Poemas de Escritores Famosos

Cerca de 5580 poemas de Escritores Famosos

“A velhice (tal é o nome que os outros lhe dão)
pode ser o tempo de nossa felicidade.
O animal morreu ou quase morreu.
Restam o homem e sua alma.”

(trecho extraído do livro "Elogio da Sombra", Editora Globo - Porto Alegre, 2001, pág. 81 projeto releituras)

Inserida por portalraizes

Do outro lado desta porta um homem
ignora a sua corrupção. À noite
elevará em vão alguma prece
ao seu curioso deus, que é três, dois, um,
e julgará que é imortal. Agora
ele ouve a profecia da sua morte
e sabe que é um animal sentado.
És esse homem, irmão. Agradeçamos
Os vermes e o esquecimento.

Inserida por alex-santos

⁠A uns trezentos ou quatrocentos metros da Pirâmide me inclinei,
peguei um punhado de areia,
deixei-o cair silenciosamente um pouco mais longe e disse em voz baixa:
Estou modificando o Saara.

O fato era mínimo, mas essas palavras pouco engenhosas eram exatas
e pensei que havia sido necessária toda minha vida para que eu pudesse dizê-las.

A memória daquele momento é uma das mais significativas de minha estada no Egito.

Inserida por alexsantos-7g

⁠Fragmentos de um Evangelho apócrifo

27. Não falo de vinganças nem de perdões; o esquecimento é a única vingança e o único perdão.
30. Não acumules ouro na terra, porque o ouro é pai do ócio, e este, da tristeza e do tédio.
33. Dá o santo aos cães, atira tuas pérolas aos porcos; o que importa é dar.
41. Nada se edifica sobre a pedra, tudo sobre a areia, mas nosso dever é edificar como se fosse pedra a areia...

Jorge Luis Borges
Elogio da sombra (1969).
Inserida por marcosarmuzel

⁠Ao espelho

Por que persistes, incessante espelho?
Por que repetes, misterioso irmão,
O menor movimento de minha mão?
Por que na sombra o súbito reflexo?
És o outro eu sobre o qual fala o grego
E desde sempre espreitas. Na brunidura
Da água incerta ou do cristal que dura
Me buscas e é inútil estar cego.
O fato de não te ver e saber-te
Te agrega horror, coisa de magia que ousas
Multiplicar a cifra dessas coisas
Que somos e que abarcam nossa sorte.
Quando eu estiver morto, copiarás outro
E depois outro, e outro, e outro, e outro…

Jorge Luis Borges
Poesía completa (2011).
Inserida por marcosarmuzel

Que o homem seja nobre, prestativo e bom, pois só isso o distingue de todos os outros seres.

Se você tratar um indivíduo como ele é, ele permanecerá como é. Mas se você o tratar como se fosse o que deveria ser, ele se transformará no que deveria e poderia ser.

Sinto meu coração mais enfermo do que aqueles que definham sobre um leito de dor.

Noturno do Andarilho

Em todos os cumes:
sossego.
Em todas as copas
não sentes
um sopro, quase.

Os passarinhos calam-se
na mata.
Paciência, logo
sossegarás também.

Johann Goethe

Nota: Tradução de Rubens Torres Filho

Inserida por henriquenasci

Como um cego, grita a gente: ‘Felicidade, onde estás?’ Ou vai-nos andando à frente, ou ficou lá para trás.

"Mas se Deus é as flores e árvores
e os montes e sol e o luar,
então acredito nEle,
então acredito nEle a toda a hora".
(Fragmentos extraídos do livro “Fernado Pessoa – Obra poética II” – Organização: Jane Tutikian – Editora L&PM, Porta Alegre – RS, 2006).

Marius tinha sempre dois trajes completos; um velho, "para todos os dias", outro novo, para as ocasiões extraordinárias. Ambos eram negros. Tinha só três camisas, uma trazia vestida, outra estava na cômoda, e outra na lavanderia. Renovava-as a medida que iam ficando usadas. Mas como estava quase sempre coçadas, abotoava o casaco até o pescoço.

A morte é beijo da boca sepultura: procura proceder bem, corta um farrapo de uma boa acção durante a rugidora noite, e este será o teu sudário no seio da terra. A morte é a exaltação da verdade.

As quimeras nele e sobre ele, a nuvem noturna, cheia de faces confusas, atravessava-lhe o cérebro.

As suas reflexões não eram pensamentos, o seu sono não era repouso. De dia não era um homem, de noite não era um homem adormecido.

Cosette já não vestia andrajos, estava de luto. Saía da miséria e entrara na vida.

Visto que só a catedral lhe bastava, voltava o rosto para os homens que o desprezavam. Aquelas figuras de santos, bispos, reis e mesmo as esculturas de monstros não o assustavam. Era com elas, estátuas mudas, que Quasímodo se expandia e ficava horas a conversar.

Victor Hugo
HUGO, V., O Corcunda de Notre Dame

O ponteiro que avança no mostrador avança também nas almas. As opiniões atravessam suas fases.

Inserida por polianapb

Errar é do homem, passear é do parisiense. No fundo, espírito penetrante, e mais pensador do que parecia.

Inserida por polianapb

Essas injúrias passavam despercebidas tanto pelo padre como pelo corcunda. Quasímodo era surdo demais e Cláudio pensador demais.

Victor Hugo
HUGO, V., O Corcunda de Notre Dame
Inserida por polianapb