Poemas a um Poeta Olavo Bilac
AMOR INTENSO
Sei lá, amor, sei lá o que pode acontecer!
Quero-te assim, bela, quente, e sem dor...
Quero-te sobre as chamas do teu esplendor
Tão viva, intensa, inebriando o meu ser...
Não sei, amor, e nem quero entender...
Dos prantos o luar, que brilhe o nosso amor!
Que vivemos tão quentes, que core a flor...
Que penetre em mim o teu bem querer!
Quero a tua paixão! Viva! Completamente...
Se vivermos da vontade, fazemos de contente,
Dos males as pragas que se põem a falar...
Quero de a tua alma, ver em mim lealdade
Que falem que seja d’uma grande amizade...
Mas que viva entre a gente o que está a amar!
TESTEMUNHO
Vida! Caminho deserto onde ando;
Agreste de sentimento amargo...
Vales e ondas, inútil, vai vagando,
Aos pés de mim o amor que trago!
Existência! Não sei eu até quando...
Advirá em águas o grande lago;
Baldadas lágrimas, rio dum afago;
Estrada infinita que vou rogando...
Balbucio demência, já a tanta dor...
Voz oculta em meio à sombra fria,
Já não me vale o temor dum grito.
Brado que não mais ouve o amor
Sob as rochas quietas à luz do dia,
Dentre à luz do sol, que já é mito!
INCÓGNITA
Porque te disse: amor! Contudo, demente
Por teus beijos de fogo, alucinado...
E nem ainda a senti a boca; simplesmente
Por teu corpo de ouro – fonte de pecado!
Porque te disse ainda: ventura tanta!
E nem o teu calor senti tão perto...
Por tua voz que aos meus ouvidos canta,
E que’u nem sei donde vem ao certo!
Eu só quero o teu amor, desconhecido...
Eu só quero a tua paixão, seu amor perdido
Que canta aos meus ouvidos teus desejos...
Eu só quero m’enroscar na tu’alma louca...
Ao meu vigor intenso, dar-te a boca
O que de amor fosse a ti, primeiros beijos...
PÓS-DIA
Por que se tem nesse mundo o segredo
Se que vivem por os deuses implorar
Vida sem noite e amor com luar
Na estrada em que seguem sem medo?
Olhem a morte que lá vem cedo!
Por anjos falam os que vêm encontrar
Paixão sem tempo e tempo sem ar
No fogo intenso sobre lança sem credo...
Seria o saber do que não se sabia, seria?
Forjar fortunas sem ação de morrer
E viver sem viver o que nunca se sente...
Por que rara cobra ao sol deveria
Atentar o despeito sem que fosse o temer
Do futuro em se exceder o presente?
DESEJOS RAROS
Por sonhar-te, nos teus dias belos, querida,
Ando assim, tão ansioso, por teu querer...
Quanto amor, quanto desejo há no teu ser,
Quanta cobiça louca de paixão ensandecida!
Jamais vi um amor assim numa outra vida:
Orgias escondidas, desejos raros de prazer,
E nos afetos ocultos sob o além d’um viver,
O vil despertar d’uma ambição tão perdida!
Eu quero me embriagar no teu amor tanto...
E sobre os teus anseios sair do meu acalanto,
Da dor que me fere, sob iguais cobiças tuas!
Sonhar-te-ei, por os teus rastros encontrar...
Mesmo que me seja abstruso poder te amar,
Quero gritar-te em versos loucos, pelas ruas!
A MINHA VIRGEM
Ela me olhava... tão insana me olhava
Com os teus olhos negros enfeitiçados...
Em prazer ensandecido navegava
Ao meu corpo teus desejos maculados...
Ela me olhava... e tão demente cobiçava
Os meus sentimentos endoidados...
Em paixão constante sussurrava
Aos meus ouvidos teus dizeres segredados...
Tão louca, embevecida, minha virgem,
Minha pomba, minha deusa da vertigem,
É dos meus olhos teu real engano...
Que inculta à insanidade ela me via...
Ao meu olhar, que de ambição ensandecia
Sem eu mesmo a ver de corpo humano...
ANSIEDADE
Nada que te fiz foi por querer.
Só quis me afastar desta loucura,
Que é te amar sem vos deter,
Oh, bela donzela e louca criatura...
Não há quem não possa exceder...
Por ser-te tão doce, serena e pura.
Sendo um normal, não pode ser
Pelas inquietações de tua ternura.
Tão forte, mas quase fiquei louco.
Apenas afastar-se de ti é pouco...
Bem que eu tome cuidado agora.
Amar-te já não pode ser disposto.
Não jure amar ninguém por gosto,
Porque o teu amor não tem hora...
CANÇÃO PERDIDA
Quem sabe, talvez, o mundo não me quer.
Serei eu resto dum naufrágio incompleto?
Talvez seja resto de uma madeira qualquer
Sem ter a marca ou penhor d’um dialeto...
Ou, quem sabe, talvez, seja chaga sem poder,
Seja ferida que ninguém vê por completo...
Uma estranha voz, uma canção d’um querer,
Talvez seja eu, um enigma, um ser indireto!
Eu sei que a minha sorte não é neste mundo...
Talvez, pela explosão, d’um céu moribundo
Sou quem anseia estrelas no reflexo do mar!
Eu sei que, nesta esfera, sou um ser perdido
Que busca encontrar neste mundo ferido
Uma melodia, talvez, que seja pra cantar!
O ENCANTO D’ELA
Depois, que ao amor, amo você,
Minha tristeza se vai de mim...
Mas quando o amor nos chega ao fim
Na solidão volto a sofrer...
Em melancolia, tristeza tanta...
Não me há beleza, não me há estrelas;
O amor em mim só se levanta
Quando ao seu amor estou de vê-las...
Não há por quem esse sentimento
Qual de você eu sinto tanto,
Nem paixão, nem movimento
Com tão amor, com tão espanto
Qual de você num só momento
Hão de fazer em mim, sofrer-de-encanto.
O MEU CONFORTO
Sol poente... noite fria! Cá estou! Sou eu.
Eleva-me à fragrância da flor morta...
Que do dia, me restou a vossa porta
Por voltar à luz bendita que morreu!
Sou do teu conforto de saudade
O teu grito erguido em trevas de infinito...
Prega-me à cruz da insanidade
Que sou de ti a história curta de um mito!
Sou eu! Cá estou! Abra-me seus espaços,
Minha cruz, onde morre a minha dor,
Que já breve volta à luz os meus cansaços...
Noite fria... solidão! Oh, meu amor!
Dá-me o conforto dos teus braços...
A ilusão dos meus instantes de primor...
SE TUDO NÃO FOSSE SONHO
Se tudo pudesse ser
Do jeito que é agora,
Do jeito em que me devora
Com tanta ânsia assim...
Se tudo fosse a você
O amor louco que me têm,
O amor que te contêm
Dentro d’alma pra mim...
Seria infinita a paixão,
Seria sem saudade ou ilusão
A forma louca d’eu te amar.
(Se tudo não fosse sonho)
O amor que te disponho,
Eu não mais queria acordar.
DEPÓS A CHUVA
(A prometida)
Então, depois, que chegaste sorrindo
e bela, quando triste eu já estava,
sorriu... a minh’alma, que enlevada
de sonhos, a noite foi se cumprindo...
Hoje, que me és a luz deslumbrada
e infinda, infindo eu me vejo sentindo
orgulho dos meus olhos, que nada
enxergava de esperança se abrindo...
Certo que de euforia imensa e leve
possa pulsar por teu sangue que tece
o meu imenso coração elevado,
Elevar-te-ei o luar da noite cumprida,
por certo que me foi prometida
para morrermos de amor lado a lado...
NAS ERAS D’ ELA
Estrela dos meus céus e dos meus delírios,
Fonte de meus desejos e da minha paixão,
Flor que entre os espinhos me reluz os lírios,
Vida de minha vida e do meu coração...
Lua de cor plena, luz dos meus martírios...
Água de minha sede a me banhar as mãos,
Anciã dos meus pecados e dos meus satírios,
Eis a minh’alma em sua imensidão...
Fazeis d’ela unção, que de mim és santificada.
Oh rosa de acalanto e amortalhada,
Amor de meus amores aos céus perdidos...
Vida que me és estrela aos sonhos loucos
Nada te és em vão, nem tempos são cavoucos,
Eis que n’outro ressurge o teu amor antigo...
A MINHA PROVA
Dados os meus dias de orgulho e de sol
Por Aquele que vence o desalento e a dor.
Fez-me um rei com beleza de arrebol,
Fez-me um anjo d’asas brancas e de amor.
Dados em mim os cânticos do rouxinol
Por os arcanjos das noites e do esplendor.
Fizeram-me alto, um bendito, um escol
Entre os mortais de paixão e de primor.
O mau? O que me interessa se no mundo
Todo o amor foi me dado, e se profundo,
Eu vivo por compor um ente idolatrado?
Eis o meu império de orgulho e de raça...
Minha ação, meus sonhos, minha desgraça
Vence-me à vida o Deus do meu curvado!
AOS CIÚMES D'ELA
Saber dizer-te... ignorar, desprezando
os teus atos, ofusco, displicente
a zumbir os teus medos, e coerente
fazeis te ouvir às zombas revelando:
Por entre cabelos e rosas, cheirando
é cor múltipla, agrado pendente
que entre donzelas me és simplesmente
quem amo, em tua voz despojando...
Abrir aos céus meus cantos! A tua luz
é quem forjar o ouro, quem conduz
os meus sorrisos ao teu íntegro amor...
Que despeito sente, mesmo ensandecida,
nada a mirar por mim em outra vida;
porquanto me és de todo o esplendor!
BEM-AVENTURADO
Abençoado é aquele que de esperança sonha,
Que de julgo é julgado por amor e honra;
Que encontra na fé, a vida; que vive e inconha,
O calor do imenso sol; que a noite, desonra.
Abençoado é aquele que de quietude prega,
Que de alento absoluto ao coração disponha;
Que de mágoas, não devolve mágoas; que cega,
Do fruto execrável o teu sentir à peçonha...
Abençoado é aquele que das águas se banha,
Que das flores, aos jardins se veste em perfume;
Que ensinaste aos humildes tua sã coragem...
Abençoado é aquele que dentre as montanhas,
Dos seus ideais, de bondade reflete o lume,
E que de existência se cria a Deus sua imagem...
A FADA DOS LÍRIOS
Se por simples perversão ela errasse
Em algum lugar da nossa história...
Dos contos, me ficariam à memória
Apenas a expressão do que me falasse...
Se por simples estrelas me contasse,
Os meus agrados ficariam em sua glória
E as minhas palavras compulsórias
Em cada um dos gestos que ela amasse...
Hoje trago de tua face o esquecimento,
Do que me dissesse nos momentos,
De quando tudo nos foi feito de magia...
Se Deus a fez no mundo pra enternecer,
Foi para ao coração eu compreender
Como o tempo a nossa história contaria...
VAIDADE
Como posso dizer-te dos desejos,
Se em mim são loucos também!
Como posso falar-te dos ensejos,
Se me são iguais os que você tem?!
Anseios! Que nos faz enlouquecer,
Perder a razão, completamente!
Demências! Que nos faz sofrer,
Se não às tivermos dentre a gente!
Loucuras! Que dizer-te não podia,
Já que me são também em euforia...
Dentro d’alma, é dor e sofrimento!
Mas, falar-te de amor ao coração,
Talvez eu possa, dizer-te de paixão,
Já que me é igual por sentimento!
ASPIRAÇÃO VIVA
Tu és dos meus dias o vento norte!
A tocar a minha pele em ar quente,
Beijando-me a face, insano, tão forte
Por deixar o meu sentir elouquente!
Tu és dos meus dias a brisa da sorte,
O findar do meu aspecto plangente...
Que, no avarento momento da morte,
Deu-me vida com um beijo ardente!
Morto por cansado num afeto triste,
Deste-me o beijo d’um amor que existe
Dentre as almas mortas esquecidas...
Que bem os desejos que sinto agora,
Sejam eternamente pela vida a fora
Os ventos a beijarem as faces perdidas!
MEU PRECIOSO AMOR
Vem, amor, para quem te ama tanto!
Para quem não sabe mais o que fazer,
Nem mesmo sabe mais ficar sem ter
Os teus sorrisos belos e o teu encanto...
Vem, que te desejo não sabes o quanto,
Vivo por tua paixão, por teu querer...
Sim, amor, sonho e vivo por teu viver,
Sou da tua canção o teu vultoso pranto!
Choro e canto, mas a chorar sem dor...
Na face escorres as lágrimas de amor,
Por tão humilde alma que há em mim!
Tu és da minha vida o tudo que já amei,
A essência mais rara que tanto esperei
Estar aprisionada no meu amor sem fim!
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