Poemas a um Poeta Olavo Bilac
Foi quase um poema,
quase foi um suicídio,
era quase um eu te amo,
quase era um amor.
Hoje é saudade,
é hoje solidão,
foi uma grande decepção,
uma decepção já se foi.
Amanhã serão lembranças,
será amanhã esperança,
o ontem eu já esqueci,
ela também me esqueceu ontem.
Era quase uma poesia,
quase foi uma história de amor,
foi quase um amor,
talvez eu seja quase poeta ou
um poeta do quase.
Sofrível
A Vida apenas conhece a Vida.
E lhe empresta um momento
único de ser.
Esse momento. Embora saibamos ser
as vezes cruel.
Não precisa ser sofrível.
Porque; sofrimento,
e uma maneira de estar no mundo;
na forma de vício.
Ao apego de um momento
já inexistente na Vida.
Que é a única que prossegue.
marcos fereS
Menina foi pro parque ao meio dia,
Condessa no País das Armadilhas,
Autopsia um tanto inconclusiva,
Inerte, jazendo em mesa frígida.
Os fios do tapete
A realidade formando,
Os próximos pensamentos.
Em um caldeirão de ideias,
Fervilhantes.
Obrigando tudo que é ser,
mexer-se em forma de massa.
Desejando ou não.
Aperfeiçoando.
O todo conhecido.
Ad eterno. Antes de linha;
da compreensão. Para depois.
Tecem-se os fios,
E destinos pessoais e coletivos.
E o lugares reconhecidos por todos.
Que sempre estarão no meio da fila.
Inexistindo outro lugar,
Para chegar. A não ser;
A do próximo momento.
Sendo trabalhado pelas mãos,
do próprio criador.
Marcos fereS
As 24 horas vividas de um Verme
00h00 – Nascimento para uma existência imperceptível
01h00 – Descoberta dos primeiros sentidos (dolorosos)
02h00 – Engatinha emitindo sons pouco compreensíveis
03h00 – Inicia-se o adestramento de insignificância
04h00 – Aprende a armazenar desapontamentos
05h00 – Forçosamente é inserido à colônia parasítica
06h00 – Sofre os maus tratos que traçarão sua deformidade
07h00 – Perde qualquer doçura que jamais teve
08h00 – Segue-se o adestramento de insignificância (nível intermediário)
09h00 – Realiza cursos complementares de sadomasoquismo e submissão
10h00 – Conhece a larva que viverá ao seu lado pelos segundos que lhe restam
11h00 – Conclui o adestramento de insignificância (nível superior)
12h00 – Horário reservado para a única refeição que fará
13h00 – Forçosamente é inserido à colônia parasítica profissional
14h00 – Procria com o desígnio de dar continuidade ao sistema vigente
15h00 – Festa das quinze horas vividas de um verme (se for abastado)
16h00 – Desenvolve-se em sua abreviada e meteórica carreira parasítica
17h00 – Destrói a abreviada existência imperceptível de outros vermes (ônus)
18h00 – Recebe o retorno frutífero por 240 minutos de dedicação (bônus)
19h00 – Forçosamente é extraído da colônia parasítica profissional
20h00 – Reflete sobre os danos, prejuízos, lesões, estragos e avarias sofridas
21h00 – Aprende artesanato (devaneio que deslumbrava na fase juvenil)
22h00 – Adoece sem amparo do estado maior ou seguro previdenciário
23h00 – Morre desejando nunca ter existido
24h00 – Obtém sua Redenção (ato ou efeito de se redimir)
Seus tornozelos doloridos,
Um repuxão, devido à queda do balanço.
Mas surgia um novo dia,
Ela enrolou seu lenço no pescoço,
Um desjejum de algumas delícias.
Mamãe abotoou a gola de linho,
Penteou seus cabelos, fez carícias,
Regou as plantas com carinho.
Colheu um ramo de cerejeira,
Organizou a estante, os bibelôs
E as porcelanas na penteadeira;
Encostou as tramelas dos vitrôs.
Num abismo ruiu o humanismo,
Perpetuou-se o sacrilégio,
Entre o maligno e a bondade,
Um eterno conflito cego.
Degustando a programação,
Cuspida de seu televisor,
Vomitando a superstição,
Que veio impor um estupor.
Longa Róliudiâno
Produção barata,
Intérpretes de terceira,
Tapumes pré-moldados,
Um script de asneiras,
O possante, os malvados,
Pancadaria e bebedeira,
Rachas, berros, tiroteio,
A cachoeira, a ribanceira,
Jaquetas pretas, o rodeio,
Marshmelows e a lareira.
Trampando em lanchonete,
Tramando contra o tédio,
Trafegando na internet,
Traficando seu assédio.
Nível tático e diabólico,
Arremessando o currículo,
Adversários do bucólico,
Avaliados num cubículo.
Degustando a programação,
Cuspida de seu televisor,
Vomitando a superstição,
Que veio impor um estupor.
Taquei noutro canal, cansei daquela vista,
Tive a impressão de que me vi Protagonista.
John, Jane and Joanne,
Loucamente alucinados,
Trucidando o quotidiano,
Exaltados, desvairados,
Num Longa Róliudiâno.
O céu
Posso flutuar como uma águia
Posso flutuar como avião
Mas se não tiver asas
Tenho um céu magnífico na cabeça
Pra sonhar, pra imaginar
Pra almejar se chegar
No céu do infinito, no céu do paraíso
Sem limites, mesmo com os pés no chão
Para quem olha pra cima e sonha alto
Não há caminhos para pernas paradas
Não há esperança para mentes travadas
No céu moram os anjos para nos abençoar
O céu traz esperança pra caminhar
O céu traz o horizonte pra se enxergar
Quando suas cortinas de nuvens se abrem
Decreta um novo dia que irá começar.
Síntese Nossa em Minha Sinopse
Sinto-me fraco,
Síndrome da falta,
Porto um vácuo,
Uma pausa na pauta.
Estagnado em minha lauda,
A cobertura sem a cauda.
Ouso escutar a cantoria,
Ouço executar a sinfonia,
Simpática força que culmina.
Sinto-me Senhor
Da minha própria sorte,
Síntese nossa em minha Sinopse.
Sou sua serifa,
Tu és minha haste,
Me mantém proporcional,
Irracional em minha arte.
Não escrevo mais
O que vem da inspiração,
Pira-me a tua tenaz convicção.
O diário está mudo,
Nada mais me diz,
Fui criado graúdo
E a grafia não condiz.
Mas antes de ontem
Se antecipou,
Hoje é a conseqüência
Do que passou
E também somou
E tão bem semeou.
Sinto-me Senhor
Da minha própria sorte,
Síntese nossa em minha Sinopse.
Sente-se agora,
Sinta-se com vontade,
Sossegue e levante sem alarde,
Ainda não é tarde
Para aliar, para obter, para habitar.
Sinto-me Senhor
Da minha própria sorte,
Síntese nossa em minha Sinopse.
Poderia ser um índio anônimo,
Impetuoso em seu frenesi,
Mas consagrou-se como São Gerônimo,
Salvador dos Apaches, protetor dos colibris.
Presentearam-no com usura,
Na fúria que se sucedeu,
Vinte anos de clausura,
Por um crime que não cometeu.
Gerônimo
(Nos Estados Banidos da América
a Narrativa de um Nativo Americano)
Poderia ser um índio anônimo,
Impetuoso em seu frenesi,
Mas consagrou-se como São Gerônimo,
Salvador dos Apaches, protetor dos colibris.
Cravejou bravamente tua adaga,
Nos que violaram teu brio.
Ele não foi um índio anônimo,
Ele tinha um nome, Gerônimo !
Presentearam-no com usura,
Na fúria que se sucedeu,
Vinte anos de clausura,
Por um crime que não cometeu.
Colonizador ávido em louros,
Gerônimo perdido em apuros.
Nas Planícies erigiriam condomínios,
Ceifaram os espíritos de sua linhagem,
No deserto levantaram um cassino,
As Doutrinas escoaram pela margem.
Porventura não tornou-se um engano,
A narrativa de um nativo americano.
Toda vastidão de uma peleja épica,
Ocorrida nos Estados Banidos da América.
Ele não foi um Índio anônimo,
Ele tinha um nome, Gerônimo !
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