Nao Consigo te Odiar

Cerca de 569270 frases e pensamentos: Nao Consigo te Odiar

Tua paz e tua felicidade não devem depender dos outros, mas apenas de você. Costumo dizer que não devemos tentar fazer ninguém feliz, mas fazer felizes a nós mesmos e, desta forma, quem estiver conosco estará feliz também.

Todas as emoções negativas se baseiam na ignorância, e na ignorância não há bases sólidas.

Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou. Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê. E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância. Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue para manter-se viva. Você rasga devagar o seu pulso com as unhas para que eu possa beber. Mas um dia será demasiado esforço, excessiva dor, e você esquecerá como se esquece um compromisso sem muita importância. Uma fruta mordida apodrecendo em silêncio no quarto.

Só existe um grupo de pessoas que não tem problemas e elas estão todas mortas. Os problemas são um sinal de vida. Então, quanto mais problemas uma pessoa tem, mas viva está.

Não se angustie procurando-o: ele vem até você, quando você e ele estiverem prontos. Cada um tem seus processos, você precisa entender os seus. De repente, isso que parece ser uma dificuldade enorme pode estar sendo simplesmente o processo de gestação do sub ou do inconsciente.

Arte é ilusão, pois eu não ajo

Fico ou Parto - com constante alegria
Meus pensamentos, embora céticos, são sagrados
Santa prece para o conhecimento ou puro fato.

Então enceno a esperança de que posso criar
Um mundo vivo em torno de meus olhos mortais
Um triste paraíso é o que imito
E anjos caídos cujas asas perdidas são suspiros.

Neste estado não mundano em que me movimento
Minha Fe e Esperança são diabólica moeda corrente
Em mundos falsificados, cunho pequenos donativos
Em torno de mim, e troco minha alma por amor.



Um Supermercado na Califórnia

Muito venho pensando em ti nesta noite, Walt Whitman,
enquanto caminho pela calçada sob as árvores, com uma incômoda
dor de cabeça e olhando a lua cheia.

Em meu faminto cansaço, e fazendo compras na imaginação, fui
ao supermercado de néon e frutas, sonhando com tuas listagens!

Que pêssegos e que penumbras! Famílias inteiras
nas compras da noite! Corredores cheios de maridos! Mulheres nos
abacates e bebês nos tomates! - e, você, Garcia Lorca,
que estava fazendo diante dos melões?

Te vi, Walt Whitman, sem filhos, velho comilão solitário,
apalpando as carnes do refrigerador e lançando olhares
aos jovens vendedores.

Te ouvi perguntar a eles todos: quem matou as costeletas
de porco? qual o preço das bananas? quem é meu Anjo, tu?

Vagueei por entre as prateleiras brilhantes de latas,
te seguindo e sendo seguido pelo detetive da casa, em minha
imaginação.

Percorremos os grandes corredores, juntos em nossa solitária
fantasia, provando alcachofras, pegando todas as delícias congeladas, sem passar pela caixa.

Para onde estamos indo, Walt Whitman? Dentro de uma hora
as portas se fecham. Qual o caminho que tua barba hoje aponta?

(Toco em teu livro e sonho com nossa odisséia no supermercado - e me sinto absurdo.)

Iremos caminhar a noite por todas essas ruas solitárias? As
árvores acrescentam sombras às sombras, luzes apagadas nas casas, ambos estaremos sozinhos.

Andando e sonhando com a América perdida de amor, passaremos
por automóveis azuis no estacionamento a caminho de nosso solitário refúgio?

Ah, querido pai, de barbas cinzas, velho e solitário professor
de coragem, que América te conheceu quando Caronte desistiu de
empurrar seu barco e desceu-te na margem enfumaçada e ficou
vendo o barco desaparecer nas negras águas do Letes?


Presença em Gales

Neblina fina que sobe o morro e descamba
rios de vento que alisam árvores.
De cada
nuvem que ondula explode e passa um mesmo giro fundo evapora
por cima de samambaias que prendem
a pedra verde em franja mansa
vista através da vidraça enquanto chove no vale
Bardo, ó ser, Visitacione, não fale
nada ou então diga somente o que esse homem já viu num vale em Álbion
um povo cuja ciência termina na coerência ecológica
das sábias relações terrestres
dez séculos de trama tecida de olhos bocas visíveis
pomares da linguagem da mente humanifesta
um cardo em simetria satânica uma planta eriçada
florindo no chão veloz sobre um centro
de leves margaridas irmãs angelicais como lampadas -
Além de Londres sua torre de espinhos suas cenas simétricas
de TV em cadeia & o Ser do Bardo barbado, onde lembrar
um dia como hoje no morro a nesga de carneiros balindo árvores
no ouvido do velho Blake & a velha calma de Words -
worth com os mudos pensamentos nela
nuvens no esqueleto dos arcos passando em Tintern Abbey -
Bardo Sem Nome do vasto assombro de tudo, rumor!
Uma só coisa, o vale se esticava tremendo, o vento
deitava em lençóis de musgo,
grande força redonda que afogava a neblina na água fina vermelha
dos riachos da encosta
cujas ramas se torciam caladas
calcadas em mistura granítica -
e erguia também do chão o Espaço Nébulo erguia o braço
das árvores e o capim do instante
mantinha erguidos os carneiros parados
alçava, numa onda solene, o dorso verde

Sólido pedaço no Céu, gota de vale,
toda a imensidão diminuta rolando em Llanthony Valley,
em toda a área da Inglaterra coesa, vale em vale, sob o risco
das doces toneladas do oceano do Céu
Céu que se equilibra num fiapo de grama
urro do morro vento lento e esse corpo
um Ser, um perto Algum, visão da encosta
cosendo em brilho e calma os equilíbrios fluindo,
um gesto vara o escuro céu-chão e são milhões de margaridas que o fazem,
é o gesto de uma Força Serena que induz o mato molhado
até a rama mais distante de neblina fina aspergida
na corola do morro -
Nenhuma imperfeição no morro em flor
Os vales respiram, céu e terra andam juntos
margaridas engolem polegadas de ar verduras vergam
átomos piscantes vegetam no capim em mandalas
manchas espalhadas ruminam com olhos de carneiro vazios
cavalos dançam na chuva quente
árvores ladeiam canais em rede viva nos campos
ermos paredões frutificam
seios de espinheiros desabrocham colinas
passam roceiros ermos cuspindo samambaias e ervas -
passar entrar cair rolando no oceano de sons, rajadas
cair no chão ó mãe ó grã-Mãe Úmida, jamais uma lesão em teu corpo!
Pare vendo de perto, nada é imperfeito no mato,
todaflor cada olhoflor um Buda, e a história se repete,
a alma multiforme ajoelha
perante botões quentes inquietos erectos, sinos
dobrados no caule trêmula antena,
& olhe vendo de dentro nos carneiros que espiam
paradamente respirando sob folhas e gotas -
Deito e misturo a barba no morro em pelo viscoso
cheirando ileso o chão-vagina provando
úmidas emanações violetas de penugem de cardo -
Um ser tão vasto, em tão vertiginoso equilíbrio, que seu sopro mais fino
afasta no assoalho dos olhos a flor mais quieta do vale
treme em rendas de águateias na lãcapim dos carneiros
suspende copas e raízes, pássaros na grande corrente
levando o mesmo peso na chuva, a força eclusa
gemendo chamando terra
coração, junção de espantos.
O grande mistério é o não-mistério
os sentidos correspondem aos ventos
o visível é visível
o vale em ondas anda com uma barba de chuva
átomos cinzentos desaguam na cabala do ar.
A mente está de pernas cruzadas
imóvel numa pedra e respira
está elástica no capim mole e respira
na beira de margaridas brancas na estrada.
O sopro do Céu desce ao umbigo,
minha própria simetria descamba, sopram samambaias rasgadas
cujas frondes me aspiram, sopra o mesmo agora
vento de Capel-Y-Ffn, sons de Aleph e Aum
na vegetação dos ossos
na massa de cartilagens-paisagens
crânios e colinas iguais numa só Álbion.
Que foi que eu vi? Detalhes. A
visão do grande Um pluriforme -
marcas de fumaça subindo
no calor silencioso da casa
marcas de uma noite que embarca
vazia de estrelas
porém ainda molhada de gestos no céu preto dos ventos.

O Amor nos leva não somente aos maiores sacrifícios pela criatura amada, mas, às vezes, ao sacrifício do nosso próprio desejo, aliás tanto menos satisfeito quanto mais se sente amada a criatura que cortejamos. (O Tempo Recuperado)

A vida era muito dura. Não chegávamos a passar fome ou frio ou nenhuma dessas coisas. Mas era dura porque era sem cor, sem ritmo e também sem forma. Os dias passavam, passavam e passavam, alcançavam as semanas, dobravam as quinzenas, atingiam os meses, acumulavam-se em anos, amontoavam-se em décadas — e nada acontecia. Eu tinha a impressão de viver dentro de uma enorme e vazia bola de gás, em constante rotação.

Não sei quanto o mundo é bom, mas ele está melhor desde que você chegou e explicou o mundo pra mim.

Nando Reis

Nota: Trecho da letra da música "Espatódea"

Deus, me ajuda, eu procuro em todo lugar e não acho ninguém para amar.

Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo. Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha.

Porque é que um sono agita
Em vez de repousar
O que em minha alma habita
E a faz não descansar?

Que externa sonolência,
Que absurda confusão,
Me oprime sem violência
Me faz ver sem visão?

Entre o que vivo e a vida,
Entre quem estou e sou,
Durmo numa descida,
Descida em que não vou.

E, num infiel regresso
Ao que já era bruma,
Sonolento me apresso
Para coisa nenhuma.

Desculpa, mas minha rotina não permite que eu seja a Barbie.

Inevitável não pensar em como as coisas seriam se você estivesse aqui.

Com a felicidade acontece o mesmo que com a verdade: não se possui, mas está-se nela. Sim, a felicidade não é mais do que o estar envolvido, reflexo da segurança do seio materno. Por isso, nenhum ser feliz pode saber que o é. Para ver a felicidade, teria de dela sair: seria então como um recém-nascido. Quem diz que é feliz mente, na medida em que jura, e peca assim contra a felicidade. Só lhe é fiel quem diz: fui feliz. A única relação da consciência com a felicidade é o agradecimento: tal constitui a sua incomparável dignidade.

Nesta vida, em que somos capazes dos atos mais nobres e dos erros mais terríveis, não somos mocinhos nem vilões: apenas humanos.

Posso não saber nada do coração das gentes, mas tenho a impressão, de que, de tudo, o pior é quando entra a segunda parte da letra de “Atrás da porta”, ali no quando “dei pra maldizer o nosso lar pra sujar teu nome, te humilhar”. Chico Buarque é ótimo pra essas coisas. Billie Holiday é ótimo pra essas coisas. E Drummond quando ensina que “o amor, caro colega, esse não consola nunca de núncaras”. Aí você saca que toda música, toda letra, todo poema, todo filme, toda peça, todo papo, todo romance, tudo e todos o tempo todo, antes, agora e depois, falam disso. Que o que você sente é único & indivisível e é exatamente igual à dor coletiva, da Rocinha a Biarritz. O coro de anjos de Antunes Filho levanta no ar, em triunfo, os corpos mortos de Romeu e Julieta enquanto os Beatles pedem um Litlle help from my friends, e a platéia ainda aplaude e pede bis (o Gonzaguinha também é ótimo pra essas coisas). Meus amigos, abandonados para que eu pudesse mergulhar, voltaram a mil. Tem seus prazeres o fim do amor. Se é patologia, invenção cristã-judaico-ocidental-capitalista, ou maya, ego, se é babaquice, piração, se mudou-através-dos-tempos, puro sexo, carência, medo da morte: não interessa. Tenho certeza que estive lá, naquele terreno. Ele existe.(…) O que quero dizer é justamente o que estou dizendo. Não estou com pena de mim. Está tudo bem. Tenho tomado banho, cortado as unhas, escovado os dentes, bebido leite. Meu coração continua batendo - taquicárdico, como sempre. Dá licença, Bob Dylan: it’s all right man, I’m just bleeding. Está limpo. Sem ironias. Sem engano. Amanhã, depois, acontece de novo, não fecho nada, não fechamos nada, continuamos vivos e atrás da felicidade, a próxima vez vai ser ainda quem sabe mais celestial que desta, mais infernal também, pode ser, deixa pintar. Se tiver aprendido lições (amor é pedagógico?), até aproveito e não faço tanta besteira. Mas acho que amor não é cursinho pré-vestibular. Ninguém encontra seu nome no listão dos aprovados. A gente só fica assim. Parado olhando a medida do Bonfim no pulso esquerdo, lado do coração e pensando, pois é, vejam só, não me valeu.

Eu irei lhe dizer o que eu irei fazer e o que eu não irei fazer. Eu não servirei aqueles no qual não acredito mais, mesmo que se entitulem minha casa, minha cidade natal ou minha igreja: e eu tentarei me expressar [viver] de uma forma mais livre e completa possível [através da arte], usando em minha defesa as únicas armas que eu me permito usar - silêncio, exílio e habilidade.

James Joyce
JOYCE, J., Retrato do Artista Quando Jovem, 1916

Quando se coloca o centro de gravidade da vida não na vida mas no "além" - no nada - tira-se da vida o seu centro de gravidade.

Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar

(...)

Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você

Chico Buarque

Nota: Trecho da música Futuros amantes.

✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.

Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.

Entrar no canal do Whatsapp