Nao Chega aos meus Pes

Os mortos desconhecidos não viveram nunca.

Não há ofensa que não perdoamos, depois de nos termos vingado.

Pois bem, que é que o autor coloca nos seus livros? O que ele não é e gostaria de ser, como nos sonhos. Os livros são desejos recalcados, atos falhos.

Não ha coisas úteis ou inúteis: a medida do seu valor está em nós.

Por vezes a falta de génio não é mais do que falta de coragem.

Um banco é um lugar que te empresta dinheiro se conseguires provar que não necessitas dele.

No fundo, talvez o problema da pátria não passe de um problema de linguagem! Onde quer que se encontre, aonde quer que vá, o homem continua a pensar com as palavras e com a sintaxe do seu país.

Quem não acredita no juramento alheio sabe que é capaz de jurar em falso.

Dinheiro não traz felicidade: manda buscar.

A fatalidade não é senão aquilo que nós queremos.

Não seria maravilhoso se a nossa mente roncasse como o nosso estômago faz quando está com fome?

O grande prazer que nos dá falarmos de nós próprios deve fazer-nos recear não darmos nenhum aos que nos ouvem.

Se não és rico faz com que pareças sempre útil.

A censura que se pratica sobre as obras alheias não determina necessariamente a produção de obras melhores.

Numa situação intensa não sabemos que dizer. Para isso é que há o formalismo do silêncio, traduzido num abraço de emoção ou nos «sentidos pêsames» sem emoção nenhuma.

A vida é pobre demais para não ser também imortal.

Não haverá, entre um espírito que abarrota de invenções alheias e outro que inventa por si próprio, a mesma diferença que vai de um recipiente que se enche de água à fonte que a fornece?

A verdade pode ser interessante, mas não é indispensável.

O ser, o ter e o fazer são como triângulo, no qual cada lado serve de apoio para os demais. Não há conflito entre eles.

Não pode haver graça onde não há discrição.