Nao Chega aos meus Pes
A memória é uma mágica não desvendada. Um truque da vida. Uma memória não se acumula sobre outra, mas ao lado. A memória recente não é resgatada antes da milésima. Elas se embaralham.
A memória não é apenas uma pedra com hieróglifos entalhados, uma história contada. Memória lembra dunas de areia, grãos que se movem, transferem-se de uma parte a outra, ganham formas diferentes, levados pelo vento. Um fato hoje pode ser relido de outra forma amanhã. Memória é viva. Um detalhe de algo vivido pode ser lembrado anos depois, ganhar uma relevância que antes não tinha e deixar em segundo plano aquilo que era então mais representativo. Pensamos hoje com a ajuda de uma parcela pequena do nosso passado.
Eu sou desses
Motorista da minha vida
Não sou esses
Que vai e volta. Minha viagem é só de ida
Eu apareço e desapareço
Mudo e me reinvento
Nascendo e renascendo
Nunca me contento
Eu sou desses bicho do mato
Cheio de gíria e não sei de nada
Gosto de campo e sou um agricultor nato
Eu sou desses da cidade
Gosto da tecnologia e da evolução
Não me importo muito com a idade
Desde que sempre tenha uma revolução
Eu sou desses religiosos
Sempre estou em uma igreja
Do grupo de cristãos rigorosos
De nada adianta viver se não é Deus que você almeja
Eu sou desses pagãos
Faço bruxarias e cultuo os deuses
Os bruxos e bruxas são meus irmãos
E estou nisso a meses
Eu sou a indagação
A pergunta, a dúvida e a questão
Sou a rebeldia fora do padrão
Sou o religioso sem religião
O rico sem um tostão
O popular dançando com a solidão
Eu sou o que dá na telha
Não me prendo em conceitos de lobo e ovelha
Eu formo o meu próprio mundo
Crio conceitos rasos ou muito profundos
E se eu não me contentar, eu destruo
E começo tudo outra vez...
Não querer demonstrar felicidade é a opção usada para evitar que tudo desmorone num piscar de olhos.
Não vou me calar apenas porque algo pequeno não se formou. Minhas estruturas jamais se caíram enquanto a persistência for minha base.
Não é fácil derrubar a cortina que levantamos com o passar do tempo. Mudanças radicais sempre machucam, mas mesmo com a dor podem surgir coisas deslumbrantes.
Pacientemente você caminha incansavelmente em busca do seu melhor, mas acho tolice não parar e olhar em volta e observar se todo esse tempo não tem sido várias voltas em círculos.
Na vida devemos aprender a aceitar aquilo que não podemos mudar. Saber enxergar a vida com equilíbrio não é desistir de querer o melhor, é querer viver bem consigo mesmo; adaptar-se.
Não há remédio maior para a cura de mágoas como o tempo: acessível e eficaz para todos os corações.
Não sabemos realmente o que queremos. Se permanecermos parados no que achamos que já desejamos, nunca alcançaremos aquilo que ainda não descobrimos querer.
Não se assuste com o vulgo
O Fuzzil aqui não mata
Quero paz, quero sossego
Mil poemas para a amada.