Nao tenho o Direito de Magoar Ninguem

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As mulheres, como as crianças, acham que tudo lhes é devido.

Para apaixonar-se, basta estar distraído.

A tarde está verde no olho das garças.

Manoel de Barros
BARROS, M. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011.

Uma noite de amor é um livro a menos lido.

Por pudor sou impuro.

Manoel de Barros
BARROS, M. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011.

Nenhum desejo neste domingo
nenhum problema nesta vida
o mundo parou de repente
os homens ficaram calados
domingo sem fim nem começo.

A mão que escreve este poema
não sabe o que está escrevendo
mas é possível que se soubesse
nem ligasse.

Os melhores amores nascem de um minuto.

Machado de Assis

Nota: Carta para Salvador de Mendonça, escrita em 15 de abril de 1876.

Distante o meu amor, se me afigura
O amor como um patético tormento
Pensar nele é morrer de desventura
Não pensar é matar meu pensamento.
Seu mais doce desejo se amargura
Todo o instante perdido é um sofrimento
Cada beijo lembrado uma tortura
Um ciúme do próprio ciumento.
E vivemos partindo, ela de mim
E eu dela, enquanto breves vão-se os anos
Para a grande partida que há no fim
De toda a vida e todo o amor humanos:
Mas tranqüila ela sabe, e eu sei tranqüilo
Que se um fica o outro parte a redimi-lo.

O fingidor

O ermo que tinha dentro do olho do menino era um
defeito de nascença, como ter uma perna mais curta.
Por motivo dessa perna mais curta a infância do
menino mancava.
Ele nunca realizava nada.
Fazia tudo de conta.
Fingia que lata era um navio e viajava de lata.
Fingia que vento era cavalo e corria ventena.
Quando chegou a quadra de fugir de casa, o menino
montava num lagarto e ia pro mato.
Mas logo o lagarto virava pedra.
Acho que o ermo que o menino herdara atrapalhava
as suas viagens.
O menino só atingia o que seu pai chamava de ilusão.

Manoel de Barros
BARROS, M. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011.

A gratidão perfuma as grandes almas e azeda as almas pequenas.

E fala e ri e gesticula e grita.
(teus olhos)
entrava-nos alma adentro
e via esta lama podre
e com pesar nos fitava
e com ira amaldiçoava
e com doçura perdoava.

Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundo mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força o resgata

(...)

É tentação a vertigem; e também a pirueta dos ébrios.
Eternos! Eternos, miseravelmente.
O relógio no pulso é nosso confidente.

O inferno é um hospício de incuráveis.

Machado de Assis

Nota: Publicado originalmente no jornal "Gazeta de Notícias", em 18 de fevereiro de 1894.

...E ela virá me abrir a porta como se fosse uma velha amante. Sem saber que é a minha mais nova namorada...

Meu pai, com seu jeito finito de ser Deus, revelava-me Deus, com seu jeito infinito de ser homem.

"Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade".

Se O Mestre Diz, Eu Não "dizdigo",
Mas... Que Ele Me Desculpe, Pois Tenho Você,
Hoje, Como O Meu....HHHHUUUMMM !!!! Melhor Motivo !!!!!
Beijos....!!! Abraços....!!!! Muito Cheiro...HHHUUUMMM...

Carlos Drummond de Andrade

Nota: Trecho do livro "O Avesso das Coisas" de Carlos Drummond de Andrade. Link

Nas entrelinhas é que dizemos. Bom terapeuta é o que escuta o que omitimos.

É preciso amadurecer a dúvida

Nem sempre a resposta está pronta. Há uma beleza na dúvida que vale a pena de ser apreciada. Forjar a resposta antes do tempo é a mesma coisa que colher frutos verdes...

Demore na dúvida... E descubra a sabedoria que insiste em se esconder na ausência de palavras.

Rancho das flores

Vinicius de Moraes
com música de J.S.Bach
da Cantata 147, Jesus, alegria dos homens

Entre as prendas com que a natureza
Alegrou este mundo onde há tanta tristeza
A beleza das flores realça em primeiro lugar
É um milagre do aroma florido
Mais lindo que todas as graças do céu
E até mesmo do mar
Olhem bem para a rosa
Não há mais formosa
É flor dos amantes
É rosa-mulher
Que em perfume e em nobreza
Vem antes do cravo
E do lírio e da Hortência
E da dália e do bom crisântemo
E até mesmo do puro e gentil malmequer
E reparem no cravo o escravo da rosa
Que é flor mais cheirosa
De enfeite sutil
E no lírio que causa o delírio da rosa
O martírio da alma da rosa
Que é a flor mais vaidosa e mais prosa
Entre as flores do nosso Brasil
Abram alas pra dália garbosa
Da cor mais vistosa
Do grande jardim da existência das flores
Tão cheias de cores gentis
E também para a Hortência inocente
A flor mais contente
No azul do seu corpo macio e feliz
Satisfeita da vida
Vem a margarida
Que é a flor preferida dos que tem paixão
E agora é a vez da papoula vermelha
A que dá tanto mel pras abelhas
E alegra este mundo tão triste
No amor que é o meu coração
E agora que temos o bom crisântemo
Seu nome cantemos em verso e em prosa
Porém que não tem a beleza da rosa
Que uma rosa não é só uma flor
Uma rosa é uma rosa, é uma rosa
É a mulher rescendendo de amor

Devias estar aqui rente aos meus lábios para dividir contigo esta amargura dos meus dias partidos um a um.

Eugénio de Andrade
ANDRADE, E., Poesia e Prosa, 1987, Círculo de Leitores