Poema Maos de Semeadora Cora Coralina
CHÃO E MESA
Não gosto de amores assim
Comidos de garfo e faca
Pelas beiradas 
Degustados em pequenas porções 
Muito menos de amores frios 
Que ficam no canto do prato
Já não descem na garganta 
Nem pode ficar pra amanhã 
Gostosos são aqueles comidos como fruta 
Arrancados do pé ou pegos no chão 
Mordidos com vontade
Que escorrem pelo canto da boca
Meus músculos estão anestesiados
Minha alma está adormecida
A investida da escuridão, me traz solidão
A solidão inimiga do meu coração.
Viver assim não é bom
Eu só queria ter algum dom
Será que está tudo acabado ?
Meu coração dói, como se fosse fuzilado.
LABIRINTO 
Quando contigo me embolo
Já nem sei 
Se quero ser laço 
Ou se darei nó
Quando em mim te enroscas
Posso ser labirinto 
Caminho sem volta.
.
NO SILÊNCIO 
Em nossa longa conversa
Você com seus silêncios 
Eu com meus suspiros
Parece que tudo foi dito
Sem ser preciso palavras.
Em nossa longa conversa
Os olhares disseram 
Tudo o que a boca se negou pronunciar.
INSONES
Em minhas madrugadas insones
Amarroto os lençóis 
Desforro a cama
Mexo 
Remexo 
Apalpo
Procuro seu corpo na cama vazia
Sonho acordada 
Adormeço ao raiar o dia
Quando você se vai.
Flor di mel
Uamor é a eterna lua di mel
Seja amanti infinitu isi distancie du véu du 
passadu e du disconhecidu futuru
Seja somenti abismu nu presenti.
Tormenta
Uamor é como flor qui só disabrocha na intimidadi
É como gota quiscurrega na bainha du vento
É como onda qui suspira na saia du mar
É a sinfonia mais pura du Zóio da Alma
Despidida
Meninu
Nuá segredo escondidu
Quando si tem pouco a ser dituai
Silencie púrum instanti...
Agora iscuti...
- É o coração!
Lembri-si o incontru é sempre nu Véu Duoiá
Capinando o Zóio 
Meninu qui cê tá fazendo?
- Capinando o Zóio uai.
Mai pra quê homi de Deus?
- Pra nascê Flor!
- É pumodiqui em todo Zóio siscondi uma Flor
E toda flor tem qui ser regada
Assim como o Amor
Serpentina Colorida
Ocê nué um sonho,
É existência mais bela,
É a estrela sem nomi,
É fascínio e delírio
É o vazio mais preenchido
É pumodiqui ocê é a morada du Infinitu
Feliniana
Agora penso 
Qui boca é essa?
Qui mata a sede e beija Flores
É a porta perfeita dos desejos indiscretos 
Iscondi sorrisos di infância
Agora penso
Qui boca é essa?
Quinú fala com palavras
Essa boca é danada ficou mal acostumada 
Nú pensava em ouvir nem amá-la
Mas essa boca é encarnada na linha doci du beijo
Constelação di Zúria 
A Estrela pousou em meus versos
Em Alma Alumiou
Ouso insinuá qui é Amor
Aparecesti Suave vestida di Coragem
Arrebanhou Magnólias
Arodiou o meu Oiá
Nu Vão entre o Céu e a Terra
Tu és Trampolim di Bem-Querê
Disnorteia Peli
Arrepia o Riso
Oh Musa Estrelar!
Discansa em Mim seus ternos Beijos
Assim Transcendemos a Vida
Para Imprimir Colores
PALESTINAMOR
Queremos la pAz 
Uamor habitado
Quieremos
la seguridad de la vida
Humana entre ela mundo
ROTEIROS 
Em meus devaneios
Vou rasgar os roteiros da peça escrita pra mim
Mudarei todas as falas 
Sentarei em outro banco de praça
Mudarei de calçada
Vestirei outra cor
Hoje vou desligar a TV pra assistir as estrelas
Deitarei do outro lado da cama
Adormecerei com o sol
Vou passear com a lua
Hoje deixarei a rotina
Virarei do avesso
Conhecerei outra de mim.
REBELDIA
Num ato de rebeldia
Usei papel e caneta
Escrevi uma carta a alguém 
Li um jornal
Numa luta contra o sistema
Troquei likes por abraços 
Mensagens por olho no olho
Sentei com um amigo pra um café com bolo
Num ato de revolta
Escancarei a porta
Saí para vida.
FILTROS DE BARRO
Em meu tempo de criança 
Bebi água em filtro de barro
Gostava de ouvir seu lento gotejar
Demorava pingar a gotinha
Acho que queria nos dar seu melhor 
Por isso demorava a filtrar
Coitado do filtro de barro
Foi descartado
Trocado
Já não cabe nas casas modernas
Pensando bem...
Hoje tudo parece descartável 
Nada pode dar trabalho 
Prefiro relacionamentos
Que sejam como filtros de barro.
GARRAFA VAZIA
Encontrei uma velha garrafa vazia jogada na areia
Trazida pela maré
Aquela garrafa um dia trouxe felicidade a alguém 
Talvez tenha participado de uma festa
Comemorado um nascimento 
Ou alegrou boas conversas entre amigos 
Agora desprezada
Triste
Sem serventia 
Em minha utopia resolvi tirá-la daquele triste fim
Escrevi um poema em um papel 
Enrolei
Coloquei dentro da infeliz garrafa
Lancei-a ao mar
Quem sabe um dia ela chegue em alguma praia 
Presencie novamente o sorriso de alguém.
INTEIROS 
Só gosto do todo 
Sem reservas
Sem pedaços 
Já não quero nada partido 
Sem meias verdades
Meias palavras 
Meias certezas 
Meias entregas
Nunca fui metade
Sem você sou inteira 
Com você eu transbordo.
VAZIO
Das muitas e muitas andanças 
Das mais variadas paisagens
Dos desvelos recebidos
De todos os atropelos que se pode dar
A alma quer sempre mais
Nada lhe basta 
É fome que não se sacia
Trilha que nunca termina
Gotejar incessante em cavernas vazias 
Seu buraco é do tamanho de Deus.
Elis Barroso
JÁ NEM SEI
Não sei se sou eu que grito
Ou roubei a voz de alguém 
Se a dor que sinto é minha
Ou sofro por outra pessoa
Já nem sei se sou dona dos versos 
Ou eles são donos de mim
Como é duro ser poeta
Que se afoga nos próprios versos 
Ora chora
Em outra ri
Se esvai em grãos de areia
Renasce da folha morta.
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