Meu Amor Viajou
Só existe um estado de plenitude.
Ele se estabelece na Paz!
É este modo de consciência que nos completa, é ela a Paz a Felicidade.
Terra prometida
Quando
você
encosta
a ponta do seu nariz frio e molhado
feito o focinho de um cão
na ponta
do meu
nariz frio e molhado
feito o focinho de um cão
Sei
que muito além do poema
onde tudo
quer dizer
quase tudo
é truque ou trapaça
Aqui
na carne, no atrito, na voz
rouca e grave
aqui mesmo
no tédio dos nossos hábitos
nosso sono e nosso hálito
fazemos promessas
que não cumprimos
Quando você chegou, eu perdi o sentido
O teu sorriso quase que acabou comigo
Me acertou em cheio esse tal cupido
O amor nasceu em mim
Se você quiser, eu peço um japa pra nós dois
Ou faço um feijão com arroz
Não importa o que vai ter na mesa
Se o amor é sobremesa
Às vezes eu acordo assim
Com furacão dentro de mim
Perdido e carente de uma ligação
Querendo uma resposta
Impossível não lembrar
Do nosso amor, da trajetória
Tatuou meu coração
Em minha vida fez história
Fomos um casal de invejar
Nós tínhamos defeitos tão perfeitos
Difícil acreditar, pra mim não acabou
Duvido que não tenha
Nem uma pontinha de saudade
Se existe amor, esquece a vaidade
Você é minha
Tenho o dever de protegê-la
Vou protegê-la, assim ninguém poderá
Facilmente tirá-la de mim
Como posso gostar de você assim?
Como posso me aproximar de você assim?
Você é um lindo trauma que não pode ser esquecido
Esta é a cena do clímax
Agora sei como fazer você
Ser minha, é fácil
Por que você pergunta? É tão fácil
Tudo o que você precisa fazer é vir até mim
De qualquer maneira o vento para mim
Te puxa
Ele opera até mesmo sem deixar sinal
Ele passa em sua frente e tira todo mal
Ele mata, Ele fere e também faz viver
Porque tem autoridade, é dono do poder
Ele pega o derrotado e faz um vencedor
Pra mostrar a imensidão que há no Seu amor
Porque Ele é Senhor
Floral vermelho
Ela se veste de flores
Entre as flores do jardim,
Emprestando tua beleza
Às flores que a cercam...
A fragrância do teu cheiro
Se infunde pelo ar,
Num aroma de amores
Que eu preciso respirar...
Este longo vestido floral vermelho...
Que veio uma noite pra me amar
E por toda a minha vida me levar.
Edney Valentim Araújo
Voe, linda borboleta.
Atravesse os sete mares.
Nas nuvens aos seus milhares.
Enfrente a eterna ampulheta.
Sais de glória violeta.
Salgam seus pesares.
Adoçam sua nobre silhueta.
►Sem Te Conhecer
Sábado, madrugada, quatro e cinquenta e seis,
E eu aqui, pensando em você
Doentio, não concorda?
Mas posso assegurar que penso sem querer
Não sei se você me amaldiçoou,
Ou se o seu jeito me encantou
Buscar uma explicação lógica não possui lógica
O pensamento contém memórias sortidas
Chame de imprevisível, indescritível
Incompreensível, invisível, atrativo.
Tão pouco te conheço, mas tanto te desejo
Não sei o que há comigo, não sei a origem
Somente me foi dito, em sonhos, seu apelido
A doce e linda anja, que sempre me encanta
Pacificadora dos meus fins de semana.
É engraçado, pois sei que não estamos conversando
Estamos separados por ruas de pedras e asfalto
Trágico? Não sei, mas não consigo te esquecer
Peço-te desculpas por pensar nas cores dos seus olhos,
Por te pintar em telas a óleo
Não me odeie ou me repudie, por favor
Juro que estou tentando te apagar, mas não sou como um computador,
Não é tão fácil, leva tempo, um tempo insuportável
Pois, para isso, tenho que apagar os momentos, retratos
Tão pouco te conheço, confesso
Mas, seu cabelo e o seu sorriso me fizeram escrever esse texto.
Eu estava em dúvida quanto aos meus pensamentos
Fiquei até indignado, mas, ao sentir o vento,
Apaguei, fui carregado pelo próprio tempo.
Cogitei pedir para você me encontrar
Mas, minha vergonha me impediu
Cogitei, quando te vi na rua, em te chamar
Mas, não consegui, você então sorriu
Não sei o que está acontecendo, pois você mal me conhece
Talvez eu esteja adoecendo, sofrendo,
Com uma dor que não desaparece
Já tentei acender uma vela, fazer uma prece
Mas ainda não surtiu nenhum efeito
Creio que não tem jeito, você se mudou para o meu peito.
Ainda hoje eu irei te ligar, estou decidido
Se preciso, irei calar a voz do meu eu tímido
O tempo não irá me esperar, devo me apressar
São quase cinco da manhã, logo você irá acordar
E, mesmo que eu gagueje, aqui escrevo, em um simples caderno,
Uma dedicatória cercada de mistérios
Espero que eu não precise dá-la, espero.
Gritar no escuro?
Com um toque suave e gélido,
Com um beijo tão puro,
Um jeito esquelético,
Vendo uma lua enorme no céu,
Perdido num cemitério,
Vendo eu com um vestido e véu
Na minha frente a morte? Tão sério,
Hoje minha vida se excita?
Casei com a morte!
Muito loko não é, o bolo tendo uma foice?
Mas, belo corte!
Este bolo com o formato da foice.
O homem nasce com duas certezas na vida
A primeira é que algum dia ele vai amar!
E a segunda é que algum dia ele vai morrer!
SONETO DE ARVERS
Tradução de Guilherme de Almeida
Autor: Felix Arvers (1806/1850)
Tenho na alma um segredo e um mistério na vida:
um amor que nasceu, eterno, num momento.
É sem remédio a dor; trago-a, pois, escondida,
e aquela que a causou nem sabe o meu tormento.
Por ela hei de passar, sombra inapercebida,
sempre a seu lado, mas num triste isolamento.
E chegarei ao fim da existência esquecida,
sem nada ousar pedir e sem um só lamento.
E ela, que entanto Deus fez terna e complacente,
há de, por seu caminho, ir surda e indiferente
ao murmúrio de amor que sempre a seguirá.
A um austero dever piedosamente presa,
ela dirá, lendo estes versos, com certeza:
— "Que mulher será esta?" — E não compreenderá.
