Poema Maos de Semeadora Cora Coralina
Você com esta tua
caminhada de malandro
conseguiu me tirar
para ser a sua dama,
Você nasceu para ser meu
e este peito o teu chama
para ser seu par não só
neste samba de gafieira;
Vamos de puladinho redondo,
com este jeito sedoso tens
todo o poder para ser meu dono.
Nesta quarta-feira
de cinzas batizei
a minha inspiração
ao som de chorinho,
Para que renasça
este ano inteirinho;
Quero que no próximo
ano o seu Carnaval
seja celebrado comigo,
Sou eu o seu amor
e a poesia do destino.
A gente está se envolvendo,
o amor da gente só
vem todo o dia crescendo,
o desejo nos conduzindo
dançando a valsa campeira,
Tenho plena consciência
do que em ti transborda,
em silêncio me namora
e quando chegar a hora
nada precisará ser dito
porque você me dará
todos os sinais para
que possa ser tocado.
De baque solto
sou eu maracatu,
Todas em uma
para te fazer mais
doce que melado
e com engenho
a cada novo desejo.
De baque virado
sou eu maracatu,
Rainha coroada
para viver contigo
sempre apaixonada.
De baque doido
sou eu maracatu,
Ora virado e ora solto,
ocupando o seu sonho
e deste amor te dando orgulho.
Umas não querem flores,
e querem respeito,
Já eu quero respeito,
flores e os teus sabores;
e ser nessa vida o seu
maior desejo por onde fores.
Você me chamou
para dançar o pezinho,
Tudo em mim despertou
em ti doçura e carinho,
As tuas esporas tocam
o chão e o meu olhar
toca o seu coração,
É a primeira vez que
você está diante
uma prenda capaz
de despertar fascinação.
Hipnotizados um pelo outro,
indo para lá e para cá,
rodopiando neste maçanico
certos que o amor aqui está,
Contigo vou por onde
você me guiar entre sarandeios,
sapateios e rodopios,
Um do outro jamais irá desgrudar
do nosso pacto romântico
que nos seguirá por todo o lugar.
No vaivém face a face
com você meu bem
em sonho eu estive,
No auge do encontro
do amor a sós no maxixe.
Você me quer entre
os seus braços,
Para uma roda de jongo
você vai me levar,
Quando você sente
a minha presença
o seu coração fica até tonto
de tanto me desejar,
Quando a hora chegar
nós vamos no ritmo
do jongo até o dia raiar,
e juntos para casa vamos voltar.
Colheste a rosa mais
bela do seu jardim
do amor para enfeitar
os meus cabelos,
Sonhando o tempo inteiro
com os divinos beijos
que você não me deu,
irei no Carimbó Praieiro,
Um convite como o teu
não há como resistir,
querer olhar para o relógio
e as consequências daqui
para frente calcular,
Quando Pinduca começou
batucar foi o sinal
do céu que o seu coração
estava pronto para me amar.
LXXXVI
Do Médio Vale do Itajaí
és a minha joia esplendente,
Sinto o privilégio de morar
aqui em qualquer estação,
A minha Rodeio é a joia
poética do meu coração.
Rodeio o teu povo cheio
de devoção amanhã
irá a Santa Missa na Igreja Matriz
agradecer porque
aqui dá todos os motivos
para a gente ser feliz.
Basta olhar pela janela,
respirar e contemplar
como é uma beleza
a cada momento ler
sempre um novo poema.
O tempo cirandeiro
do calendário não
me assusta porque
não tenho medo
de não encontrar
a minha metade
que leve a transbordar.
Na ciranda da vida
o quê me fascina
é a poesia e a sorte
de saber esperar.
(Se o amor está
escrito ele sabe
onde me encontrar).
Não quero um amor
que não seja só meu,
Passo arrastado só
se for para dançar xaxado,
Quero um amor
muito apaixonado.
Percebi na avenida
que da minha poesia
já não há mais regresso,
Para o teu desejo não
há mais nenhum disfarce,
Soltos no Caboclinhos
estamos bem enredados
e doces de amor envolvidos.
No embalo do Torém
fomos os dois o amor
e a vida celebrar,
Nem os passos marcados
o teu divino olhar
não se distraíram,
Bonito é o teu sacolejar
de ombros que faz
o meu coração rendido.
As grimas batem no chão,
o teu olhar não se perde
de mim no meio da multidão,
O Maculelê erguendo o seu
canto imparável de tradição,
No teu coração estabeleci
endereço com as chaves
do teu amor e da tua paixão.
Ouvindo o berimbau
do Universo tocando
mais forte do que trovão,
Jogando Capoeira estão
a razão e a emoção,
Não há mais permissão
ao sossego no coração
e não quero que passe;
Você vai conhecer
o teu amor de rendição,
e vai cair na minha mão.
Este meu repente é um
Martelo Agalopado
feito para ser diferente,
Cantado para ser
embalado na mente,
Neste mundo onde
só existe gente que mente,
Que gosta de viver
problematicamente;
Prefiro esperar por
alguém que saiba
conversar como gente,
Que não viva por
aquilo que futilmente
o ego preenche
e que saiba amar desinteressadamente.
Quando você resolveu
construir uma ponte,
nunca se esqueça que
existia ali algo antes
bem diante da fronte,
E depois de um tempo
de construída decidir
destruir não adianta
tentar reconstruir,
e nem mesmo se iludir.
Em nome de tudo
que nunca mais voltará
a ser como antes
é melhor não insistir
e realizar porque já era;
Recomendo seguir
em paz porque lidar
com os tempos que não
voltam mais cabe
só a mim que sou poeta.
Aos lanceiros do Espontão
da janela dou aquele
salve com toda a emoção,
A espera estou do amor
bonito, forte e merecedor
de entregar o meu coração
e fazer ele feliz nesta Terra.
Mergulhando profundamente
nos teus olhos e girando
ao som do Tambor de Crioula,
Iniciando um capítulo romântico
sem dizer uma palavra,
Eu recebo o seu amor
com toda a sedução devota,
Você está conhecendo pela primeira
vez na tua vida o quê é poesia,
caindo na minha graça
e se encontrando na minha folia.