Meninos de Rua
Todo mundo falava que eu ia acabar assim, que meu sobrenome é amaldiçoado e que ia morrer ou matar antes da formatura. E acho que meio que tinham razão.
Há duas coisas nessa vida que definitivamente eu não consigo entender: os temidos logaritmos e o amor. O segundo não cai no vestibular, mas me tira o sono do mesmo jeito.
Quando uma menina sonha com seu príncipe encantado, ela imagina que ele seja loiro, alto, olhos azuis, que use uma roupa elegante e vá encontrá-la num cavalo branco e a trate como uma verdadeira princesa.
Quando a menina cresce, ela diminui um pouco o raio de alcance, a realidade fala mais alto e ela se apaixona pelo vocalista de uma banda famosa e se interessa pelo garoto da sala, que senta no fundão, faz piadas sobre todos com os amigos, e se fizer dela então, já ganhou seu coração. Muitas vezes a menina confunde a zoação do menino com adoração; acha que ele mexe com ela para chamar sua atenção. Mas o menino tava mesmo era tde curtição, porque os amigos davam corda, risada, e ele se acha o cara. Pode até ser que ao crescer, esse menino passe a se interessar pela menina de verdade. Acontece. Mas na hora do recreio ele quer é jogar bola, enquanto a menina fica agarrada a grade o admirando cheia de amores. E se ele for fofo até dedica um gol. Mas na próxima festinha, porque a menina é bonita, mas não de um grupo muito popular, as atenções do menino serão todas daquela bonita e bem popular, a it girl, a escolhida, como sempre vai existir em todos os colégios, em todas épocas, esteja você onde estiver. Ele vai se interessar por ela, Pq os amigos também estão, e porque homem é Maria vai com as outras, ele vai tentar conquistar a mais requisitada, por uma questão de competição, de orgulho, pra mostrar, pra ter um troféu. A menina em questão, vai subir no pedestal e nunca mais descer. Já a outra... Vai sofrer e provavelmente guardar essa lembrança pra vida toda.
Claro que habitará um cantinho muito importante da mente chamado “experiência” e não “trauma”, pois essas coisas acontecem quando a menina tem 12/13 anos. Ela vai crescer, e passar por momentos melhores e piores, todos equivalentes a sua idade.
Mas onde eu quero chegar é: Se a gente é romântica, vai ser romântica a vida toda. E depois de grande, o príncipe encantado vira alma gêmea. E a gente acha que existe, que está em algum lugar apenas esperando pra esbarrar o ombro com o nosso no meio da Paulista num dia agitado, e assim que ele virar para pedir desculpas, os olhares irão se encontrar e PLIM o mundo todo ficará colorido, pois as almas gêmeas se encontraram depois de tanto vagar por aí. Mas... E se sua alma gêmea não estiver tão perto? E se, com esse mundo todo moderno, você conhecer alguém de outro país, numa viagem maravilhosa; de um outro estado e achar que sua conexão com ele é muito maior do que com qualquer outro que já conheceu em toda sua vida, que ele faz seu tipo; vocês não param de se falar por mensagens e você não sabe o que pensar. Será mesmo? Apaixonei? Mas falta o ponto chave! Você iria atrás dele? Sairia do seu estado, do seu lugar, pegaria a estrada e arriscaria uma chance? E porque você é muito romântica, já imaginou mil e uma situações nas quais poderia ir encontrá-lo; já até fez as contas de quanto tem que economizar pra comprar a passagem pro ônibus que te leva até lá. Até sonha acordada com a mensagem de “estou a 30 minutos do Terminal” que irá mandar e com ele respondendo “estou indo te buscar”, você até sente seu coração como vai pular de emoção só de pensar que em 30 minutos verá o cara com quem somente tem trocado mensagens, no máximo áudios e que só viu por Skype, ao vivo e a cores, vai tocar, vai abraçar... Pode parecer bobo, pode dizer que é estranho, diz aí... mas o sentimento é real e a distância só existe para quem se impuser limites. “O mundo não é confiável” a voz de sua mãe surge em sua mente e seus planos dão uma murchada. Mas poxa, você estava tão empolgada. Conta pra ela, explica a situação, tenta dizer ao cara que precisa apresentá-los por um mero “minha mãe é super protetora”, assim nada será feito às escondidas e ele ainda vai ver que você tem valor e que tem gente que se preocupa com você. Mas faz isso, vai, que o tempo não espera não. E pode até ser que não precise correr, por que o que é do homem o bicho não come, mas pra que esperar, se você pode logo correr pro abraço. Ou pra um beijo e muito mais...
Algumas pessoas sempre me perguntam sobre uma aparente contradição entre Paulo e Jesus. Devemos ser como meninos ou abandonar as coisas de menino? Resumindo a questão: Seja como uma criança, mas não seja criança. Observe a coerência de Paulo em 1ª Coríntios 14.20: Irmãos, não sejais meninos no juízo; na malícia, sim, sede crianças; quanto ao juízo, sede homens amadurecidos. Não existe contradição na palavra, mas má interpretação.
Arrancaram as portas das dobradiças? Piano pegando fogo? O aquário quebrado? Minha porcelana em pedaços? A cômoda espatifada na parede? Mais fogo? Meninos sendo meninos…
Confessar até crianças confessam, assumir sem se engajar não é amadurecer. Aceitar consequências e criar novas rotas para a confiança é o que diferencia meninos de homens.
O minúsculo grau imaginário que possuo tenta te mostrar o quanto vós estás acorrentado ao padrão de consumo mediano próspero vigente, e o meu esclarecer, a ti, que é ilusório faz você fugir e não querer aceitar... Preferes permanecer na utopia,
quando menino, já sabia da vida....
das dores dos grandes
quando homem, sentiu saudades das dores de quando era menino. (ivo)
Não é a idade de uma pessoa que faz dela madura. Pois a maturidade não surge do tempo, surge do coração humilde e aprendiz. Por isso que há tantos velhos meninos e muitos jovens conscientes. A verdadeira maturidade está calçada em valores, princípios, na fé em Deus e no amor para com o próximo. Entender isto é mais que crescer como ser humano. É está pronto para entrar pela porta do Céu.
Afinal, Lucas, que vivia o tempo todo sozinho, na sua inocência se se deparasse de repente com o bicho-do-mato, o boitatá, o curupira ou o saci-pererê, certamente não ficaria apavorado, por entender que nenhum desses seres lhe fizesse algum mal.
