Moradores de Rua
Meia noite trava no relógio, um pingo incessante na pia da cozinha, pneus de carro cantam na rua, um bebê no quarto ao lado não para de chorar, mas não me incomodo. Fico com a caneta na mão, mas estou digitando num teclado. E aquele papel destinado para a minha nova música está em branco. Já não tenho a insônia como uma vilã. Sigo num ciclo vicioso entre sofá-geladeira-cama. Estou em algum tipo de transe causado pelo seu ultimo pedido. Ainda sinto o calor do seu sussurro em meu ouvido. Mas o arrependimento de não ter feito nada, de ter ficado ali como uma mosca lerda, anestesiada pelo seu poder em mim, corrói meus pensamentos. Tento entender como você consegue ter tanto poder sobre mim, mas envergonhada eu também digo que nunca tentei sequer me esquivar desse poder. Estou no papel que um povo tem em uma democracia. Tenho todo o poder, mas prefiro deixa-lo com você sem fazer qualquer objeção, mesmo sabendo que você é como um governo com muitas outras prioridades, egoísta, sacana e forjado.
Escorreguei os olhos para o asfalto da rua e me prendi às formas pitorescas do espaço que me envolvia. Ao mesmo tempo, fiz uma espécie de contemplação interior e dispus minha atenção às pequenezas e assim consegui me encontrar naquele silêncio que falava comigo!
RES NULLIUS
na rua um vira-lata morde flores
– socorro!
Gritam as rosas, os cravos, as papoulas
os girassóis... apavorados
– cadê a jardinagem?
... um vira-lata morde flores
– o problema é grave
as flores já sentiram nas próprias pétalas
Da minha janela do último andar
eu via relâmpagos
raios caindo no mar
e crianças a brincar na rua
como se a vida fosse
correr atrás daquela bola;
RUA MORTA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Minha poça me diz que se tem o momento,
que o passado está fora da linha dos olhos,
pois o vento não volta; só abre caminho
para ventos futuros; eventos recentes...
É de praxe avançar, concluir fase a fase
ou teremos crateras por todo o percurso;
voltaremos do quase pra ponto nenhum
do luar esquecido numa rua morta...
Foi preciso crescer, alcançar minha idade
sobre cada saudade; lembrança; memória ;
cada glória e tropeço que tive até já...
Esta hora se mostra como agora e só;
há um nó que se fecha no retrovisor;
fui criança na infância; não serei agora...
Aviso: mudei de endereço!
Estou morando no Bairro da Esperança, na Rua da Fé... Minha nova casa é ensolarada e iluminada, nela habita Deus, o Altissimo, que guia meus passos, renova minhas forças, recarrega minhas baterias e nessa nova etapa da minha vida, Ele é a prioridade, porque todas as coisas são para Ele! Priscilla Rodighiero
Nenhum movimento
Eu não quero o meu nome
Em nenhuma rua,
Eu não quero ir a lua ou a marte,
Eu não quero ir a nenhuma parte,
Não quero fazer nenhuma revolução,
Não quero fazer parte
De nenhum movimento,
Não quero saber de sem terra,
Apartheid, klu, klux, klan...
Eu não quero saber de greve,
Da queda da bolsa, do islã,
Ou do afã de qualquer religião ou mito
Maomé já foi pra montanha,
Jesus Cristo mostrou seu amor
E os filhos de Gandhi não ficarão órfãos
John deu a chance que a paz pedia...
E eu só quero fazer poesia...
Tadeu Memória
Se eu te dissesse que você anda mais pela minha cabeça do que pela sua rua, você acreditaria?
Se eu te pedisse pra ficar um pouco mais, você iria?
Se eu despejasse minha bagagem em cima de você, meio que sem querer, você se disponibilizaria a me ajudar a arrumar tudo de novo?
Caso eu esqueça das coisas e fique louca, você me ajuda a lembrar de tudo e a entender melhor o mundo?
Sou uma pequena parte da complexidade do universo, e preciso que você me ajude.
Me ajude com o peso, me ajude com as palavras, com o fôlego. Você me ajuda?
Eu sou a parte que fica calma quando você chega.
Lenitivo, 22 de Abril de 2014
"Numa certa noite na rua um ladrão de fogo trocou olhares com uma virgem que por ali passava, ela correspondeu o olhar.Golpe de sorte pensou ele, mal sabia que aquela virgem com perfume de primavera iria rouba-lo também, mas da forma mais bela que ele ou qualquer outra pessoa poderia imaginar.Em um simples instante a seguir os lábios deles começaram a dançar, uma dança que só os corações conseguem ouvir.Parecia coisa de cinema.Marte e Vênus nunca se deram tão bem.
Ele então sorriu para ela, se aproximou de sua orelha, e sussurrou: Eis aqui diante de mim a mais bela poesia em forma de mulher.Eis aqui diante de ti um ladrão, de alma poeta, e a ti e somente a ti me rendo diante dos versos dos teus olhos."
(trecho de 'O Ladrão e a Virgem')
Hoje uma brisa que soprava pela rua,não me passou despercebido.
Senti o frio que se encontrava nela e logo em mim,notei uma certa semelhança.
A brisa era suave,mas cautelosa em suas curvas,passava de um lado ao outro só para ser adorada no seu esplendor.
A brisa me transportou de volta pra minha infância e lembrou-me de um tempo onde tudo era belo,e nada tinha defeito.
O tempo que ainda me era digno brincar de ser piloto,bombeiro e policial.
O tempo em que nada e ninguem era mau, e que a ignorância não existia.
O tempo que a angústia passava com o derramar de algumas lágrimas,e logo se esquecia de tudo.
O tempo em que brincar era toda riqueza necessária,e ser feliz era toda a rotina.
lua , tão linda tão bela , e nessa rua , me sinto com ela , lua linda , mas que beleza , és a lua cheia , cheia de surpresa , quero te ter pra mim , te quero no coração , mas és grande assim , com toda perfeição , a lua é a amada do sol , a distancia que separa esse amor , debaixo desse lensol , eu vejo toda essa dor
- Porque “Acaso” vai ser sempre o nome de uma rua escura
Meu querido Fernando. Não tão querido. E muito menos meu.
Não sei o porquê de estar te escrevendo uma carta, acho que me deparei com a nossa foto rasgada no canto da sala e, não sei, ouvi tua voz rouca gritando: “Alice, nós combinamos que iríamos tentar.”. E eu consenti entorpecida.
Ainda não sei o real motivo de gastar quase três horas e nove pontas de lápis para tentar lhe explicar que o teu sorriso reflete a cada canto em que deixo o olhar fixo. Queria arranjar uma desculpa para ter jogado vinte e três folhas fora e, em uma delas ali amassada, ter escrito à lápis bem fraquinho que amo a forma como você dança desastrado, amo seus dois pés esquerdos, amo quando teus olhos dançam sobre o meu corpo. Sei lá, Fernando. Mandei esta carta justamente porque ouvir tua voz perguntando “Alô, quem é?” tiraria qualquer gota de coragem que eu poderia ter ingerido junto ao whisky. Há tantas coisas que eu queria te dizer sem que teus olhos cinza me deixassem constrangida pelo simples fatos de pousarem sobre minha falta de concordância. Por favor, só não rasgue a carta na metade, assim como anulaste meus sonhos no meio do teu caminho. Por favor, Fernando, me perdoa por sentir dentro de mim a necessidade de expansão, da renúncia à solidão. E tu sempre foste a solidão em carne, osso e infelicidade, Fernando. Por mais que o teu semblante na minha rotina fosse como a claridade potente indo encontrar a noite estrelada, eu tive que perceber que todos os encantos acabavam à meia noite, e que não se saltam três metros à frente com quem não ousa a incentivar um pequeno passo sequer a diante. Perdoa o meu excesso que problemas, o meu estoque de loucuras e a minha vontade de esmagar o mundo num abraço quente. Perdoa-me por não ser o suficiente na tua insuficiência. Ah, quis o acaso que você caísse daquela escada e eu te conhecesse. Bonita gola pólo vermelha, óculos quebrados pitorescos. Sorriso encantador. Poxa Fernando, tinha que dizer na primeira conversa desinteressada que gostava de café e Charles Bukowski? Quis o acaso que tu me visse na chuva e me acompanhasse até o prédio com aquele guarda-chuva de bolinhas amarelas, quis ele também que você afagasse meu cabelo molhado dizendo que o loiro dos meus fios entrava em sintonia com a minha boca rosa claro. Quis o destino que eu gostasse de ti, mas não tão satisfatório a ponto de largar um futuro planejado antes mesmo do acaso ser acaso. Juro que tentei lhe ver que um parâmetro não tão sistemático, entretanto eu vi nosso futuro antes mesmo de pensar em ser presente. É por me conhecer, mesmo desconhecendo, que sei o quanto o meu instinto de não justificar os meus princípios, manipular os meios e obstruir os fins, lhe arranjaria dores de cabeça e no coração também. Entenda Fernando, minhas asas são maiores do que minha vontade que querer permanecer. Eu só queria que tu compreendesses que, se fosse para ser diferente, eu não me importaria em não entender o porquê de querer lhe dizer o quanto eu te amo a cada risada que nossas almas soltassem. Porque eu olho pra ti e não vejo um nome, não vejo um passado que pudesse nos atormentar, não vejo porque diabos nossos corações batem na mesma frequência assim que as linhas dos nossos corpos entram em confronto. Nossa única diferença é que teus olhos brilham mais e, ao meu lado, garanto que essa chama não duraria mais que alguns meses. Sim, Fernando, vou sentir falta de quando tu pedias algo doce e eu me oferecia como moeda de troca. Eu vi que estavas cego e já me senti vitoriosa por conseguir um pouquinho da tua atenção. Só sacrifiquei minha felicidade justamente por saber que não serias feliz chamando-me de “Minha esposa” a cada maldito dia.
De sua, não tão sua.
Alice
pessoal
Meu coração fica partido sem você
Passo na rua e você nem me da atenção
Passa umas garotas e você fica de safadeza
e eu excluído.
Posso sorrir pra você,mais você não sorri pra mim
Posso passar do seu lado,mas você desvia o caminho
Vou para a escola e você vê se eu fui
e quando eu olho pra você nem me da atenção.
Porque será,porque eu sou diferente de você
Ou porque você não gosta de mim !!!!
Encontrei um cão, na beira da rua
Feio, maltratado e fétido
Me parecia uma desiludida alma
A espera de um afago em seu ego
Como um fim de tarde sem esperança
Probabilidade de chuva
Quando saio para a rua
Pesquiso o céu em seus sintomas
Olho as nuvens
Sinto o vento
Aspiro a limpidez do ar
Vejo a flor que se insinua
Comparo aromas
Acompanho o voo das penugens
Da paineira a brilhar
Não fiz isso algumas vezes
Principalmente na vida
Deixei de pesquisar
A quem dar meu coração
Assim sofri os revezes
Do querer, e não ser querida
Ficando sozinha no andar
Sem ter quem me desse a mão
Por isso é bom sentir o vento
Colher o sol no olhar
Ver se a andorinha está víuva
Porque ao caminhar ao relento
Podemos bem não notar
A probalidade de chuva.
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.
Entrar no canal do Whatsapp
