MG
UM DIA...
Quando vier até mim à morte, Amor,
Quero-te toda branda no teu viver...
Quando o dia descansar de mim, a dor
Também descansará na luz do teu ser.
Quando vier a tu’alma a eu encontrar
Nos pés de Deus empossado de paz,
Quero-te a mim, por morrer nunca mais
O amor que me deste, num fino altar!
O meu coração é um ermo desastrado
Sob o teu querer doce e imaculado,
Que descansar prometeu entre a gente.
Mas deixa-me ir sem levar-te o pranto,
Sem que anoiteça ao teu acalanto
O amar-término dum viver descontente.
TRESLOUCADO
Eu sou a-quém vive o amor cantando,
Um pássaro a voejar por céu-além...
Um desdenhado ao tempo sonhando
Por se encontrar no que não me têm...
Os segredos dum vultoso sol-harém...
Sou um vagante, aos poucos buscando
Os de afeição, e sem ser ninguém,
D’outra existência vou desvairando...
Que lua, que fulgor intenso d’estrelas
Acalentará meus céus, por eu de vê-las
No independente mundo em que sou?!
Solidão oculta! Paixão tanta! Perdido,
— Eu sou dos céus um condor ferido
Por um amor que nunca se encontrou...
O MAIOR REVÉS DO VIVER
Cá dentro da alma de crer ser poeta
Alma feita de paixão e de imaginação
Sedento de devaneio e de sensação
Quanta coisa, quanta ilusão secreta
Quão querer escrever em linha reta
E, nas rimas aquela rima sem demão
A certeza do canto certo na emoção
A agnição que desejou ser completa
Porque a dor aberta, o que mais dói
E também que a tendência destrói
Não é a saudade do outrora perdido
Pois se foi, se suporta, é inevitável
É bem mais vândalo o irreparável
Do podido viver e não ter vivido!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21/10/2020, 09’27” – Triângulo Mineiro
FÉ ...
Alegremo-nos sem termo nem medida
pois que para a fé o espírito é nascido
vive por crer! Confiança no prometido
pois sem o bem maior, que tino na vida?
E se na angústia a certeza está perdida
ferida, há saída, creia, no amor ungido
único, que ao coração é mais querido
onde se possa dar mais sentido à vida!
Amemos uns ao outros, firmemente
assim como Ele nos amou, primeiro
deste exemplo não sejamos ausente!
E se de repente a fraqueza nos diz:
coisas vans, de agrado, ao tolo certeiro
que a fé dê respostas a ideia infeliz! ...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
17/04/2021, 20’07” – Araguari, MG
SOMAS NO VIVER...
A gente sonha um pouco cada dia
O tempo vai subsistindo acelerado
As ilusões, uma por uma, na poesia
Da sorte, este devaneio imaculado
A vida é como uma prosa, romaria
De sentimentos, todo encapsulado
Nos prazeres, na tragédia e alegria
E, não se assomar se for enganado
Tudo é do fado, da árdua jornada
Num sobe e desce. A caminhada
E que sempre sufoca o anoitecer
São os suspiros ao léu, mais nada
Trovando cada canto da jornada
E nos forjando as somas no viver...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
15/03/2021, 18’18” – Araguari, MG
Às vezes é por medo de perder,
Que deixamos de encontrar.
E deixamos de viver,
E deixamos de amar.
Às vezes é por medo de saber,
Que deixamos de tentar.
E deixamos esquecer,
E deixamos acabar.
Às vezes não é medo de amar,
É medo de ser amado,
Sem saber como lidar.
Às vezes nem é sobre ser amado.
É sobre estar quebrado,
Sem saber se consertar.
SEDE
Tenho sede de viver
Quero o afeto beber
Saciar a infiel odisseia
Da ganância da fé ateia
Terçando o ressecado saber
Clamo o doce prazer
Olhar que nos fala
Sem o desprezo que cala
Que rasga e maltrata
Quero gratidão sem ser ingrata
Sensação, quero amor
Paixão com valor
Dignidade sem preconceito
Irmandade com preceito
Abraço com empenho
Palavras com avenho
Respeito semelhante
E a retidão de ir avante...
Luciano spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
FANTASIA
Minha flor de perfume delicado
Quem me dera romper formalidades
E viver para sempre ao teu lado
Em folguedos e em festividades
E o tempo boníssimo parado
Contemplando as sensibilidades
Que despertam o olhar apaixonado
Sob um céu de suaves amenidades
E teríamos um só coração
Ideal, objetivo e gosto
Teus beijos serviriam de ração
Abraçados versando o sol posto
Se vivo no parnaso essa ilusão
Acrescento mil cheiros no teu rosto
" A PRESA "
De sonhos, cá se vive… De ilusão,
de medos, de esperanças, de saudade,
te afetos, de querer, fraternidade,
do que se nutre e quer o coração!
Se vive de desejos, da maldade,
de arroubos, infundados, da paixão…
De gana, de vontades, de ambição
ou tudo o mais que der felicidade.
Assim, em vez de sermos, nós, pensantes
tornamo-nos foi seres, sim, amantes
que vivem do que amam nesta vida…
Se busca o que nos nutre todo anseio,
por birra, por loucura ou qualquer meio
até se ter a presa pretendida!
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