Poemas a um Poeta Olavo Bilac
ARTE RUPESTRE, O CERRADO
Essa tua diversidade, e encanto
Nos tortuosos tons da natureza
Ecoando no sertão com o canto
Das seriemas, ó quanta riqueza
Em ásperos traços, um recanto
Risca o planalto com a beleza
Do ipê, num ímpar sacrossanto
Causando uma ilustre surpresa
Tortos galhos, bravio trançado
Dos cipós, e o céu, afogueado
Tão soberano, tão misterioso
Em cada rasto, arbusto caloso
Crosta grossa de suco viscoso
Numa arte rupestre, o cerrado.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
30 março, 2024, 20’32” – Araguari, MG
SONETO DO RIO BAGAGEM
A saudade é levada pelo Rio Bagagem
Na correnteza tão cheia de modulação
É canto, é sinfonia, cadência e emoção
Pelos seixos e húmus, poética viagem
Na moela das galinhas de sua margem
Tem diamante! Lenda ou verídica razão
O que voga é que pulsa ingênua a ilusão
Rio encantado, sensação, rútila imagem
No coração, uma serenata melodiosa
Estrela do Sul, teu leito, terra formosa
O borbulhar é história e n’alma cafuné
Assim, em tuas águas, vez em quando
Aquela sorte, a esperança vai lavando
Rio do irradioso diamante, bagageiro é.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
06 abril, 2024, 20’39” – Araguari, MG
*para a prima Lêda Brasileiro Teixeira Vale
VOZ DA TARDE NO CERRADO
Entardecer, a voz da tarde que murmura
No cerrado. Canta a juriti teu canto triste
Sussurra o vento, e o pôr do sol em riste
Fechando o dia, num rubor que se figura
A luz vai e a noite se fazendo tão escura
Na vastidão torpe o pio da coruja insiste
Corta o sossego do poente que partiste
Ficando o silêncio atroador em candura
É o lusco-fusco, crepúsculo e melancolia
Tecendo o ocaso no horizonte de poesia
E o anoitecer com aquele tom encantado
Ó vibração cheia de ruido, de sensação
Coaxa o sapo, o curiango em exaltação
É a voz da tarde no cerrado, em brado!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
07 abril, 2024, 18’05” – Araguari, MG
NOS MEUS VERSOS
Prendo nos meus versos a sensação
de tanto encanto, de tanto fomento
enchendo-lhes dum desejo sedento
que suspira e traz mais e mais razão
Dou-lhes a cor lustral da satisfação
dos dias extasiados de doce alento
aquele toque, o cheiro, o juramento
de tanto, tanto sentimento e paixão
Em seguida, o sentido e o lampejo
criando sedução e trovas em brasas
escrevendo estrofes com sedução
que, depois daquele repentino beijo
que deu aos versos tão infladas asas
fazendo a poética pulsar o coração.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
25/09/2024, 08’43” – cerrado goiano
VERSOS COM SAUDADE
No verso magoadíssimo de saudade
Quase privado de aparato, de alegria
Tão sofridamente a sensação invade
Que nem a emoção, o agrado, sentia
Na poesia, o suspiro de infelicidade
Nas rimas o sentimento que morria
E, no ritmo da poética a banalidade
Cantando, nem eu sei que cantoria
Pranto... sei lá que tanto, apodera
Da solidão, que o coração dilacera
E a nostalgia vem forte na carência
Nem sei se sei onde está o alguém
Apenas sei que dói, vai muito além
Quando se tem uma vital ausência.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
28/09/2024, 18’45” – Araguari, MG
ESTE...
Este, o soneto dum amador obstinado
Em que, viveu cada situação da paixão
Tal diz a prosa do coração aprazerado:
Se havia afeto, ele fiel a sua adoração
Este, o verso com sentimento ritmado
Dentre tantos sonhos, rimas de ilusão
Onde d’alma escoa o tom apaixonado
Enchendo o canto de fluida sensação
Este, o tinido sentimentalista profundo
Em que a nota poética, é um fecundo
Apreço, de encontros e de puro ardor
Este, o sentido dum cântico contente
Deste que no amor existe realmente
O qual sabes que és o singular Amor!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
29/09/2024, 12’55” – Araguari, MG
TUDO TEM JEITO
Soneto, tens nos versos desventuras
Que dói n’alma, ao sentido imploras
Que tudo sente e que tudo ignoras
Deixando a prosa com duras agruras
Assim, obscura e extraviada as horas
Vão as rimas com infinitas amarguras
Num poetizar com tristonhas leituras
Ditas com lágrimas que dá dor choras
Das coisas mais avarentas, as preces
Falsificando o sentimento desafinado
Que escava, trava, intriga, aborreces
Ó inquietude de impiedoso inverno
Não faça de meu versejar saturado
Não há bem que dure e mal eterno.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
30/09/2024, 15’05” – Araguari, MG
SONETO DE LEMBRANÇAS
Poetando depois daquela hora sofrida
meu versar resignado e quase sem dor
recorda a paixão daquele grande amor
aquele, profundo amor da minha vida
Nos versetos, quanta sensação querida
escoam da saudade, agora, sem rancor
se há lágrima perdida, é em tom menor
pois, o furor já sem aquela sanha doída
O sentido, o que resta agora, guardado
na memória, com cheiro e significado
remindo as juras desleais, sem fianças
E, que foi eu, afinal, neste sentimento?
Sei, que fui mais que apenas momento
a suspirar neste soneto de lembranças.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/10/2024, 15’20” – cerrado goiano
BEM-ESTAR
Ó, bem-estar, escuta, estou aqui
A minha felicidade bem conhece
Sou agrado que no prazer cresce
E que na satisfação suspira por ti
Riso, sou mais paz, nunca perdi
Teu versar quer tal a uma prece
Um renovo que na rima aparece
Dando o testemunho do que vivi
Ó, alegria és tu em mim, virtude
Um sentir à frente, sempre pude
Querer-te boas sensações trazes
Então, com tua ventura vou além
É emoção sentimento e também
Fé. Pois, eleva o bem que tu fazes.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
05/2024/16’21” – Araguari, MG
CERRADO EM PAUTA
Cerrado, além chão, quanto elemento:
diversidade, mistério e toda sua galeria
formoso, glorioso fascínio, árida poesia
pura magia, e o belo maior sentimento
Cada canto o encanto, singular intento
e que toda imaginação, tom e sinfonia
envolvendo a sensação em policromia
que há de aprisionar o mais desatento
De toda narração o mais condimento
só de vos provar, sertão. Tão singular
perceber é vivenciar-vos, eu bem sei
Porque por saber aprecio o momento
tomando privilégio, fazendo apreciar
pois, a cada dia notando mais prazei.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
12/10/2024, 21’01” – cerrado goiano
CARECENTE
Se eu peço ao verso para ter piedade
que não seja hostil a uma trova dócil
dizes que sou tão rude e um tanto vil
querendo um rimar com sensualidade
De onde vem tão pouca serenidade
se pouco o poetizar aparenta gentil
mais atento e amável, terno e sutil
sem aquele tom com voracidade?
Meu suspirar dolente e tolo chora
nos versos que vem e vão e, assim,
embalados em tristura, vêm afora
Parece então que tudo é apenas dor
pondo o versar triste diante de mim
carecente de apego, emoção e amor!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
15/10/2024, 14’16” – cerrado goiano
AO SOM DA SAUDADE
Ó, cessai, que está cadência entedia
Aperta a sensação, causando lacuna
E, com tristonhos ritmos importuna
Sem a poética que o amor quereria
Deixa inquieta e desejosa a poesia
Indo em busca de recordação una
Se com a falta o vazio se coaduna
Então, não deixai estar na teimosia
E, o que passou no passado perece
Ao vento ali mirrando. Ó agitação!
Que tédio amargo está lembrança:
Viver catucando a chaga em prece
Ter o versejar turrão na inspiração
E a saudade em uma eterna dança.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
19/10/2024, 13’15” – cerrado goiano
CERRADO GOIANO (soneto)
Como acho encantado o cerrado goiano
tricotado de fascínio, fico espantado!
Dum chão e dum horizonte arregalado
Em um plural enredo - anelado e plano
De diversidade, se veste, aparato insano
tem tempero, cheiro, tom, um arestado
sentimento no considerar, tão elevado
também, um estio impiedoso e tirano
Alegórico! Magnetiza tudo e tudo entoa
seus arbustos tortos cheios de sedução
e teus cantos, tantos, na vastidão ecoa
Os elogios são vãos, a tanta relevância
sua atração alicia, ó poesia e canção...
Tu cerrado goiano é fecunda estância!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21/10/2024, 16’20” – cerrado goiano
REVELAÇÃO
Carinhosos versos meus, que revelam
Do agrado em riste a alegria suprema
rimas de ventura, e ritmada vibração
paixão, suave magia, sincero poema
Canto, canto a envoltura da emoção
a suspirar o amor! Tão castiço tema
ardente, sim, e intenso de sensação
versejos, com perfume de alfazema
De certo no poetizar reaverei, eu sei
em um sabor suave vindo do coração
e eu, na cadência então encanto terei
Vós, enlevo, testemunha da satisfação
ah! quanto, quanto sentimento hei...
Carinhosos versos meus, que revelam.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25/10/2024, 20’22” – Araguari, MG
Sou o motivo do sofrimento de duas mulheres. Uma me ama e outra me prende.
Das duas uma eu amo e outra
Em breve adeus, mas ambas
Que me amam eu amo sem
Ser de nenhuma e uma por
Mim faz tudo e a outra de mim
Tem tudo...quase nada
A TARDE
Talvez por seres, para mim, a poesia
de beleza fenomenal, vem, notável
entardecer, enche o olhar de magia
me doando uma sensação adorável
Trazes do colorido o tom e a melodia
da luz que cessa no ocaso admirável
és o fulgor, que do encantado irradia
e que na alma sente, assim, louvável
Finda o dia, acontecido, numa prece
delirante via, embalado pelo poente
levando a ilusão que não se esquece
Enquanto o céu hispa, na cor carmim
no horizonte o lusco-fusco, acontece
abrasando a sedução dentro de mim.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/10/2024, 17’07” – Araguari, MG
VERSAR NA MEDIDA
Quando, com ardor, o amor fulgura
no verso tal a uma chama do desejo
que instiga, e se doando em cortejo
versejo a poética com terna doçura
Quando, a cada verso a emoção vejo
no sublimar há um misto de ternura
colocando o rimar em plena loucura
aí, sublinho mais, cada sedutor beijo
quando, enternecido, nesta sensação
num delírio de sentimento e esmero
assim, na prosa a paixão fica querida
e, se crio uma frase enamorada, então,
o soneto se faz em um amante sincero
e a poesia poetiza o versar na medida.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29/10/2024, 18’50” – Araguari, MG
SONETO COM DOÇURA
Doce poética, doce verso, doce doçura
doce tom, doce soneto que hei escrito
doce rima tão docemente do amor dito
e que tem paixão, duma doce candura
Sentimento, a doce palavra que figura
no profundo d’alma, em um doce grito
ecoado inteiro e docemente do espírito
criando versetos tão cheios de ventura
A métrica terá que com doçura se diga
sussurros ao ouvido onde afeto impera
dando ao versar doce sentido a trama
Ó sorte com doçura em uma doce liga
tão docemente com a emoção sincera
que torna doce o verso quando se ama.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/10/2024, 20’34” – Araguari, MG
POEMA NÃO TENHO
Poema não tenho, para te dar a poesia
temo, gesto, ardo em fogo, peço apelo
ao coração, e aguardo pelo poético dia
de sentimento atraente, sem contê-lo
Liberto, os versos se abrem, ó alegria
escolhe o sentido, e assim escolhê-lo
dando causa, cheiro, amor e cortesia
criando canto com terno verso singelo
Agrada, a mim mesmo, ter requisitado
pois, em cada sensação, então, cortejo
sinto-me, vejo com emoção, doce hora
Afeto me apraz, e versejo, afeiçoando
sonho sonhando, nas asas do desejo
quero viver, e ter mais que um agora.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31/10/2024, 18’45” – Araguari, MG
VALOR MAIOR QUE ZERO
Confiante que a inspiração enfim me venha
pra que de belos versos seja a minha poesia
em uma poética para ti, com oferta e alegria
com amor, assim sendo, uma terna resenha
Eu não saberia lhe dar prosa com desdenha
Compondo a ilusão com transtornada porfia
com que o sofrer no poetar fosse meu guia
quero é cantar-te com paixão que sustenha
Ó coração, ó desejo, ó emoção, ó vacilação
justo na imprecisão se torne o meu pecado
e falta de sentimentalismo dos versos meus
Só tu és certo. E que bate forte na sensação
não rime o poema com este tom desafinado
se o que cadencia é ritmar-me nos tons teus.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04 novembro, 2024, 16’10” – Araguari, MG
*chove no cerrado mineiro
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