Poema na minha Rua Mario Quintana
A imagem de Capitu ia comigo, e a minha imaginação, assim como lhe atribuíra lágrimas, há pouco, assim lhe encheu a boca de riso agora: vi-a escrever no muro, falar-me, andar à volta, com os braços no ar; ouvi distintamente o meu nome, de uma doçura que me embriagou.
Se você me possuir e fôr dono da minha vida, eu serei seu escravo. O escravo não pensa, não tem vontade própria, muito menos brilho no olhar. Ele simplesmente obedece e segue a seu dono. Se eu fôr um ser sem vida, será que você continuará a me amar?
Acho que é melhor nos separarmos e eu ir tocar a minha música em outro lugar, com todos os meus preconceitos burgueses de fidelidade.
Cansei de ficar sentido pena da minha situação, agora estou dando a cara a tapa pro que vier, pois já fracassei tanto que não tenho mais medo de me ferrar.
Perdoe-me, não fui boa o suficiente para você. A minha intenção nunca foi ser boa, não tenho vocação para santinha, comportadinha, bonitinha, queridinha, inha, inha, inha. Bato boca, reclamo, faço esparro, tenho ataques, sinto ciúmes, sou espalhafatosa, escandalosa, espetaculosa, ponto.
Jamais subestime minha inteligência, não sou apenas um rostinho bonito! Sou feita de amor, humildade e ótima personalidade! Carrego em minha bagagem uma capa protetora, chamada de sabedoria e muita fé.
Minha luta diária é para ser reconhecida como sujeito, impor minha existência numa sociedade que insiste em negá-la.
Um dia talvez. Daqui um ano, ou um século. Você vai aparecer na minha porta e me deixar te mostrar o que o mundo tem a oferecer.
Sei que a tua boca já beijou a outra que não a minha. Sei que já amou a outros quando não me conhecia. Mesmo assim, teu carinho me tomou o peito, e hoje sem você não mais consigo ser do mesmo jeito.
Tenho tantas cicatrizes em minha alma que ela mais parece um quadro pintado por Pablo Picasso em um dia de chuva e muita tristeza. Você não imagina a bagunça. É bonita, mas assusta.
Aprendi que a minha felicidade sempre vai incomodar aqueles que não têm a ousadia e a coragem de buscarem a sua.
No meu caminho, o abraço é apertado, o aperto de mão é sincero, por isso, não estranhe a minha maneira de sorrir, de te desejar o bem; eu sou aquela pessoa que acredita no bem, que vive no bem e que anseia o bem...
E ele escolheu ser quase tudo na minha vida. Escolheu ser amor, saudade, amigo, companheiro, idiota, eterno, único… Menos meu.
O amor uniu-os e foram viver num pequeno poema, na rua da poesia. Nasceram poemas. Tiveram de alugar um poema maior para abrigar a família de poetas. Cresceram e foram estudar na universidade da poesia. Eram tantos os poetas. Ali aprenderam o sol, o vento, o mar, o canto das aves e o amor. Envelheceram juntos num poema e morreram por poema naquele pequeno poema onde outrora o Amor nasceu. Na Rua da Poesia.
Ao longo dos anos tenho buscado o significado de ser professor. Me deparei com Mario Sergio Cortella que “ser professor é a incapacidade de ficar contido dentro de si”. E descobri ao longo dos anos também que “ser professor não se resume em sala de aula, todos nós sem exceção temos algo a ensinar e aprender (CLARIANO DA SILVA, 2016).
