Para uma Pessoa Perdida
Guerra perdida
(Em piegas confissão)
Eu tentei te esquecer, eu tentei.
Implorei uma trégua ao coração,
mas, em rebeldia, ele, tão atrevido,
bateu mais forte e me disse: – Não!
Eu tentei te esquecer, eu tentei...
Busquei outros lábios, outro rosto,
mas jamais consegui encontrar
o encanto e a doçura do teu gosto.
Eu tentei te esquecer... Ora, eu tentei!!!
Até em sonhos eu fugi de ti,
mas, contigo em meus pensamentos,
confesso que sempre amanheci.
Eu tentei te esquecer, sim, eu tentei...
Encarei como feitiço, doença, uma cilada,
mas a paixão de corpo era também de alma,
e então eu já não pude fazer mais nada.
Ah, eu tentei te esquecer, como eu tentei!
Mas não era pra ser, agora bem compreendo.
Admito: perdi a batalha, perdi essa guerra.
Em teus braços, eu me entrego. Eu me rendo!
Poema: Anne Mahin
Arte: Emilia Wilk
Estou perdida na realidade,
Num mar de emoções,
Num abismo de saudades.
O sonho chegou ao fim,
Tornou-se um pesadelo de magoas,
Espero, não esperado,
Viver por viver, continuo sonhando
Com este amor que
Tanto me faz sofrer...
Você previu a minha solidão,
Sou flor solar perdida na duna,
Em busca do teu lindo coração.
Não te acho porque livre não estás,
Estás confinado numa prisão,
Decepcionado com a minha decisão.
Você previu a minha infelicidade,
Pela minha falta de coragem,
De não ter mergulhado de cabeça
Nos braços do amor, nossa eternidade.
Você no fundo me conhecia
Melhor do que eu mesma;
Que na verdade, sempre fui poesia.
Não te encontro, porque me perdi,
Estou confinada nas letras,
E aprisionada na minha ideologia
- demagogia -
Eu deveria ter feito tantas coisas,
Mas não fiz, descumpri e me prendi.
Eu sou o caso mais complicado,
Que vi nesta vida,
Sou a 'tal mosca na sopa',
O 'dedo na ferida',
Sou ferida que não sara,
Dor que não para,
Ferida que não cicatriza,
Poesia que anarquiza,
Chave que liberta,
Loucura sem cura,
Amor que não passa,
Fera que reage mesmo ferida,
Um dia farei-me libertada,
Para de vez libertá-lo;
E resguardados do mundo,
Recuperarmos o nosso projeto
De viver de amor a cada segundo.
A política brasileira está sem mística e muito mais perdida do que anarquistas tentando escrever a sua própria Constituição. Não sou simpatizante da esquerda, do centro e da direita aqui do Brasil. Comento sobre política nas redes sociais para aborrecer todo mundo mesmo!
Perdida no escuro,
só escuto o silêncio:
a juíza segue presa,
e os estudantes
já nem mais sei;
onde estão o Estado
de Direito e a Lei?
Não basta o Governo
pedir a justiça
precisa ter cabeça
para pensar,
olhos para ver,
ouvidos para ouvir,
boca para falar,
braços fortes
e pernas para agir.
E pelo desaparecimento
forçado do General
que foi preso inocente
e de tantos outros
por eles eis o meu lamento:
até quando tanto sofrimento?
não só os meus olhos,
mas o mundo está atento
porque dessa história
não esqueço nem
das vítimas da guarimba
o duro padecimento.
Sensação estranha
desde o último poema,
tão perdida que não
alcança os passos
calmos de um dervixe
em pleno inverno,
sentindo as dores
dos povos que vivem
no inferno em busca
de uma esperança
ou alguma consolação,
o caminho existe
para que tiver disposto
em abrir o coração
para a paz que traz
a verdadeira libertação.
Toda guerra é sempre perdida porque fere a população, por isso eu sempre defendo o direito de poesia ser poesia para defender o direito a vida.
ALMA PERDIDA
Caiu-me a alma.
Não sei se dentro de um rio,
Ou na turbulência do mar.
Talvez na montanha
Tamanha de frio,
No calor do estio,
Quente de enregelar.
Será que ela fugiu de mim
E se esconde na cidade imensa
À espera da recompensa,
Numa espécie de arlequim
De rir pelas ruas
Sujas e nuas.
O que é que minha alma pensa?
Fartei-me dela, tão tensa
E cada vez mais pretensa
Gozando comigo sem par,
Que não perco mais um minuto
Em absoluto,
Para a encontrar!
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 23-09-2022)
VINDIMA DE ESPERANÇAS
Quando se ama ou se volta a amar
A natureza perdida,
É sinal que a própria vida
Mesmo que dolorida
Tem esperança noutra saída
Rumo a um nova vindima.
Afagam-se os cachos com carinho
De baixo para cima
Como numa rima.
Provam-se as uvas coloridas
Prenhes de doçuras convertidas
Em álcoois depois amadurecidos
Em madeiras velhas consentidos
E fatalmente domados,
Aconchegados odores de bom vinho
Em toneis anciãos embriagados.
Era o Douro da Pesqueira em braços
De mulheres e homens de desembaraços
A soltar da cepa mãe, os filhos maduros
Naqueles socalcos pedregosos e duros.
Alguma lágrima vertida ao arrancar
Em doloroso transe de despedida,
A uva néctar fadada a uma nova vida.
Eram os bagos gordos e mimados
Pela natureza sol e solo vividos,
Que logo na prova primeira,
Fazem da minha amada Pesqueira,
A mãe do vinho dos meus sentidos.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 13-05-2023)
LUZ PERDIDA
Tantos anos na escuridão,
Procurei um dia a luz
No túnel da ilusão,
O brilho que me seduz.
Fiquei cego na minha cruz
Da vida,
De tanto olhar sempre em vão,
A luz da minha partida.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 28-11-2023)
BALAS PERDIDAS
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Que toda bala perdida
no morro, asfalto, viela(...),
seja se hortelã; caramelo;
groselha; coco; morango;
cereja; menta; canela...
SAUDADE PERDIDA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Quando amei quem pensava que tu eras,
fui feliz pela minha ingenuidade;
tive a doce verdade sonhadora
que pertence aos romances naturais...
Ao amar uma farsa fiz meu mito;
uma história que sempre quis viver;
pude ser um amante legendário
na medida ideal da fantasia...
Pelas águas de minha ficção,
fui bem fundo e pesquei as emoções
que me deram razão de prosseguir...
A pessoa que amei em quem não és,
já não pousa na tua identidade;
não encontro saudade pra sentir...
VIAGEM PERDIDA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Copiar os poderes apodrece a alma,
porque há nessas fontes uma lama imunda,
quem afunda seus passos nos mesmos caminhos
não encontra verdade pra se nortear...
O que há nos poderes é toda mentira
sobre cada esperança que se tem no ser,
onde chega o poder toda honra se avilta
ou escapa e se abriga em outros habitats...
Exercite o poder de zombar dos poderes
com seu dom de ser livre para ser alguém
que não vê no que tem o seu próprio valor...
Imitar os poderes é falir essência,
diluir a decência num poço sem fundo
e perder todo ensejo de se tornar gente...
DOCETERIA CARIOCA
Demétrio Sena, Magé – RJ.
O Rio de Janeiro
só tem bala perdida...
Ninguém perde bananada,
um doce de amendoim
nem jujuba, queijadinha,
pé-de-moleque ou cocada....
Ninguém perde nada mais:
uma broa, um bom-bocado,
doce de jambo ou de jaca,
queijadinha nem cavaca,
quebra-queixo, pirulito,
cuscuz nem língua-de-sogra...
uma sobra de paçoca...
No Rio de Janeiro
só se perde bala e vida,
não se perde nem se acha
um saquinho de Ki-suco,
goiabada nem mordida,
maria mole ou pamonha...
É tanta bala perdida,
que o Rio de Janeiro
já perdeu a vergonha...
DOCE VIDA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Há um mundo melhor quando bala perdida
é de anis, hortelã, tamarindo, morango,
pra que a vida nos faça degustar sabores;
converter nosso tango em terreiro de samba...
O que tem de ser bom seja em dobro; bombom
e assim rezaremos Ave-Mariola
em um tom colorido; risonho; fluente;
num suspiro de amor ou de creme de ovos...
Quando nossa esperança teimar em dar bolo,
vamos ser confeiteiros de bolo de festa,
porque sempre nos resta uma nova ilusão...
Tudo pode ser doce, apesar das mazelas;
saborize o viver com rodelas de sonhos
de amizades, de amores e de padaria...
NOTÍCIA URGENTE
Demétrio Sena - Magé
Na manhã desta quinta-feira, uma bala perdida foi vítima de um formigueiro, às margens da Rodovia Rio - Magé, altura de Suruí. Fomos informados de que as formigas estão bem - e felizes, pelo achado que as alimentará por muitos dias. Isso nos faz sonhar com um tempo longínquo em que todas as balas perdidas, especialmente na cidade maravilhosa (e perigosa) do Rio de Janeiro serão açucaradas e farão bem a tanta gente; digo; formiga... tempo de muita formiga com a boca cheia de bala e nenhum ser humano com a boca cheia de formiga. Só assim poderemos brincar livremente com as palavras... sem nenhuma ironia.
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Respeite autorias. É lei