Felix Arvers

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Tenho um mistério na alma e um segredo na vida:

Eterno amor que, num momento, apareceu.

Mal sem remédio, é dor que conservo escondida

E aquela que o inspirou nem sabe quem sou eu.



A seu lado serei sempre a sombra esquecida

De um pobre homem de quem ninguém se apercebeu.

E hei de esse amor levar ao fim da humana lida,

Certo de que dei tudo e ele nada me deu.



E ela que Deus formou terna, pura e distante,

Passa sem perceber o murmúrio constante

Do amor que, a acompanhar-lhe os passos, seguirá.



Fiel ao dever que a fez tão fria quanto bela,

Perguntará, lendo estes versos cheios dela:

"Que mulher será esta?" E não compreenderá.

Felix Arvers (Frances)

SONETO DE ARVERS
Tradução de Guilherme de Almeida
Autor: Felix Arvers (1806/1850)
Tenho na alma um segredo e um mistério na vida:
um amor que nasceu, eterno, num momento.
É sem remédio a dor; trago-a, pois, escondida,
e aquela que a causou nem sabe o meu tormento.

Por ela hei de passar, sombra inapercebida,
sempre a seu lado, mas num triste isolamento.
E chegarei ao fim da existência esquecida,
sem nada ousar pedir e sem um só lamento.

E ela, que entanto Deus fez terna e complacente,
há de, por seu caminho, ir surda e indiferente
ao murmúrio de amor que sempre a seguirá.

A um austero dever piedosamente presa,
ela dirá, lendo estes versos, com certeza:
— "Que mulher será esta?" — E não compreenderá.

Inserida por rafapoetadorecife