O Poeta e a poesia

Cerca de 3803 poesia O Poeta e a

O cerrado é plano e some
no horizonte do nosso olhar
Cada torto galho envergado
desenha a arte de se imaginar

Inserida por LucianoSpagnol

Desfaçatez

Ao me ver sorrindo, não imagina que estou chorando
Pois minha alma vai fingindo este porquanto
Das lágrimas de um árido coração em pranto

Se todas as dores dos amores querem lamentar
No meu peito,
que seja em breves sussurros pra aliviar
Pois sofrer sem querer aos outros mostrar,
é o mesmo que ter soluços e se calar

Quem me vê sorrindo, pensa que eu não possa estar chorando...
Uns sabem na solidão do amor viver, outros choram amando

Com ou sem pranto... Eu prefiro ser brando.

Luciano Spagnol
24 de maio de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Adeus ao cerrado

Oxalá
Que eu volte então
Para o poetar de lá
E assim na retribuição
Só saudade sinta de cá

Oxalá
Que de lá eu só despeça
Em breves idas ali e acolá
E então volte bem depressa
Sem ter que servir de escala

Uma coisa é certa, a gratidão
O cerrado foi recompensa
E um bem ao meu coração

Luciano Spagnol
Maio, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Até depois se Deus assim permitir
Eu vou, pois lá é o meu lugar
Oh, cerrado! Devo ir
Te gosto mas pra beira mar vou voltar
O fado é quem determinou
Despeço de ti com gratidão
Se vim agora vou
Pois o meu poetar aqui sente solidão

Inserida por LucianoSpagnol

Pode até ser
Que vá saber
Do teu amor
O dia que for
Que foi impar
No meu amar

Luciano Spagnol
Maio, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Passo a passo

Eu vim passo a passo errando
Parei no cerrado, hoje solitário
Chão árido, místico templário
Me vi na sorte contemplando

Então pus asas no imaginário
Em vagidos ocos, murmurando
E como peregrino venerando
Em silêncio, orei neste sacrário

E assim o meu poetar ficou perdido
Entre sonhos aos sons estradivário
Devaneando em suspiros indefinido

Já fiz o que vim fazer, involuntário
Fui nobre reverência e saio provido
A alma cheia de um amor solidário

Luciano Spagnol
Maio, 24 de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Há uma saudade em cada despedida
A dor no peito vozeia por está partida
Lágrimas mudas viram cinza e nada
A lembrança passa a ser uma porrada...

Se é pra danar, perde-se para encontrar,
pois encontra-se para novamente amar...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

O amor é abochornado como o cerrado
escabroso, é chama no peito enfado
flexuoso, um perpassar aos enamorados.
Devaneio apurado, árido, sequidão aos lábios molhados
Aos corações, sulcados...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SOM DO CERRADO (soneto)

Escuto o cerrado a cantar, em atroada
Canção do vento, da sequidão, escuto
Numa trovoada, e a emoção em fruto
De silêncio, no coração em disparada

Cada uma melodia deste chão tão bruto
Rasga o planalto numa voz empoeirada
De cantigas pela caliandra emoldurada
De bela cena e de árido hino em tributo

As flores do ipê, caem em fúnebre toada
No ritmo do por do sol se pondo soluto
Orquestrando a vida diversa e iluminada

E pela estrada os sons no olhar arguto
Cantam e encantam, minuto a minuto
Os ruídos sonoros numa alma calada...

Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Chega à noite, põe-se a luz do sol no fronho.
Acende-se as estrelas para alumiar o nosso sonho.

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

TEMPORADA DA VIDA (soneto)

A temporada da vida, apressurada
De encenação tão ágil e tão breve
Aspira a existência tal qual ar leve
E nos leva numa célere enxurrada

O fado de asas que não susteve
Se enlaça na fragilidade tramada
Em tênue mormaço e mais nada
Criando a história do que se teve

Por que a tão delgada cadência?
Dissolvida nesta árida impotência
Quando se quer mais no amanhã

Num sopro de alta magnificência
O dom de existir, se contingência
É a morte, que a vida seja anfitriã

Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

BORDÃO (soneto)

Recordar-te é fazer brotar o amor
que não morreu, estava prostrado
e num gesto apenas demonstrado
revive que amei, com um tal fervor

É de um silêncio tão ensurdecedor
que o presente então vira passado
o passado na saudade é lembrado
e guardado no peito a ti acolhedor

No tempo e espaço, a imaginação
delira com sofreguidão da evasão
aos tinos, por mais que não olhe-os

Então, que me resta é a recordação
e sonhar, pois és sempre o bordão
de nostálgica memória aos olhos!

Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

LAMPADÁRIO

No breu do céu, ilustre lampadário
A lua, cingida de estrelas lucilando
Conforme a uma princesa levitando
Se orna de fulgor num alvo aquário

Como nas mãos da arte pintando
O belo e o encantado, num cenário
De esplendor, e num painel solitário
A dama da noite, vai coruscando

Eis a lua, rúbea nudez, e inconstante
Que traz devaneios por ela vigilante
Ora cheia, ora minguante, ali rimando

É o lustre celeste de olhar radiante
Que se pendura os segredos dante
E os oculta nos sonhos tão sonhado

Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SINTONIA

A união mais que ideal
com quimera e magia
sai dum ilusório irreal
pro real da sabedoria.
Em cadência musical
e a perfeita sintonia;
de um tão feliz final.
O enlace,
do ledor com a poesia.
Que ao coração transpasse...

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ÚLTIMO SONETO PRA TI

Alega o teu olhar não me querer mais
com palavras tão vazias e sem dispor
Agora como sair deste vicio imperador
se no coração, ter-ti, ventura me traz

Alega tuas mãos, negação e mal humor
é um artifício impensável que dói demais
E nesta meada a tramontana é a que vais
se com plangor, é por ter tédio no clamor

Agora me sinto um nada nos teus sinais
São tantos versos esquálidos e sem cor
Deserção, desencontro e desapego tais

Pois, minha emoção sempre foi dispor
o laço, nos laços não foram desiguais...
Se lhe é aversão, saiba que eu fui amor

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

FRONTEIRA (soneto)

Em cada rosa, sempre existe espinhos
Nos árduos caminhos, também vitórias
Na humildade é que se escreve glórias
E com amor no amor se tem carinhos

Somos breve nestas águas transitórias
Para que seja leve, deixe os desalinhos
No tempo, tão valioso, e tão torvelinhos
Então, sê a figura mor de suas histórias

Nutre-se do néctar de querer mudança
Pois cada instante da vida é esperança
E a cada espera, objetivos e memórias

Perder ou ganhar são só da vida aliança
Tente. Persevere. Ai terás mais bonança
Trace nestas diversidades as trajetórias

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO SILENTE

Dia nublado no cerrado com ventania
Nostalgia nos olhos alumia o nebuloso
Tal como folha seca me sinto fragoso
Na brisa árida dum céu de monotonia

Range o peito num cântico escabroso
Apofântico, sem firmamento na poesia
Num par romântico de solidão e euforia
Tal chuva escassa no sertão sequioso

Alvorecer sem brilho e luz com alegria
Trazendo imenso sentimento saudoso
E na disposição uma tão nada ousadia

Caminho soturno neste vazio rigoroso
De chão cascalhado e de desarmonia
Que o silêncio comutou, vinho precioso

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

UMA CANÇÃO (soneto)

Este meu trovar é para nós dois
Num poema aterrado no coração
Com versos cifrados na emoção
Ouça! E não o deixe para depois

É fruto da lembrança em inspiração
Que surge do que para mim tu sois
Não de um tal silêncio em vão, pois
Este, só faz saudosar e ter distinção

Se aqui no canto tem algum pranto
Saiba que é porque eu te amo tanto
E cada lágrima poetada é de paixão

Eis, então, a minha voz, entretanto
Leia nas entrelinhas só o encanto
E verás muito mais que uma canção!

Luciano Spagnol
21, agosto, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Esperar pelo tempo é um aprendizado. O rio tem o seu remanso. Quando desviado ele não tem avanço...

Luciano Spagnol
Mineiro do cerrado

Inserida por LucianoSpagnol

AMOR POUCO (soneto)

Num amor pouco, parco é o afago
É não saber quão bom é o presente
Assim, poder a alma estar contente
E ter por alguém um sorriso largo

Aí, fica tão carente do sentir quente
Perde-se do alvo do farejado frago
Têm-se na solidão o gosto amargo
E ausência do beijo, de repente (roubado)

Sem amor, saudade é vazio selado
Dos rumos da vida se é deslocado
É mergulhar na luz sem densidade

E neste universo do eu tão calado
Desta redoma de um olhar isolado
Amor pouco, é ter-se pela metade

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.

Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.

Entrar no canal do Whatsapp