Moça Linda
Há uma voz na esquina que não pára de cantar
Voz doce, afinada, feminina, macia
Mãos delicadas que não param de tocar
E tocam as cordas de seu violão
Corta o silêncio da noite como se fosse a única proprietária
Mas, enfeita como se fosse a mais brilhante estrela
E ensaia
É pura imaginação
Quarto de menina moça
Uma mistura de gostos para quem não tem uma idade
Esta é minha vizinha, prima que ainda cresce.
Era uma mulher de revirar todos os pontos de equilíbrio existentes.
O abalava de tal forma, que se sentia nocauteado por um peso-pesado. Sua beleza era um disparate, seu intelecto descompassava um jovem coração inexperiente. Certa vez ela surgiu absolutamente do nada, dizendo: "ei, hoje eu tô em casa. Aviso que não vou aceitar um não como resposta, então seria sábio da sua parte se dissesse sim para o meu convite para o cinema."
Apesar de jovem, não era tolo de recusar. Uma moça de olhos que devoravam a alma dos homens, cabelos selvagens como o fogo que incendiava florestas inteiras, e lábios brilhantes e de cor escarlate, intensos como a mais explosiva e ameaçadora das estrelas. "Claro que eu topo", disse ele.
Sábia palavras, garoto. Sábias palavras...
Cuidado com Ele, que retorna,
pois o que dele se transfigura,
não é o rosto,
é mais:
o que vem de dentro do rosto
e não se mostra.
Não deixe que Ele
siga com teu passo,
carregue teu destino
e em si te viva.
Não se mostre, ó moça,
frágil, sem domínio de si mesma.
Permita-O, sim, vê-la,
mas outra, e com tuas armaduras reluzentes.
Assim, por certo, tu te nutrirás
de tua própria essência, e Ele
cairá como um rumo sem nome
que se arrasta de volta e nada fica.
Ela mexe nos cabelos com tanta graça que não quis fazer mais nada naquele momento, senão observá-la. Era quase um gozo vê-la, graciosamente, tocando seus cabelos... a delicadeza de um gesto, coisas simples, naturais, mas com a elegância de mulher, de menina...
Fiquei, então, com uma vontade sublime de traduzi-la em versos e desenhar suas curvas no coração da poesia.
Palavra Nua
Uma palavra nua foi vista na rua.
Chamaram as autoridades.
Que despudor permitido,
Deixar palavras sem nome,
Se expondo desvalidas.
Uma moça de poucas vestes sugeriu cobri-lhas.
O cirurgião queria por já cortá-las.
O alfandegário, indagava-lhe a origem.
Porque não lhe põem algemas, questionou um transeunte.
Podem lhe dar açoite, para recuperar o respeito, profetizou o Vigário.
E a palavra nua, destemidamente aguardava,
Que surgissem gentes que pudessem encantá-la.
Carlos Daniel Dojja
In Poemas para Crianças Crescidas
Ela é poesia
Medo
Dia
Noite
Sim
Não
Talvez
Quero
Desquero
Coisas
Pessoas
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ela é texto refeito,
rascunhos e beijos,
qualidades e mil defeitos,
uma tela pintada a óleo,
ela é notícia de jornal,
música de dia,
dança da noite,
ela quer,
ela vai,
pura nudez,
impura talvez,
ela é dúvidas insanas,
não diz que ama,
embora não negue,
se for descoberta.
Ela é poesia na ponta da tua língua.
Ela é segredos de um barco a vela.
Ela já andava cansada,
queria mesmo ficar sozinha,
em nenhum amor acreditava,
nem amor sabia que tinha
Deu um basta, chega de ilusão,
amor de verdade não se prega,
é percebido no fundo do coração
que para onde vai o carrega
Você Razão
...Mas você tem razão, o distanciamento é o melhor que eu posso fazer por você, sou como uma vela, ilumino pouco ou quase nada, qualquer sopro me apaga, se chega porto eu queimo, e no fim ainda posso causar um enorme incêndio. Mas pergunto moça, posso te olhar daqui? Se falar não, sabe que também o farei, mas peço isso, que me deixe daqui te acompanhar, tua luz é forte, cê sabe, chega até aqui.
DO DESEJAMENTO
Alguns são feitos de um desejamento dilacerado.
Desse querer aflorado, não receio.
Nele me introduzo. E me ponho a ver o não dito.
Como quando me enamorei por uma moça.
Ela tinha um nome no meu peito escavado.
Chegava-me nas noites em que a buscava.
Deitava sua ternura sobre minha espera.
Acariciava as palavras que o silêncio esculpia.
Ela era tão docemente tingida de inteireza,
Tão despida de melancolia e incerteza.
Que apenas eu a via, andarejando ao meu lado,
Com suas mãos encravadas em minha ausência.
E eu já então, descabidamente encantado,
Apenas me sabia, ao traduzir-me fecundado,
Que mesmo a passar a só, a esperar a moça que viria,
Ela com o coração entreaberto de mim não partia.
Carlos Daniel Dojja
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