Frases de Mia Couto

Cerca de 138 frases de Mia Couto

“Os sonhos são cartas que enviamos a nossas outras, restantes vidas.”

Só se escreve com intensidade se vivermos intensamente. Não se trata apenas de viver sentimentos mas de ser vivido por sentimentos.

Não penso na velhice, tenho medo que a velhice pense em mim” afirma Mia Couto.

A miçanga, todos as vêem. Ninguém nota o fio que, em colar vistoso, vai compondo as miçangas. Também assim é a voz do poeta: um fio de silêncio costurando o tempo.

"O que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente sonhar a estrada permanecerá viva. É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro”.

( (Fala de Tuahir), em "Terra sonâmbula", São Paulo: Companhia das Letras, 2007.)

“O poeta
faz agricultura às avessas:
numa única semente
planta a terra inteira”.
(em "Tradutor de chuvas". Lisboa: Editorial Caminho, 2011, p. 71).

"Encheram a terra de fronteiras, carregaram o céu de bandeiras, mas só há duas nações – a dos vivos e dos mortos”.

(Juca Sabão, em "Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra")

"O bom do caminho é haver volta.
Para a ida sem vinda basta o tempo”.

( Corozero Muando, em "Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra")

A morte é como o umbigo: o quanto nela existe é a sua cicatriz, a lembrança de uma anterior existência.

Salvar é uma grande palavra. E amor é uma palavra ainda maior. Grandes palavras escondem grandes enganos.

semente

No início,
eu queria um instante.
A flor.

Depois,
nem a eternidade me bastava.
E desejava a vertigem
do incêndio partilhado.
O fruto.

Agora,
quero apenas
o que havia antes de haver vida.
A semente.

Sou feliz só por preguiça. A infelicidade dá uma trabalheira pior que doença: é preciso entrar e sair dela, afastar os que nos querem consolar, aceitar pêsames por uma porção da alma que nem chegou a falecer. – Levanta, ó dono das preguiças.

O voar não vem da asa. O beija-flor tão abreviadinho de asa, não é o que voa mais perfeito?

⁠A saudade é uma tatuagem na alma: só nos livramos dela perdendo um pedaço de nós.

Hoje acordei sem mim.
Saí à rua,
para me deixar possuir
pela simples leveza de existir.

A mulher é uma nuvem: não há como lhe deitar a âncora.

(in "Na berma de nenhuma estrada")

“Dentro de mim, vão nascendo palavras líquidas, num idioma que desconheço e me vai inundando todo inteiro”.

( em "O fio das missangas". Lisboa: Editorial Caminho, 2003.)

(...) a razão deste mundo estava num outro mundo inexplicável.

A descoberta de um lugar exige a temporária morte do viajante.

'Eu sou o viajante do deserto que, no regresso, diz: viajei apenas para procurar as minhas próprias pegadas. Sim, sou aquele que viaja apenas para se cobrir de saudades. Eis o deserto, e nele me sonho; eis o oásis, e nele não sei viver.
MIA COUTO