Poemas a um Poeta Olavo Bilac
Em cada vida, em cada coração, um dia - por vezes com a duração de um instante - ressoa a dor do mundo. E o homem fica justificado.
O crítico é semelhante ao ator; tanto um como outro não reproduzem simplesmente o mundo poético, mas integram-no, preenchendo as lacunas.
O convívio com um artista não é a melhor forma de desvendar o mistério da sua obra. Mas é talvez a melhor forma de o destruir. Ou de supor que..
Deveria existir uma pitada de diletantismo na crítica. Pois o diletante é um entusiasta que ainda não se acomodou e não está preso aos hábitos.
Quando elas nos amam, não é de fato a nós que amam. Mas é bem a nós que, um belo dia, elas deixam de amar.
A posteridade é um colegial condenado a decorar cem versos. Chega a aprender dez de cor, balbucia algumas sílabas do resto: os dez, são a glória; o resto, a história literária.
Querem conhecer a civilização de um povo? Reparem naqueles que erguem monumentos.
A estreita ligação do erro com a verdade nasce do fato de um erro simples e consumado ser inconcebível e, por ser inconcebível, não existir. O erro fala com duas vozes, uma delas afirma o falso, mas a outra desmente-o.
É preciso que a Terra seja um lugar deveras estranho para a virtude, uma vez que ela aqui apenas sofre.
Quando se vê o estilo natural (do escritor), é-se assombrado e arrebatado, pois esperava-se ver um autor e encontra-se um homem.
Só há vantagem em substituir um homem por uma máquina, desde que esse homem encontre trabalho noutro local.
Não é a multidão... que às composições de um século confere fama e autoridade, mas sim pouquíssimos homens de cada século, ao juízo dos quais, pelo fato de serem mais eruditos do que outros de alta reputação, a multidão acaba por consagrar.
Quanto a sexos, apenas conheço dois: um que se diz sensato, o outro que nos prova que isso não é verdade.
