O Poeta e a poesia

Cerca de 3798 poesia O Poeta e a

Solidão não faz parte de estar sozinho consigo mesmo... E sim, o silêncio do mundo nos nossos ouvidos.

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

UMA TRAMA (soneto)

A trama da perda tece o vazio
com fios do sofrer trançados
numa arte com a dor casados
que não abafa o frio arrepio

Ter e perder, já estão tramados
no fado, sem nenhum extravio
mesmo que a sorte cate desvio
as intenções darão seus brados

Pratique perder no ritual e feitio
para assim adoçar os finados
alvejando o olhar no ato sombrio

Perdi, perdeu, são passados
até perder, viva sem fastio
pois elas não deixam recados...

Luciano Spagnol
06, setembro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

CADÊ A CHUVA?

Cerrado, árido, ressecado
sem chuva, cheio de curva
pede , implora, sem demora
pingos, pode ser respingos
agora, embora hora é hora
água, pra molhar a mágoa
veloz, feroz, gotas em nós
venham, e se mantenham...
Oh chuva!
Com sol casamento de viúva
qualquer forma, o que vier
breve, leve , releve
você nos deve!
Então, cadê o trovão
traga pra secura candura
e ao dia pura alegria...
Piúva! Cadê a chuva?
Tão bão, ouvir-te no chão.

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

NA SEQUIDÃO DO CAMINHO

No caminho tinha uma folha seca
desgarrada uma folha seca tinha
no caminho do cerrado
uma folha seca no caminho tinha

Nunca me esquecerei desse evento
na sequidão do cerrado ao vento
no caminho tinha uma folha seca
Nunca me esquecerei que no caminho
tinha uma folha seca
Na sequidão do caminho
uma folha seca tinha
no caminho tinha uma folha seca

Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Parodiando Carlos Drummond de Andrade
(No caminho tinha uma pedra)

Inserida por LucianoSpagnol

LÁGRIMA QUE CAI

Se cada lágrima cai, da ilusão
vinda do coração
há uma fenda
por onde a emoção tenda

há de então fazer oclusão
com a razão
e na paciência de condutor
abrir as comportas do amor

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

AVE DOLOROSA

Ave no peito num letargo
Que arde sem um fulgor
Postulo por rever o amor
Perdido no olhar amargo

O fado, ave negra de dor
Ajoelhada num embargo
Orada na fé sem ter argo
Duma crença sem clamor

Ave cheia da graça, Maria
Aos teus pés em romaria
Meu lúrido olhar, mendiga

Quero fé, mas não irradia
Ave dolorosa sem poesia
Deixe-me desta má figa!

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO BREVE

Curto é o caminho que termina a vida
E nele: por do sol, luares, risos e dores
Pra no final mancheia de terra e flores
E se deixar saudade lágrima na partida

E nesta despedida, que seja sentida
Se não, que seja pelos reles valores
Afinal: - amei e tive os meus amores
Todos na forma pela alma absorvida

Senti sabores por onde pude passar
Tive traidores, mas aprendi a perdoar
Não se vive inteiro se não tiver amor

E na morte, brando quero ter o olhar
Minha fé é minha sorte, meu rezar
Neste sonho vou sonhar com o Criador!

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

CLAUSTRO

No silêncio do claustro solitário
Do vazio acerado desta morada
Numa vastidão da noite calada
Sombria aflição urde o cenário

Nele vagueio, e levo vergastada
Da tristura, desfiada num rosário
De lágrimas, sem um destinatário
Em cinzas de uma época passada

Na cíclica ladainha do fado vário
Aí, rezada em oração desfilada
Os ás da solidão do proprietário

E pelo claustro, a lacuna é criada
Em saudades, ausente no sacrário
Silenciado em uma muda fachada

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

AMAR (soneto)

E agora! Eu quero ter paixão
E assim, poder ter um amor
Viver de amar num coração
Paixão de amor, aonde eu for

E neste encanto, ter emoção
Num doce viver, e ao dispor
Um romance de flor, de razão
Suspiros, com ar arrebatador

Então, beber de magos lábios
O afeto citado nos alfarrábios
D'Alma, que faz a gente sonhar

Para na sensatez dos sábios
Mostrar e sem ter ressábios
Que bom, é ter e poder amar!

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

AMANHECER

Abra a janela dos teus olhos,
preze a maravilha
do amanhecer.
É a vida renascendo, cantante,
bela,
No seu fugaz instante.
É preciso ir além, da cancela...
Acreditar,
tudo é constante,
quando existe o admirar...
Da dor faça um mirante
pra ver a alegria
contemplar.
Sorria! É mais um dia...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SAUDADE

No vazio da penumbra da solidão
teu cheiro tornou-se guia,
ti via no luar, nas folhas caídas ao chão;
que no bailar do vento, escrevia,
as saudades poetadas pelo meu coração.
E no anoitecer, ainda existia
parte de você na minha emoção.
Tão presente e tão sem argumento,
que a falta tornou-se imensidão.
Infinidade...
E nada de você no momento...
Só saudade!

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO CINZA

Então, matizei de cinza os meus passos
na secura do cerrado, todo empoeirado
me enroupei de gesto insano e calado
para dar cor aos sonhos tão escassos

No céu cinza, ressecado, me vi sentado
a rua silenciosa era só rotina e cansaços
num claustro cinza, tão cheios de traços
e todos irregulares, opaco e acinzentado

Tentei colorir a saudade, já sem espaços
aí, então em mim, o cinza ficou afogado
como se pudesse, eu haver mais regaços

Sumido neste cinza, estava o meu brado
e vi que nascia em mim, vários pedaços
do tempo, que carecia ser, então, colado

Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

MEDIDA DO AMOR (soneto)

Não se tem saudade, sem ter lembrança
Não se tem amor, sem que se tenha dor
A separação é a pétala de uma rara flor
Que se desgarra do fado em sua dança

A nossa existência é um bafo de vapor
Na emoção tem renúncia e esperança
É nos riscos que nos faz perseverança
De um olhar, um sonhar, de um clamor

Não se deixa os trilhos de ser criança
Sem paixão, afeto, calor a se interpor
Pois, na vida sempre há semelhança

A distância de um amor, vai onde for
Sua medida não se afere na balança
Viverá sempre conosco, no interior...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

VECCHIO POEMA

Amor medido, eternamente
Se dentro vive, comedido
Explode um dia certamente
Não mais sós, mas repartido

Nos tantos presságios, a mente
No constantemente é ungido
Sente-se frágil, estranhamente
No ato de se querer admitido

Sem eira nem beira, facilmente
O vecchio amor, de novo indo
De novo vindo, rapidamente
Como se não fosse ferindo

Ah! Se abarcasse unicamente
Um amar, com ele teria partido
Num vecchio poema, sutilmente
Assim escrito, e o teria vivido!

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Viva a vida, não se sinta largado
O amor no coração é muito mais
Tire a tristura, não olhe para trás
O caminho por Deus é marcado

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Cerrado
...do seu sol poete, poemas declama
ipês florescentes e avoengos carvalhos
que encenam vida, e a vida proclama...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Precisamos de mãos abertas para liberdade
De mãos postas contemplando em oração
De mãos que não se esquecem da dignidade
De mãos que erram, e pedem o perdão
De mãos dadas com o amor, a fraternidade
Mãos por mãos, ao irmão...

(Luciano Spagnol)

Inserida por LucianoSpagnol

Ato de Contrição

Perdão! Se fiz sem fazer
Omiti e testemunhei ver
Adormeci sem acudir
Atendi e sucumbi
As esperanças esvaídas
Os abraços nas partidas
Olhares almejados ao leu
Receptivos cingir réu
Janelas fechadas ao sol
Negativas ao crisol
Falar mais que ouvir
Olhar mais que sentir
Sorrisos que malogrei
Brados que valorizei
Remissão! Reto do coração!
Neste meu ato de contrição.

Luciano Spagnol
00’01”, 08/04/2013

Inserida por LucianoSpagnol

Pausa

A saudade em mim fez pausa
Ficou em silêncio, está muda
Não sofro mais por sua causa
Não vou mais buscar tua ajuda

Hoje fiz um intervalo no poetar
Solitário. Pois tenho companhia
Das estrelas que me fazem viajar
Da poesia meu remo na travessia

Larguei tudo. Tento só harmonia
Simetria em cada verso, cada rima
No sorrir busco a sorte em parceria
Caneta e papel riscado com estima

Hoje fiz interrupção nas lágrimas
Gota d’água somente as do céu
Não mais ficarei chorando lástimas
Pois o amor da solidão não é réu

Luciano Spagnol
23/10/2015, 08’31”
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Ensaios

Nos ensaios de ausentar-me de ti
O meu poetar só falou desta dor
Chorou nas rimas e assim escrevi
Poemas que só falam deste amor

É amor que se compara com flor
Não se esquece do teu perfume
Uma vez cheirado vira o teu odor
Aromatizando a paixão em lume

Às vezes no silêncio eu te ouço
Então aí vejo como é difícil lutar
Pra que eu saia deste calabouço

Olho o retrato, lembro o teu sabor
E a saudade de te me põe louco
Adoçados nestes versos de amor

Luciano Spagnol
20 de maio, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

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