Nao quero mais Andar em Circulos

O homem não é só o inato mas também o adquirido.

Não há fonte de erro tão grande como a busca da verdade absoluta.

O que enobrece o homem não é o seu ato mas o seu desejo.

Hoje, não se sabe falar porque já não se sabe ouvir.

Os indivíduos só são heróis quando não podem agir de outra maneira.

A cultura é uma muleta com que o coxo bate no são para mostrar que também a ele não faltam as forças.

Há enganos tão bem elaborados que seria estupidez não ser enganado por eles.

Não é verdade que o sofrimento enobreça o espírito; por vezes a felicidade fá-lo, e o sofrimento a maior parte das vezes torna os homens mesquinhos e vingativos.

As leis mantêm-se em vigor não por serem justas, mas por serem leis.

Não é forte quem derruba os outros; forte é quem domina a sua ira.

O poder não é prova suficiente da verdade.

A modéstia fica bem nos grandes homens. O que é difícil é não ser nada e, ainda assim, ser modesto.

A vasta noite
não é agora outra coisa
se não fragrância.

A estupidez não está de um lado e o espírito do outro. É como o vício e a virtude; sagaz é quem os distingue.

Há que, na medida do possível, prestar favores a todos: quantas vezes não precisamos de quem é menos do que nós.

Não ser amada é uma desventura; mas deixar de sê-lo é uma afronta.

Pensem que as palavras a que não se segue nenhuma consequência são ditas para nada.

O exagero é sempre a exageração de algo que não o é.

Canção de Primavera

Eu, dar flor, já não dou. Mas vós, ó flores,
Pois que Maio chegou,
Revesti-o de clâmides de cores!
Que eu, dar, flor, já não dou.

Eu, cantar, já não canto. Mas vós, aves,
Acordai desse azul, calado há tanto,
As infinitas naves!
Que eu, cantar, já não canto.

Eu, Invernos e Outonos recalcados
Regelaram meu ser neste arrepio…
Aquece tu, ó sol, jardins e prados!
Que eu, é de mim o frio.

Eu, Maio, já não tenho. Mas tu, Maio,
Vem com tua paixão,
Prostrar a terra em cálido desmaio!
Que eu, ter Maio, já não.

Que eu, dar flor, já não dou; cantar, não canto;
Ter sol, não tenho; e amar…
Mas, se não amo,
Como é que, Maio em flor, te chamo tanto,
E não por mim assim te chamo?

Se ofenderes o teu vizinho, é melhor não o fazeres pela metade.