O Homem que Nao se Contenta com pouco
Palavras não existem
fora da nossa voz as
palavras não assistem
palavras somos nós
(A doença, Poemas Reunidos, Publicações Dom Quixote, 1999)
Quem se apressa é porque compreendeu: não devemos demorar as coisas; surpreender-nos-ia que os mais claros discursos fossem feitos de termos obscuros.
Não pode haver uma totalidade da comunicação. Com efeito, a comunicação seria a verdade se ela fosse total.
Como fazer para não fazer nada? Não conheço no mundo nada mais difícil. É um trabalho de Hércules, um aborrecimento de todos os instantes.
Toda esta tagarelice dos homens não constitui uma verdadeira palavra, suporto-a para poder gozar o silêncio que passa através dela.
Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.
Se não estás disposto a matar aquele a quem pretendes odiar, não digas que o odeias; estás a prostituir tal palavra.
