Na Sombra de uma Árvore
O VELHO ARVOREDO
Cadê aquela sombra bela
Do velho arvoredo
Onde a gente se amava
Cadê aquele cheiro bom
de pasto mastigado
Onde ruminavam os bois
Cadê o riso de Luzia
Que me disse um dia
A lua é de nós dois
E a gente no velho arvoredo
A lua vinha cedo
Clarear o nosso amor
Pode me chamar de cafona
Eu gosto é de forró
Minha sandália é currupele
Ainda chamo cachete
Califon e caritó
Eu gosto de uma aguardente
Uma mulher decente
Pra ser meu xodó
E um cavalo bom de cela
Pra eu montar com ela
E derrubar a dor
Numa boa vaquejada
Namorar com minha amada
Na sombra de uma flor.
Gosta de sombra? Plante uma árvore!
Gosta de verdades? Se atreva a dizer alguma!
Gosta de mim? Me mostre e espere eu compreender!
Sem compreensão não há prática; se não entendermos como faremos?
Não tenha medo do amanhã ele não te pertence, só mesmo o presente nos pertence, nem mesmo o passado onde estivermos há tanto tempo atrás pertence a nós, se quer lembramos dele... Lembramos de partes, marcas, memórias, poucas boas e más lembranças, pequenos pedaços do que um dia foi inteiro, e completo... Isso mesmo.
Somos produto de nossas escolhas... Complemento de nossas experiências, das experiências de outros, de tudo que influencia, e é influenciado... Somos apenas nós, pessoas em um cenário hoje, em outro amanhã... Mas não fale sobre o que não é teu como se conhecesse... Só iremos conhecer o que de fato permitirem a nós nos pertencer de algum modo... Um modo ousado que nos traga uma sombra com uma verdade acompanhada de um belo gesto que nos faz compreender que alguém apostou em nós tudo aquilo que mais gostava de ter.
Árvore seca, tempo confuso
Sombras de sombra
Sonoras, pulsantes, ecoantes
Sistema corrente trazendo o “outono”.
Mente que desprende
A lúcida e passageira arte!
Soberano em sua lástima
Astuta e polvorosa mácula do tempo.
Estações a mil
Loucas perspectivas de um instante louco
Insano, profano e largo universo.
A sua verdade se esconde em ti
Traços marcados no acaso.
Puro descaso do descontento
O zig-zag de uma vida no passar do tempo.
O FIRMADO
Que vejam as sombras dos mistérios...
O meu corpo firme ao truncado,
À árvore do destino... Magistérios!
— Folhagem que poupara meu pecado...
Que vejam ondas espumadas... — O ateu,
Que se banha de fortuna, que falece,
Quê aos mares, resoluto, de apogeu,
Repousa o firmado indulto duma prece!
Crepúsculos d’ouro, à terra de fulgor...
Que vejam entre as montanhas o porvir
Dum incrédulo nefário de acalanto...
Que vejam novas graças de esplendor,
Duma face celeste e dum sorrir...
— A mesma cruz em que deliro e canto!
Seja como uma árvore frondosa, forte e enraizada. Dê muitos frutos. E cuide para que tua sombra não impeça outros de crescerem ao teu redor.
'FERIADO'
A sombra mórbida deixa uma inquietude aparente. Algumas árvores embaçam a visão rumo ao estreito rio representando calmaria. Peixes esboçam o que de mais belo existe na natureza. O balançar da rede entra em harmonia com a brisa de inverno e o cantar dos pássaros, intrínseco a outros cantos, soa longínquo.
Casa de palha e um velho barco esquecido demonstra pulsação, temporada. Uma velha tralha de pesca, sem cor, fala do tempo fatigado. A água com seus sons melodiosos atraí o sol com seu olhar ofuscante. Olhos pontiagudos, mas suportável. Tudo tranquilo! Exceto meu coração, louco e distraído.
A árvore que vive sob a sombra das outras não se desenvolve, as pessoas que vivem sob as outras também não crescem.
A sombra duma arvore protege-te da radiação solar, e tu protege o seu coração dos malfetórios que só vivem aruinando a vida dos inocentes, fazendo com que o amor, desapareça neles(as).
Vou ficar por aqui... Amarro meu jeguinho na sombra fresca de uma arvore frondosa, desfrutarei do frescor da relva ao amanhecer e encontrarei o que sempre busquei aonde menos se espera. Até a próxima estação.
Outono é quando a Natureza poetifica as suas próprias cores e devagar desnuda as sombras dos arvoredos.
Debaixo da sombra
do arvoredo os
passarinhos ouviram
o canto da minha
alma dizendo...
Tamo...Te amo...Te amo...
Meu brinquedo preferido é, um balanço de borracha acoplado a uma bela árvore frutífera, sombra e deliciosa brisa pois, linda é essa Vida.
Mulher é como árvore que à muito tílias, dá sombras para leões, é como medicina que recria artes e religiões, ou ser apenas o corpo de uma pequena família ajudando milhões.
"O campo é onde não estamos. Ali, só ali, há sombras verdadeiras e verdadeiro arvoredo". Bernardo Soares
(Em Aforismos e afins - de Fernando Pessoa)