Ócio
Construir
Despertar pra vida remir os sonhos remissos com desvelo;
Banir o ócio, tecer o fio, reencontrando a ponta do novelo;
Projetar-se com zelo, acordar cedo ao raiar da alvorada;
Dar ao oposto um gelo, seguir avante afora a estrada.
Ir adiante, sempre confiante sem ignorar o retrovisor;
Alicerçar-se nas experiências tidas das quais já vivenciou;
Tirar proveito e lições das quedas, tropeços e decepções;
Ter apreço a lida, ter da vida, urgente, uma nova visão.
Erguer paredes, abrir portas, janelas, construir os sonhos;
Arregaçar as mangas, por a mão na massa, na argamassa;
Bater o nível, prumo, linha, quarto, sala e cozinha em esquadro.
Cobrir a casa, proteger a vida, construindo um alto telhado;
Eis a guarida pra família e o regaço para quando já cansado;
Valeu o suor que foi à massa e aos tijolos dessa casa misturados!
Beto Acioli
10/11/2013
MODOS DE VIVER O ÓCIO AFETIVO
Momentos de ócio afetivo, entre amantes, são aqueles em uma alma se permite contemplar a outra, mesmo que seja pelo encontro dos olhares que contemplam a mesma imagem do belo, o objeto invocado pelo sentimento que os une. Abaixo, algumas sugestões de como potencializar estas ocasiões:
1 – Cultive e demonstre a preferência por estar em companhia de seu par afetivo, deixando claro que tal lhe parece melhor do que se entregar ao ócio distrativo e recreativo com amigos e conhecidos. É com o seu par que você pretende estabelecer conexões duradouras.
2 – As emoções despertadas por filmes com temáticas existenciais são matéria-prima especial e podem estimular o surgimento de conexões mais profundas. Em casa ou no cinema, o compartilhamento de emoções cria a sensação de proximidade. O alinhamento emocional a partir de filmes pode significar aproximação das visões de mundo e da compreensão do outro. E isto é capital emocional de inestimável valor!
3 – Músicas também abrem trilhas emocionais para os amantes. Escolhas músicas cujas letras e melodias traduzam seus desejos e sentimentos de amante e ouça-as na companhia de seu par. Quietinhos, um no colo do outro, deixem surgir as emoções. As conexões que virão daí podem aumentar as sinapses do afeto.
4 – Dance com seu par. A linguagem corporal estimulada pelos sons e significados da música escolhida – inclusive naquele ambiente particular – pode induzir ao surgimento de desejos e percepções adormecidas. A dois, em casa, ou em ambientes públicos, a dança comunica e traduz sentimentos de que o outro vai adorar se ver merecedor.
5 – Aprenda a curtir seu ambiente doméstico. Sua casa é onde deve estar o seu coração. Divida-a com o seu par. Não deixe de experimentar a paz que somente um lar pode inspirar. Ao cultivar o convívio afetivo em seu próprio espaço, onde não há meios de fugir/distrair-se do outro, seu espírito se concentra no seu amado e a afetividade pode ser amplamente vivida.
6 – Divida serenamente a mesa na hora da refeição. Fique de frente para seu par. Olhe nos olhos. Desligue o smart phone. Desligue o periscópio. Aproveite aquele ser que se encontra ao seu dispor. Dividir um prato pode simbolizar a divisão da vida. Deguste o alimento como quem experimenta o próprio ser amado. Estar à mesa com alguém que se ama pode ser uma experiência única, que exige sensibilidade e dedicação: não banalize estar à mesa com seu amado.
7 – Aprenda a preparar, sozinho, refeições para o outro. Ou preparem juntos o alimento dos dois. É demonstração de zelo especial dedicar-se ao preparo de um prato, por mais simples que seja, para nutrir o corpo do outro, dando-lhe o prazer da degustação a dois. A arte da gastronomia a dois pode ser fonte de conexões especiais: alimento é vida; manipulá-los pode ser muito simbólico.
8 – Permita-se tocar o corpo do outro sem qualquer intenção sexualizada. Veja o toque como conexão pelo carinho, como exploração das sensações táteis que você dá e recebe. Uma massagem também demonstra e inspira cuidados. Afagos na cabeça – o popular cafuné – tem o poder de relaxar e de inspirar confiança.
9 – A leitura de um livro conhecido pelo outro, ou mesmo a leitura simultânea de um livro novo para ambos pode ser a ponte para conversas e trocas que preencherão aqueles momentos em que a mente pede explicações para a existência. Seu repertório de comunicação com o outro pode se expandir a partir dessas experiências.
10 – Atividades físicas feitas a dois podem ser um excelente momento para o encontro que pode estar faltando. Além das vantagens para a saúde, aumenta a cumplicidade que poderia estar sendo criada com outras pessoas não necessariamente importantes para a sua vida.
11 – Cultive o olhar para o outro. Deixe-se ver admirando o outro em seu silêncio, em casa ou mesmo noutros ambientes. Olhar para o outro pode ser olhar para si, já que o outro é nosso semelhante. Se nosso amante, mais semelhante se torna e mais observado deve ser. O olhar que sente multiplica as sinapses do afeto.
To ocupado com o ócio
Agora eu nada posso
To quebrado no tustão
O que me falta é reação
Mas é tanta confusão
Toda esse numeração
Me acalenta deitar pra pensar
Que talvez to aqui só pra me isolar
Saciar a vontade dessa mente
Que insisti em dizer que só tendo expoente
Vou me sentir a par dessa gente
To aqui pra contemplar o meu vazio
Do mesmo jeito que tu vive cheio de arrepio
Caçando peixe nesse Rio
Vazio, Vazio.
Minha existência transborda inconstâncias,
mergulha num abismo espectral,
jorrando lágrimas ociosas, involuntárias e dispendiosas
para a saúde do meu espírito teatral...
Indecisões, rebeliões, escassez de concatenações
jogando pela janela ideias embaralhadas,
o "tudo" que busco sendo tragado por um "crônico nada".
Se ao menos eu soubesse por onde anda o teu sorriso,
derrubaria as muralhas do meu orgulho,
desolaria o templo da minha esquizofrenia,
iria na tua direção, erigindo altares de um novo dia,
de paz centrada e razoabilidade esguia,
ainda que, de uma manhã de bruma turva e fria,
na cegueira dos meus sentidos confusos
e dos meus raciocínios obtusos,
umedecendo minha alma com alguns orvalhos de alegria.
Depressão
É na falta, é no ócio que o sentimento de aperto vem me visitar.
Me paralisa, me confunde, me faz estacionar.
Penso em tudo que quero fazer para conseguir me organizar,
Mas não vejo muito sentido
E então de novo eu fico
Vendo apenas a vida passar...
Ficar no meio de outros não consigo, não tenho assunto,
Só o vínculo que muitas vezes só me faz atrapalhar...
Não que eu não ame, não que falta eu não sinta, mas preciso respirar...
Ver a vida do meu jeito, tentar me encontrar no espelho prá depois compartilhar.
Tem sido um tempo estranho, meio sem rumo, meio sem ganho.
Tento tampar a culpa de me sentir triste fingindo uma alegria para disfarçar .
Esse esforço às vezes cansa, não quero colo, não quero dança,
Quero apenas deixar passar, tentar um pouco me resguardar...
É que nem eu mesmo me entendo nestas fases
E me expor me deixa frágil demais prá caminhar...
Tenho sonhos que me fazem confrontar
Com o passado que incomoda sem querer passar,
Que se faz presente e me faz chorar,
Que me desnuda diante de mim
E aí me penalizo e tento achar esconderijo
Que guarde toda dor que sinto ou que faça ela me abandonar.
Quero resgatar meu riso, minha vontade de sair, minha vontade de acordar.
Ócio criativo
I
Do ócio das vagas horas
Um conceito de aprumo
Concedeu ás memórias
Seguir algum novo rumo!
O apreço logo se fez belo
D'alguma coisa de efeito
Elaborar sem preconceito
Artefatos ou um castelo!
Sei lá desta tua habilidade
Mas, sei dizer de um fazer
Este da minha capacidade,
Não é convencimento o tal,
Fazer do afinco de querer
Deste jeito sem ser metal!
II
É um autodidatismo o ato
Que se descobre na ação,
Ficar só no ver, é papo...
É preciso fazer co'a mão!
É nisso que reside o sentir
O de se colocar no lugar
Daquele que prega o provir,
Que devemos progredir!
Meu convite de aceno real
É para toda alma sem idade
Á descobrir um novo ideal!
Cá dizer aos nossos neurônios,
Que a nossa criatividade
Espanta até, maus agouros!
“TEMPO é coisa relativa, como digo nessa narrativa: Tem gente que vive no ócio - o tempo todo reclama - desde a hora que apeia da cama. Tem gente que por labutar, nem vê o tempo passar. Criança tem ele de sobra. Pro velho já vai faltando, à medida em que na obra, a tarefa vai findando. Tem coisa que é tempo perdido, e tem perda que é ganho de tempo. “
O ÓCIO nos faz bem, pela capacidade que temos de sentar no sofá, fechar os olhos e viajar, aproveitando tudo ao máximo e simultaneamente. O TÉDIO é o mal que nos acomete quando sentamos no sofá, ligamos a tv, digitamos no celular e devoramos um sanduíche, tudo ao mesmo tempo, mas sem nos beneficiarmos de nada adequadamente.
O ócio criativo do pensar, leva a criatura a criações mirabolantes e geniais, mas quando não se pode por em prática essas "loucuras do pensamento" -, o ato de pensar, por óbvio, volta-se contra o pensador.
Quanto mais tempo livre para o ócio nós temos, mais improdutividade produzimos pra vida, porém se o ócio for capaz de estimular a boa criatividade e ela gerar conteúdo efetivo, e este promover movimento, o Tempo perdoa e ainda agradece
“ Não tenha medo de dar um grande passo em sua vida. Tema unicamente prevalecer vivendo do ócio e deixando seus planos se amontoarem em folhas ao invés de realizações”.
As vezes tudo o que eu queria era um aconchego nosso
Aquele sem ócio, só com brilhos do teu olhar
Que me apega, que me aperta, que me cega
Mas um dia eu te tenha quem sabe eu
Te lembro que a vida é feita de transtornos imediatos
De sopros falsos
Que nos levam ao sul
E se lembra: a gente ia pro norte
Pra que eu ter um par de asas
Se eu posso voar com os pés no chão
Eu te digo outra vez que tudo o que eu queria era um aconchego nosso.
SEMENTES DA VIDA
Em muitos dias de ócio lamentei o tempo perdido.
Mas ele não foi de todo perdido. O Senhor guardou em suas mãos cada instante da minha vida.
Escondido no coração das coisas, ele estava alimentando as sementes para que sejam rebentos os botões, para que sejam flores e amadurecendo as flores para que sejam frutos.
Eu dormia cansado no meu leito, indolente, julgando que todo o trabalho tivesse cessado, acordei de manhã e encontrei repleto de milhares de flores o meu jardim.
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