Nao sou a Mulher Perfeita sou eu
ASSIM MORO em meu sonho:
como um peixe no mar.
O que sou é o que vejo.
Vejo e sou meu olhar.
Água é o meu próprio corpo,
simplesmente mais denso.
E meu corpo é minha alma,
e o que sinto é o que penso.
Assim vou no meu sonho.
Se outra fui, se perdeu.
É o mundo que me envolve?
Ou sou contorno seu?
Não é noite nem dia,
não é morte nem vida:
é viagem noutro mapa,
sem volta nem partida.
Ó céu da liberdade,
por onde o coração
já nem sofre, sabendo
que bateu sempre em vão.
Tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras. Sou irritável e firo facilmente.
Sou mais a palavra ao ponto de entulho.
Amo arrastar algumas no caco de vidro,
envergá-las pro chão, corrompê-las, -
até que padeçam de mim e me sujem de branco.
Sou pedaços de músicas, fragmentos de textos, sou um pouco de um muito, sou apenas uma mistura de tudo.
Canção para um Desencontro
Deixa-me errar alguma vez,
porque também sou isso: incerta e dura,
e ansiosa de não te perder agora que entrevejo
um horizonte.
Deixa-me errar e me compreende
porque se faço mal é por querer-te
desta maneira tola, e tonta, eternamente
recomeçando a cada dia como num descobrimento
dos teus territórios de carne e sonho, dos teus
desvãos de música ou vôo, teus sótãos e porões
e dessa escadaria de tua alma.
Deixa-me errar mas não me soltes
para que eu não me perca
deste tênue fio de alegria
dos sustos do amor que se repetem
enquanto houver entre nós essa magia.
In: "Secreta mirada"
Quero ser tua, quero que você seja meu. Quero poder sempre te amar e ouvir o quanto sou amada, quero poder acordar com você me enchendo de beijos ou simplesmente acordar pra ver o quanto é lindo você dormindo. Mas do meu lado, eu quero você do meu lado. Será que ninguém entende?
Sou chato e sem graça. Mesmo assim, às vezes, dá pra se sair melhor que muito palhaço por aí. Talvez seja porque os comediantes felizes não tem a menor graça. Os bons mesmo são os descontentes e atormentados, para quem a comédia é um meio de reorganizar a insignificância, a crueldade e a tolice desse mundo.
Não vou mentir pra você. Sou pobre, não faço academia e até o momento fracassei. Nesse mundo de aparências sou Politicamente Incorreto.
Não fumo, não bebo e não uso drogas. Nesse mundo de inversões de valores sou considerado Politicamente Incorreto.
Não omito o que penso ou o que acho. Nesse mundo de médias e mentiras sou Politicamente Incorreto.
Tudo que tenho é o meu pensamento. Nesse mundo, onde uma bunda vale mais do que mil cérebros, sou Politicamente Incorreto.
Dificilmente farei algo para que você pense que sou quem você gostaria que eu fosse. Nesse mundo, onde cada um quer ser Politicamente Correto dentro de sua tribo, sou Politicamente Incorreto, pois nem tribo eu tenho.
Bem, sou um homem com muitos problemas e suponho que em sua maioria sejam criados por mim mesmo. Estou falando de problemas com mulheres, jogo, hostilidade contra grupos de pessoas, e, quanto maior o grupo, maior a hostilidade. Dizem que sou sempre negativo, sombrio e taciturno.
Os amigos me adulam e me fazem de asno, mas meus inimigos me dizem abertamente que o sou, de forma que com os inimigos (...) aprendo a me conhecer e com os amigos me sinto prejudicado. (Noite de Reis)
Sou apenas um bloco de pedra para mim mesmo. Quero ficar dentro desse bloco, sem ser perturbado. Foi assim desde o começo. Resisti a meus pais, resisti à escola e depois resisti a tornar-me um cidadão decente. O que quer que eu fosse, fui desde o começo. Não queria que ninguém mexesse com isso. E ainda não quero.
1. Sou figura reduzida e de pouco aparecimento.
2. Quase que nada sei, mas desconfio de muita coisa.
3. Quem rala no aspro não fantaseia.
E sou meu próprio frio que me fecho
longe do amor desabitado e líquido,
amor em que me amaram, me feriram
sete vezes por dia em sete dias
de sete vidas de ouro,
amor, fonte de eterno frio
Sou aquele que passa e ninguém vê... Sou a que chamam triste sem o ser... Sou a que chora sem saber porquê... Sou talvez a visão que alguém sonhou, Alguém que veio ao mundo pra me ver, E que nunca na vida me encontrou!
Tenho em mim, objeto que sou, um toque de santidade enigmática. Sinto-a em certos momentos vazios e faço milagres em mim mesma: o milagre do transitorial mudar de repente, a um leve toque em mim, a mudar de repente de sentimento e pensamentos, e o milagre de ver tudo claríssimo e oco: vejo a luminosidade sem tema, sem história, sem fatos. Faço grande esforço para não ter o pior dos sentimentos: o de que nada vale nada. E até o prazer é desimportante.