O Poeta e a poesia
O que a esperança é, que nos dá aragem...
Renascidos em gratidão...
Pois aqui estamos só de passagem...
Quaresmeira lilás
No cerrado goiano
O céu e o sol por trás
Inspira e ilumina o cotidiano
Florida copa da quaresmeira
Colore o encantamento
Envolvendo a alma de maneira
Poética, num rebento
De poesia brejeira.
Lilás quaresmeira!Deslumbramento
Era uma vez
No mundo de um sonhador
Se vê na vida o real valor
Colorindo os pensamentos
Nulo os descontentamentos
Com esperança, vontade
Nos abraços de amizade
O ir além do convencional
Ter no olhar a luz cordial
E quimera de fadas e magias
Na fantasia,
lá longe, numa bela cidade
Onde não se vive de idade
Só o felizes para sempre, no fim
A harmonia de criança, assim
Criando contos e ilusões
Bom ou ruim, não importa
É sempre uma boa porta
Aos escapes da sorte
E no espírito suporte:
a emoção, a paixão
Em festa no coração
Arrancando da imaginação a nudez
No epílogo da alma: Era uma vez...
Lá vou eu com a saudade na mão
Sendo levado ao sabor do fado
Respingando as lembranças pelo chão
Triste tormento este suspiro calado
A angústia morde os lábios
O corpo chora as agonias
Tentando cuspir arrelias
Num grito com ressábios
Cheiro das palavras
Garatujam saudade
Rabiscam felicidade
Desenham amor
Borram a dor
Traçam sorte
Riscam a morte
As palavras... Imortais palavras... Cheiro
Dando vida e aroma ao coração forasteiro.
Luciano Spagnol
07'50", agosto, 2012
O seu amor me disse que é passado
O meu amor no seu tornou-se calado
Tudo foi errado...
Deixa pra lá!
E desde então, sou cerrado
Desde quanto cá vim
sou árido, ressecado
Por servidão, assim
cá estou, sou, até o fim...
Assim eu
Nada fui tão igual
Nada tive ovação
Nada foi excepcional
Nada encontrei em vão
Sempre fui usual
Sempre fui exceção
Sempre fui atual
Sempre fui exclusão
Um solitário nunca só
Um amante sem paixão
Um alegre de dar dó
Um genuíno de tradição
E neste novelo de nó
Aprendi a poetar grão a grão
Como companhia de um caxingó
14/05/2016, 03'35"
Cerrado goiano
Amor... Amor... Amor...
Chamo-te sem dor... Nada a interpor
Com emoção... paciência... paixão
Transcendendo a razão
Que seja eleito...
Escolhido, repartido, perfeito
Maiúsculo na dimensão
na manifestação...
Minúsculo na contramão
Desejado, esperado, clamado
Onde sempre estarei...
De prontidão ou adormecido
ali ficarei padecido
no torpor de sua existência
anestesiado pela permanência
De coração desprotegido
garrido... Serei alvo perdido
Se ferido que não seja sofrido
apenas compreendido...
De opinião... Tom maior... Valor
Chamo-te... Amor... Amor... Amor
Luciano Spagnol
Rio, 24/2010, Agosto
5’06”
dorido
a lágrima exibi
o silêncio, é palavra, ato
o revés, bisturi
que corta de fato
teu sentido, teu tato
a emoção contamina
perfura a razão
nos olhos neblina
sofreguidão
na despedida
no gemido
na partida
no laço corrompido
na magoa proferida
no desejo proibido
na luta vencida
o não no pedido
sem amor
é dorido
nunca acolhedor...
do perdão devedor
Luciano Spagnol
Fogão de lenha
Ah! O velho fogão de lenha
O fogo estalando o graveto
Panelas empretejada e prenha
Exalando seu tempero secreto
Só saudade, razão quem o tenha
Na fornada os biscoitos de goma
D. Celina. Quem duvidar, que venha
Provar, do pão de queijo, puro aroma
Velho fogão, assim, faz sua resenha
Envolta os causos e mexericos soma
Ao café no bule, que na alma embrenha
Só tu pode e guarda em seu fogo lento
O poetar que meus versos ordenha
Lembranças de um tempo de contento
És tu velho e bravo fogão de lenha!
Luciano Spagnol
noite
a sinfonia da noite
cai sobre o cerrado
a alma neste açoite
é retiro amordaçado
é silêncio em seresta
a solidão num gorjeado
e a quimera numa fresta
a noite cerrando o cerrado
Luciano Spagnol
a fragilidade da paixão
ela é como bolha de sabão
que não se pode dominar
é o vento a soprar
é o verão no coração
vício na respiração
ar
doce remédio a envenenar
cura e turbilhão
substância pro tédio:
emoção, pré amor, assédio...
Luciano Spagnol
Passa
o tempo por nós passa
passa o ser sem tempo
num delírio e arruaça
o fado sem passatempo
o futuro
longe ou perto
fácil ou duro
sempre incerto
e tudo passa
mágoas passam
a perda a caça
pessoas passam
é ventura é pura graça
a existência é oblação
a vida passa...
Luciano Spagnol
Fevereiro, que venha:
Suave e alegre o carnaval
Que sua folia seja a senha
De comemoração, afinal
Seriedade de março a janeiro
Entre confete e serpentina que tudo seja especial
E neste bonde, não sejamos meros passageiros...
Feliz fevereiro, feliz carnaval!
Luciano Spagnol
Soneto variante
Hoje sou diferente do ontem
Ontem eu era diferente do hoje
Amanhã serei díspar no reloje
Variamos no tempo, outrem
De manhã sou um de tarde outro
Se vivo! Diferente anoitecerei
É o destino em seu decreto lei
Sou um, sou vários, aqueloutro
Passo a passo na cadência
Rugas, choros e sorrisos
E assim parindo essência
E nestes todos atos incisos
Ando onde me há subsistência
Até quando tiver regência e improvisos
Luciano Spagnol
Manacá no cerrado
Manacá da serra
No cerrado, árida terra
Eclode majestosa e bela
Sagrada em sua capela
Distante de sua vivenda
Compõe sua flor, com legenda
De cor, cheiro e ao sertão bela prenda...
Luciano Spagnol
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