Poema Maos de Semeadora Cora Coralina
Namorados no mirante
Eles eram mais antigos que o silêncio
A perscrutar-se intimamente os sonhos
Tal como duas súbitas estátuas
Em que apenas o olhar restasse humano.
Qualquer toque, por certo, desfaria
Os seus corpos sem tempo em pura cinza.
Remontavam às origens – a realidade
Neles se fez, de substância, imagem.
Dela a face era fria, a que o desejo
Como um hictus, houvesse adormecido
Dele apenas restava o eterno grito
Da espécie – tudo mais tinha morrido.
Caíam lentamente na voragem
Como duas estrelas que gravitam
Juntas para, depois, num grande abraço
Rolarem pelo espaço e se perderem
Transformadas no magma incandescente
Que milênios mais tarde explode em amor
E da matéria reproduz o tempo
Nas galáxias da vida no infinito.
Eles eram mais antigos que o silêncio...
Por quê foi tão fácil ir embora?
Por quê, foi tão fácil para você me deixar?
Fazem três anos, que estou juntando todos os cacos do meu coração
E pra você, foi tão fácil ir embora
Quase todos os dias, é uma luta continuar vivendo
Eu tento preencher o vazio que você deixou
Mas, nada resolve, nada conserta o quê você quebrou
O quê você destruiu
Não importa como eu tente, sempre penso em você
Sempre lembro da última vez, que foi me buscar no ponto, voltando da faculdade
A pergunta é sempre a mesma, o quê eu fiz de errado?
Se eu concordasse em ter um gato com vc, você teria ficado?
Se eu tivesse um bebê, você me deixaria?
Você me deixou, porquê não me amava mais?
Eu não era suficiente pra você?
São perguntas que você não teve a decência de me responder
Você é um ser tão desprezível, eu sinto nojo de você
Mas, eu ainda te amo, e isso é uma Merda
- 13 de Julho de 2020
Quando alguém te procura nos dias difíceis,
ela não está só buscando palavras.
Está buscando aquilo que Deus colocou em você.
Talvez seja o jeito como você escuta…
Ou o silêncio que acolhe sem julgamento.
Talvez seja a leveza com que você diz: “vai passar”.
Ou a firmeza suave que acende coragem em quem já estava quase desistindo.
Aquilo que você oferece,
sem nem perceber,
é reflexo do que Deus confiou às suas mãos.
Sua presença é instrumento.
Seu cuidado é dom.
Seu jeito de amar é resposta.
Então, não se anule.
Não duvide.
Você tem sido abrigo — mesmo sem saber.
E isso… já é milagre.
— Edna de Andrade
@coisasqueeusei.edna
Sorte
Existem 2 trilhões de galáxias e, até este momento, foram descobertos cerca de 150 planetas, pertencendo 8 nosso sistema Solar. Já em nosso planeta, há 6 continentes, 193 países e por volta de 7 bilhões de pessoas. Em aproximadamente 4,54 bilhões de anos de história eu nasci na mesma época, galáxia, planeta, continente e país que você, qual a probabilidade? Meu amor por ti não caberia no Aglomerado de Virgem.
Liberdade
Eu aprendi a viver com a dor da tua ausência, como um sapato apertado, calcei um par de culpa e segui adiante, hoje me livro deste aperto, não poderia deixar passar o dia mais feliz da minha vida sem uma marca, pegadas, descalço de espírito escrevo esse texto.
Sublime
Fiz grandes e nobres propósitos, mas sou tão pequeno,
Sim, tão pequeno e insignificante.
Observo as grandes cidades de concreto e aço,
Entre arranha-céus que roçam o céu,
Vejo pessoas cruzando as ruas, e os carros.
Há vielas estreitas, onde cada pequeno passo
Descobre o encanto revelado pelo tempo,
Que talvez se perca nesta vida vulgar,
Mas permanece gravado em grafites vulgares.
Vida vulgar, vulgar, como um mendigo verdadeiro.
Vou ao campo e vejo os animais, e as crianças,
Nos vastos jardins, entre rosas delicadas e lírios em flor,
O perfume suave que enche o ar, e o vento que acha meu cabelo.
Cada pétala, um juramento de amor...
Assim saibamos valorizar o simples, o modesto, o singelo.
Descobrir o sublime no cotidiano, no ordinário,
Na essência real das coisas,
Encontrar a beleza que transcende o mundano,
A verdade mais metafísica.
Por trás de cada nascer e pôr do sol dourando o céu,
Onde há pequenos planetas distantes,
Sob os verdes tapetes e vastos campos,
E na imensidão divina, onde o céu se alarga no firmamento.
Sempre há pequenos milagres a perceber,
Em cada gesto simples, um mundo descoberto,
Na plenitude do ser e do existir,
Onde a grandeza habita nas igrejas e casas, e nas mentes,
Onde podemos vislumbrar o infinito num beco e ouvir a voz de Deus num viaduto.
Mas sou, e serei sempre, o que não soube, fiz de mim sublime, humano.
Eu sinto uma profunda dor silenciosa...
Gosto do som da música, do percurso
da minha casa até o trabalho;
estou sempre ouvindo música.
Em casa e no trabalho, ouço o barulho
dos carros, dos comboios e de toda a gente.
Chego em casa, ligo a televisão e ouço o noticiário:
outra vítima do silêncio se atirou
nos ruidosos trilhos do trem.
No trabalho, ouço o rádio, que toca uma música ridícula, e
minh'alma sofrida dança desolada.
Gosto do som da chuva, lágrimas do céu;
até os homens choram, silenciosamente.
E o choro da terra é abafado
pelos nossos gritos ambiciosos;
ouço o barulho das fábricas, corro para o campo,
e a chuva, tempestuosamente,
em seu suave cair, encharca meu coração ressecado.
Gosto do canto dos pássaros;
da minha cama me levanto,
e nela me deito, ouvindo os tordos ao amanhecer
e os urutaus ao anoitecer que, calmamente,
levam distante meu espírito atormentado.
Gosto de deitar-me e dormir
com o barulho do ventilador;
porque gosto de barulho,
assim silencio os gritos sussurrados
em minha cabeça. E eu, que tenho sido tão quieto,
se os ouço e me falam, descanso resignado.
Eu não estou só, não, definitivamente não estou,
mas a solidão insiste em me ter por companhia.
Sinto-me só, e há uma grande diferença
entre ser e sentir. Não sei como posso
ser útil à sociedade; génio? Não sou, nem quero ser.
Suficiente é ser humano, com todas as minhas
fragilidades, e talvez isso já seja o bastante.
Me deram por louco, e contento-me em ser louco;
deixem-me ser louco!
Dispenso a companhia dos que se acham
cheios de verdades; prefiro a solitude,
ainda que sentir-se só seja um golpe
forte demais. O peso que me foi imputado
ao nascer é grande, e para isso sou fraco
demais.
Sim, estou rodeado de pessoas, pessoas a quem
eu amo e que me amam, acredito eu,
mas como pode um homem nesta posição
não sentir? Como aquele que agasalha,
e agasalho há para quem tem frio,
mas não se sente aquecido.
A morte não me assusta.
Não mais.
Ela chega de mansinho,
puxa uma cadeira, cruza as pernas
e me observa em silêncio,
como quem espera o fim de um café frio.
Eu respiro fundo e finjo que não a vejo.
Acendo um cigarro, mexo na xícara,
brinco de ignorar o inevitável.
Mas sei que ela está ali — talvez sempre estivesse.
E isso me arranca um riso sincero.
Não que eu não ame a vida.
Amo. Mas, às vezes, a vida pesa,
vira conta vencida na gaveta,
pedra no sapato.
Às vezes, ela pede trégua,
e eu, sem jeito, sigo a marcha dos desesperados.
Então, a morte chega sem anunciar.
Não bate na porta, não tosse no batente.
Apenas entra, senta,
ajeita o capuz do manto
e me olha, como quem diz:
"Você sabia que eu vinha."
E eu sabia.
Desde sempre.
Ela não é susto, nem castigo, nem fim.
É como uma palavra mal dita
que o poeta decide engolir.
Um fardo que escorrega dos ombros,
um corpo que desaperta e, enfim, flutua.
E, no fim, talvez seja isso.
Não um adeus, mas um aceno comedido.
Só morre quem viveu, quem gastou os sapatos,
quem aprendeu a tropeçar sem medo.
E eu?
Eu aceito.
Porque talvez só quem morre entenda, por fim,
que viver sempre foi um jeito
— sutil, distraído, inescapável —
de ir embora.
Creio no Sol,
Não por uma razão qualquer,
Mas porque ele é,
Como a dúvida que sei existir.
Distante, me toca,
E eu o vejo,
Sem chamar.
Ele está —
E isso basta.
Sua luz atravessa o céu,
E eu a sinto
Sem perguntar o motivo.
É natural crer no Sol.
Ele é real,
Como o chão que piso
Ou o ar que respiro.
Está sempre,
Mesmo que eu não o olhe,
Sem fim ou destino que eu entenda.
Não rezo ao Sol,
Não peço mais calor,
Nem mais luz.
Ele é o que é,
Parte do que acontece.
O Sol não me pede,
E eu não lamento sua ausência,
Como não lamento a sombra
Que se alonga quando o dia se vai.
O Sol é o que acontece,
E não importa se acontece ou não,
É continuidade
Que segue sem depender de mim.
Não penso no Sol
Para saber que ele é,
Simplesmente.
O que se revela não precisa de razão,
É o fato de ser.
E quando eu partir,
Ele seguirá a brilhar
Para justos e injustos,
Pois não depende de mim.
E eu, então,
Serei apenas uma parte,
A me dissolver na sua luz.
Eu tenho o péssimo hábito
de amar tudo aquilo
que me escapa à mão.
Talvez o amor, em essência,
seja um desejo inatingível,
perseguindo incansavelmente
o próprio rabo, como um cão à roda.
Carrego em minha pequenez
a cruel ironia
dos sonhos que, alçados,
se erguem como montanhas firmes,
e que, num instante breve,
se desmoronam em montes de areia.
Soterrado pela rotina,
pela futilidade do dia-a-dia,
sinto o peso da realidade
que escorre entre meus dedos
como areia numa ampulheta.
Talvez esperar que o mundo
se despenhe em barranco,
e morrer deitado à sombra
não seja de toda a má ideia.
O Eremita
Com lentes tingidas de um brilho sombrio,
Meus olhos, embotados de dor e lágrimas,
Veem o que outros não percebem, no silêncio confinado.
Com olhos que ultrapassam o véu da realidade,
Sou um estranho em minha terra, sem lugar para pertencer,
Amei com a quietude de estrelas esquecidas,
Sonhei com a vastidão de galáxias perdidas,
Mas meu coração é um relicário de esperanças defuntas,
Um navio sem ancoradouro, perdido em um oceano de solitária penúria.
Sou um homem que, em suas próprias marés, se consome e se afoga
E, nas profundezas da mente, se perdeu.
Epiderme
Dentro de mim habita o verdadeiro terror,
Onde os monstros se escondem sob a pele,
Revelando a verdade que nos abate,
Não se iludam, aqueles que confiam em nós!
Não há cama que os oculte, pois não se escondem debaixo dela,
Mas por baixo dos lençóis e os seres, onde não há certezas,
Não creio em mim, com certeza, sou um monstro, não mártir, nem herói.
Mediocramente humano, foi minha vida, escravo do que nunca serei
A capacidade humana, essa sempre me aterrorizou mais que fantasmas.
Consagro a nós o desprezo, tudo isso seja o que for que sejas
Aqueles que confiam, não se enganem.
ORAÇÃO DA MANHÃ
Senhor,
o dia está só começando,
e eu te agradeço pela chance de recomeçar.
Obrigada por me despertar com vida,
com fôlego, com esperança.
Mesmo sem saber tudo o que me espera,
eu sigo… porque confio em Ti.
Dirige meus passos.
Acalma meu coração.
Me dá olhos leves pra enxergar o que importa
e força pra enfrentar o que for preciso.
Que nada me roube a paz,
que nenhuma pressa me afaste da Tua presença.
Hoje, mais do que tudo, eu quero caminhar contigo.
Amém.
Edna de Andrade
Oração da Noite
Senhor,
Agradeço por este dia — mesmo com os tropeços, mesmo com o cansaço.
Obrigada por tudo o que veio e também por tudo o que, com sabedoria, foi poupado.
Agora que a noite chega mansa,
eu te entrego o que pesa,
te confio o que não entendo
e descanso no teu colo silencioso.
Acalma meus pensamentos,
alinha minha alma com tua paz,
e guarda meu coração do que me tira a fé.
Que o sono me renove.
Que tua presença me envolva.
E que, ao despertar, eu saiba — mais uma vez —
que fui cuidada por Ti.
Amém.
Edna de Andrade
-Não me interessa o que digam, o que pensam
ou o que falam....
Quando eu amo, eu amo e pronto!
E, é nessa hora que o meu corpo sobe, flutua e contempla
a bangunça que é a minha vida!
☆Haredita Angel
"Eu amava alguém que amava outro alguém.
É mesmo assim; alguém é sempre o outro de alguém."
(Haredita- 11.11.78)
Não me macem, por amor de Deus!
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia!
(...) Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!
E por falar em paixão
Em razão de viver
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares
Na noite, nos bares,
Onde anda você?
💡 Mudanças reais começam com uma boa ideia — repetida com consistência.
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