Moradores de Rua
Nãoporacaso
Nãoporacaso,viesteamoraremtuarua
Nãoporacaso,minhavidacruzouatua
Nãoporacaso,chamasteaatençãodorapazque escreve
Nãoporacaso,eleaadmiraeteachaúnica
Nãoporacaso,tuavoztornou-seminhamúsica
Nãoporacaso.
POR ONDE AGORA FOR
Que sua rua encha de flores
Enquanto continuo em zêlo
E que todos os seus valores
Prossigam como modelo.
Que sua cota de amores
Seja muito bem preenchida
E que dos tantos sabores
Leve a nossa guarida.
Que alcance cada sonho
E os que tivemos guardados
Deixa, deixa que eu ponho
Nos meus mais lindos lembrados.
Que não pudemos mais ir por onde
Não houvesse buraco e peso
Mas não pense, você, visconde
Que meu pulso saiu ileso!
Doendo, chora de vez em quando
Dia outro inda será rio
Não de tristeza urrando
E sim do nosso desvio.
Só que quis assim a vida,
A caneta e o maior
E o que sobrou mordida
Foi coisa linda que só!
Lembrarei, para sempre e reticências
Das boas partes e bons dias
Desejando com toda eloquência
Que ganhe de cada "seria".
Sempre daqui em reza forte
Para com o seu caminho
Juro que desejo sorte
E que arranquei espinho.
Aceite, por favor, não amassar papel
E dê a esperança, um quarto de hotel
Que seu norte vai ser lindo
E o meu sul também,
A cada novo bem-vindo
Seu nome um pouco tem.
EMOÇÃO
Vou escrever teu nome
No meio da lua
Para que o mundo te veja
Do meio da rua
E saiba que o meu amor
Não é um sentimento qualquer
Vem do fundo do coração
A mais pura emoção
De ser sua mulher
por onde começar ?
as vezes acho que estou ficando loca,quando saiu na rua em busca de você!Parece até mesmo uma coencidência quando sem querer te vejo.
Pego rápido meu celular e disfarço ,para ver se você me vê, e vem em direção a mim...
aquele olhar que não engana a ninguém,aquele brilho nos olhos que me faz sentir uma coisa inesplicável!
Aquele fort a braço quando nos encontramos,aquele abraço que desejo todos os segundos,todos os minutos,todas as horas!aquele SMS que tanto espero de você ...por que só você pode me tirar desse tédio!
O homem mais feliz do mundo é aquele que passa o dia na RUA, e não vê em nem uma mulher nada melhor que a SUA.
Sobrevivendo Na Rua.
AS JANELAS DESSA CASA SÃO SEUS OLHOS! ABRA! VEJA!
VEJA QUE ESTAR NA RUA, MORDIDO De UM FERA cruel e selvagem, faminta. pois você e o único alimento dessa fera chamada vida.
você e a ração da vida que tem, alimente! e alimente bem para não morrer antes dela.
QUE SUAS IDEOLOGIAS ALIMENTE SUA VIDA PELA ETERNIDADE...
quantas vezes você já cruzou com seu grande amor na rua ,e sem perceber passou por ela ignorou, e não percebeu que essa pessoa talvez possa ser a metade que te completa, o amor que você sempre sonhou, o conto de fadas ou romântico e você que tem que construir.
As pessoas é que são frias. Aqui quem tem casa tem, quem não tem dorme na rua. Quem tem dinheiro come; quem não tem passa fome. Verifiquei que não existe gente hospitaleira como em minha cidade. Em Poconé, o povo é hospitaleiro até demais.
Livro Espelho Quebrado, de Douglas Freitas, Capítulo 3
TRANCADO
Abrigo-me à casa
Tranco-me ao mundo
Sou companheiro da solidão.
Tudo que na rua passa.
Passa em poucos segundos.
Nada para! Salvo eu.
E é tão bom.
Penso ao longe,
ouço um pouco de rádio
(...)danço, canto e como de tudo.
Enriqueço a sós como o tempo.
Perderei mais algumas horas.
Mas é tão bom me trancar aqui.
Cada pessoa que encontramos na rua tem sua história e batalhas próprias, das quais somente ela tem consciência. As feridas estão lá, vivas, latentes.
Invisível menino pobre de rua
Cujo futuro nem a Deus entrega
Sutil como as fases trocadas da lua.
Nu de carinho como as pedras da calçada crua.
Sem paz nunca sossega
Sem amor a sua vida enfraquece
Com fome a ninguém se apega
Ainda assim pede aos céus em prece.
Lá vem eu na passarela
Carregando o sol e a lua
Abraçando a chuva
Correndo na rua.
Lá vem eu te candando
Poemas declamando
Lá vem eu te possuindo
Te domando,
Despertando teus desejos
Acordando teus beijos
La vem eu te dando flores
Te abraçando.
Lá vem eu para te roubar
Devagarinho te domar
Beijar tua pele quente
Matar minhas vontades
Te cheirando, te tocando
Lá vem eu vivendo,
Sonhando,
Sonho.
Um dia um amigo, mim falou dormir na rua e eu não acreditei nele, um dia ia viajar chegando na rodoviária o vi de longe e ele também mim viu olhou pra mim, esboçou o sorriso, e eu fui ao seu encontro e fiz a seguinte pergunta, você vai pra onde? E ele com toda a sua simplicidade do mundo com um grande sorriso e as lágrimas ao mesmo tempo escorrido por sobre a sua face mim falou estou dormindo aqui, dormindo não passando a noite em um lugar menos perigoso, aí fiz uma pergunta você já comeu hoje, e ele com um grande sorriso mim respondeu faz dois dias que não como nada.
As luzes que vem da rua, entram em meu quarto se esquivando da cortina. Elas me dizem algo. Dessa vez não respondi.
Meu quarto tem um roupeiro com as portas mofadas. Uma cadeira com rodas, onde coloco meu cigarro, o cinzeiro, o isqueiro e uma garrafa com água. Os cigarros são para fumar quando acordo pedindo. A garrafa é para minhas noites de ressaca.
Minha cama sempre fica desarrumada. Os tênis jogados pelo chão. Uma prateleira onde estão a maioria das minhas coisas, inclusive um disco do Charles Aznavour. Gosto de acordar e vê-lo.
Minha gata deita em meu peito, respira profundamente e com dificuldade eu escrevo no escuro. No escuro do quarto e no escuro da minha alma.
Eu nunca forcei para escrever algo, sempre me saiu como um foguete. Um foguete que sai do peito e não tem rumo.
Nunca tive limite de linhas, nem vontade de me adaptar a qualquer regra.
A minha barba cresce e não me importo qual seja seu olhar. As roupas que eu vestia, hoje não me caem bem, não me servem.
O roupeiro das portas mofadas, traz roupas boas, as quais pensei em dar e vou dar para quem realmente precisa. Nunca precisei de muito.
Conheço pessoas novas todos os dias. Eu sou uma pessoa nova todos os dias.
Por intermédio de meus textos, hoje o Brasil me conhece, algumas pessoas de fora dele, também. Podem não conhecer meu rosto, mas o sangue de minhas letras, conhecem. Talvez muitos se identificam.
Não tenho a pretensão de ser um porta voz, muito menos exemplo a qualquer outro escritor. Escrevo porque preciso. Não pretendo ser grande, ser lido no mundo todo. Só quero que a minha escrita mexa com outras almas, acalente outras almas, como acalenta a minha.
Tem pessoas que são como latão de lixo desses de rua: podem enfeitar, pintar, desenhar flores. Mas, na essência, continua uma lata de lixo.
A CRIANÇA
A música de um rádio esvai-se da taberna,
espalha-se na rua estreita e mal calçada;
é compasso, talvez, de uma dança moderna,
talvez ária de amor, febril, apaixonada.
Com dois anos ou três, vestida cor de rosa,
de bracinhos ao ar, uma menina dança,
tão linda, tão gentil, tão pura, tão graciosa,
que toda a gente pára a mirar-se na criança.
O seu corpo volteia, os seus braços são asas,
seus pequeninos pés estão pisando flores,
em roda surge, em vez das mais humildes casas,
parede palaciana embriagante de cores.
Esta criança transforma a pobreza em riqueza,
adoça alegremente aquele ambiente triste,
o que é sórdido morre ante a sua pureza,
só ela, ela somente, ali impera e existe.
Ao som daquele rádio, a criança ingénua e calma,
dançando, nos conduz ao sobrenatural,
a ser apenas sonho, a ser apenas alma,
a viver para além de este mundo mortal.
Já não se escuta a rádio, a música é divina;
a taberna sumiu-se, há um portal do Céu;
é um Anjo-de-Deus a forma menina;
da sideral mansão, até ali, desceu.
Porto, Estio de 1959
A Rua é uma missão a vida uma pregação, sem teto sem paredes, o chão como tapete
Anarco Cristianismo
Anarco Cristão
