Mistério
Que olhos são esses, morena?
Negros sem distinção.
Tão negros que, nem o meu reflexo posso enxergar.
Tão negros que, nem sei admitir se realmente existe um fim.
Nossa morena, é tanta escuridão que você carrega nesse olhar, que resolvi te chamar pra dançar.
E daí, se não tem música, ou som, ou ritmo ?
Eu quero dançar.
Nós vamos dançar.
E o que dançaremos? Dançaremos a noite sem luar, escura e profunda, como seu olhar.
Que beleza sublime é essa que me atrai?
Tão oculta, misteriosa e sombria.
Morena, não feche esses teus olhos, por favor!
Porque hoje, eu te farei bailar.
Esperei a vida inteira. Hoje nada mais importa. Apenas a leveza do ar, o amor verdadeiro, a intensidade da vida, a profundidade do tempo, a magia do momento, o mistério do universo e a paz de espírito.
Aprendi a viver em fragmentos, ninguém tem de mim o todo, ninguém tem mim o nada, não da pra saber oque o penso, o máximo que alguém poderá ter é um extrato de informações inconclusivas, um jogo de palavras mal arrumado, sem ordem, sem origem, sem destino. NÃO DA PRA CONTAR OS MEUS PASSOS!
Não é se escondendo que você desperta a curiosidade em alguém, na verdade, não há curiosidade maior que ver os fatos em baixo de seus olhos e não saber de onde veio, como um fluxo de informações desconexas. Quem vê a ponta do iceberg se instiga ao saber que o mais incrível pode está na raiz submersa, mas não pode ver pois está limitado apenas a área emersa.
É incrível o que se pode transformar em palavras, ou o mundo é incrível e pode-se transformá-lo em palavras. Claro que ele não é liquido, pastoso ou sólido, muito menos apalpável, (nem literalmente). Mas subjetivamente ele dá um bom retrato de suas partes que não são a do seu ‘‘corpo mundo’’, mas a do seu mistério, diga-se profundo!
Há mistérios que eu faço questão de nunca desvendar. Quero apenas dar uma olhadinha pelo buraco da fechadura e, nas silhuetas que se movem na difusa luz desse mistério, imaginar-me mais uma entre elas, recriando essa esfinge, sob o olhar curioso do tempo.
Sagração
Era uma tarde chuvosa de fevereiro,
a janela aberta revelava um céu alvacento
enquanto escutava melodias suaves de piano e flauta.
Uma poetisa apareceu-me de repente. Uma senhora nascida num final de primavera.
Conversamos. Ela declamou-me poesias e, como mágica, as palavras tinham cores e sons.
Eu disse a ela que seus versos me falavam de Deus. Confessei-lhe também que a poesia é mais redentora que os dogmas da religião.
A senhora sorriu um sorriso interrogador aguardando a minha explicação.
Respondi que os dogmas são sempre certeiros. Infalíveis. Escritos por teólogos que sabem definir o Mistério.
A poesia não. A poesia não define o Mistério, a poesia o torna sagrado. E em seguida o lança nos ares do imaginário.
Os teólogos sangram a vida com preceitos. Os poetas, ah, os poetas sagram a vida que o teólogo sangrou.
Então a senhora dos versos sagrados se lançou no desconhecido de minhas próprias palavras e desapareceu.
"É o poder regenerador ... que, na escuridão da noite ou à luz da lua, desenvolve o seu trabalho, um mistério dentro de um mistério, a partir de si mesmo, da natureza, sem nenhuma ajuda do ego mental. ... é na escuridão que ocorre a recuperação e também aqueles eventos da alma os quais, na obscuridade, por processos que só o coração conhece, permitem que as pessoas superem suas crises insolúveis."
"O silêncio vivifica e fertiliza. Somente no estado de intenso silêncio, somos capazes de ouvir os mistérios do sagrado e comunicarmo-nos com a beleza do cosmos. Tudo de mais profundo só se revela no silêncio. É no silêncio que se revelam os valores mais nobres da vida: a fraternidade, a solidariedade, a justiça, a humildade, a beleza, a alegria, o amor verdadeiro"...
Assim como uma lente concentra os raios do sol num pequenino foco de calor que pode atear fogo a uma folha seca ou a um pedaço de papel, assim o mistério de Cristo no Evangelho concentra os raios da luz de Deus e seu fogo num ponto que inflama o espírito do homem.
Livra-me da angústia, que me gasta,
e de toda a inquietação me afasta.
Reveste-me, ainda, de fé mais vasta,
com a intensidade que o amor arrasta.
Em meu ser, “o mistério me basta”!
(A frase "entre aspas" - desconheço o autor - não é minha e foi o ponto de partida para os demais versos que foram escritos)
Ele é confusão,
Aturde, deprime e consola.
Ah!, como ele me amola,
Mas sem ele a tarde perde a graça
Ele é depressão,
devaneio, erudição
Ele é falsa delicadeza,
sutileza e inapropriação
Conhece-lo de todo é improvável
Desconhece-lo de muito é imprevisível
Dissimulado e cândido
Rubro no pensar
Difícil de tolerar
Bom de abraçar
As pessoas que buscam um significado simbólico [no meu trabalho] falham em compreender a poesia e o mistério inerentes às obras.
Não sei quem me sonho…
Não sei quem poderá...
Me fazer novamente sonhar...
Insisto em querer o mais difícil...
Não morro de amores...
Por pessoas sem mistérios...
Ninguém nunca me viu assim tão transparente como você, ninguém...
Ninguém nunca soube do meu medo de amar, ninguém...
Poucas pessoas me conhecem de verdade...
Não me vêem assim quem não consegue suportar minha claridade...
Sandro Paschoal Nogueira
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