Nao Consigo te Odiar

Quem tem imaginação, mas não tem cultura, possui asas, mas não tem pés.

Um homem não é infeliz porque tem ambições, mas porque elas o devoram.

Ele fixara em Deus aquele olhar de esmeralda diluída, uma leve poeira de ouro no fundo. E não obedeceria porque gato não obedece. Às vezes, quando a ordem coincide com sua vontade, ele atende mas sem a instintiva humildade do cachorro, o gato não é humilde, traz viva a memória da sua liberdade sem coleira. Despreza o poder porque despreza a servidão. Nem servo de Deus. Nem servo do Diabo.

As obras de arte dividem-se em duas categorias: as de que gosto e as de que não gosto. Não conheço outro critério.

O amor, que não é mais do que um episódio na vida dos homens, é a história inteira da vida das mulheres.

A riqueza não consiste na possessão de tesouros, mas no uso deles.

É a direção da vela, e não o sopro da tempestade, que determina o seu curso na vida.

O poder não satisfaz, ou melhor, é como a droga e exige sempre doses maiores.

Realmente, não creio na alma humana, nem nunca cri. Tenho a convicção de que as pessoas são como as malas: cheias de coisas diversas, são expedidas, atiradas, empurradas, lançadas ao chão, perdidas e reencontradas, até que, por fim um Último Transportador as atira para o Último Comboio.

Aprendi que uma vida não vale nada, mas também que nada vale uma vida.

Não, a vida não é uma festa permanente e imóvel, é uma evolução constante e rude.

Se temes a solidão, não tentes ser justo.

O homem que age não sofre.

Mais um ano. Mais um palmo a separar-me dos outros, já que a vida não passa de um progressivo distanciamento de tudo e de todos, que a morte remata.

A agitação contínua numa vida tumultuosa não é atividade saudável, mas inquietação.

Deus não pertence a nenhum povo.

É certo, afinal de contas, que neste mundo nada nos torna necessários a não ser o amor.

Não gosto de trabalho, nem quando é outro a fazê-lo.

A vida humana não tem só um nascimento, só uma infância, é feita de vários renascimentos, de várias infâncias.

Ter escravos não é nada, mas o que se torna intolerável é ter escravos chamando-lhes cidadãos.