Machado e Juca Luiz Antonio Aguiar
"Um Grande Amor"
Um grande amor não sai assim do pensamento
Não foram ao vento as palavras verdadeiras
Tantos momentos de caricias e promessas
Juras eternas e planos pra vida inteira
Dizem que dor de amos com outro amor se cura
E de aventura fui caindo em outros braços
Noutros abraços outro beijo outro cheiro
Mais que ligeiro percebi outro fracasso
Não tem jeito quanto maior a procura
Parece a cura mas no fim é aventura...
O Regresso
Voltei, pra ti encontrar
Vim ver como está
Você, meu bem
Talvez, não queira me aceitar
Mas como é que eu vou ficar
Sozinho sem ninguém
Vai ver que já esqueceu daquele louco amor
Será que foi tão pouco e o beijo nem marcou
Nem marcou... ou ou ou
Andei, procurando um alguém
Que me fizesse tão bem
O quanto você fez
Porem, foi uma busca em vão
E agora o meu coração
Te pede outra vez
Repare para mim e vejo o que sobrou
Vamos reconstruir o pouco que restou
Desse amor ou ou ou...
E como as águas correm pros rios e rios correm pro mar
Regressei e te encontrei e nos teus beijos
Hei de me afogar
E assim eu vou vivendo e acreditando no que o poeta falou
Que em todo coração gelado ha sempre uma...
Gota de amor
"Ouvindo sábias palavras aprendeu um homem
Ouvindo bons conselhos acertou um homem
Por não ouvir nada ficaram sem saber alguns homens,"
Tudo muda quando o mundo parece mudar, sem mudar coisa alguma. Quem são os poetas? Seres desventurados e de rebelião. Almas que não jogam em lotarias, totolotos, euromilhões ou raspadinhas, e as grandes filas permanecem quase iguais, sem se notar sequer a sua ausência. Fernando Pessoa pereceu louco, Florbela Espanca faleceu em desespero e Luís de Camões finou-se de fome. Os decretos sociais remetem os verdadeiros poetas para os mais modestos tugúrios, para os oportunismos em seu nome, para os trabalhos forçados, para os sapatos rotos, para as calças rasgadas e para as camisas laceradas pelo tempo, num tempo que não muda, nem nunca vai mudar.
As pessoas coscuvilheiras e maldizentes são como os grilos. Fazem muito barulho ao longe, mas quando te aproximas ficam caladinhas.
Quando você "se acha", é quando você se perde.
Não queira se encontrar no que você não é, ou no que não pode ser.
A natureza ensina a trabalhar em coordenação a um projeto transcendente, não ensina a passividade. Ensina a operar ao máximo possível, com fim a resultar em satisfação, beleza, vantagem, funcionalidade, etc. É isso que a natureza ensina.
Toda a arte, no futuro,
há-de ter na inspiração
qualquer coisa de obscuro
para ter aceitação.
I
Do modo que a evolução
toma conta dos humanos,
de pouco valem os planos
por obséquio à união…
e no meio da confusão
vai-se o génio do ar puro
para o negro quarto escuro,
onde a arte pouco medra,
e será feita de pedra
toda a arte, no futuro…
II
Meu perdão às esculturas,
de talento absoluto,
oposto da pedra em bruto
que citei nas conjecturas
destas linhas mal seguras
ao fim da premonição,
dedicada à multidão
que me mostra, na remessa,
o que o monstro, sem cabeça,
há-de ter na inspiração…
III
E haverá num só poeta
muitos ais enfurecidos,
como os cromos repetidos
da mais longa caderneta…
bramirá todo o planeta
os rugidos que auguro,
de cabeça contra o muro
da fronteira irracional
Deixando ver, afinal,
qualquer coisa de obscuro…
IV
Nas árias inteligentes,
as notas são escusadas,
se o barulho das cabeçadas
são graves e estridentes...
os sinais são evidentes,
ante a turva ebulição,
destinada à profusão
do humano em estado bravo,
e o artista será escravo
para ter aceitação...
António Prates
De política pouco entendo,
mas uma versão somítica
diz-me o pouco que aprendo
a respeito de política.
I
Neste mundo de artifício,
cabem todos os que querem
as licenças que lhes derem
em favor do benefício,
e as finuras do ofício
são água que vai correndo
para as leis que vão cosendo
pró bem-estar e prá miséria,
porém, eu, nesta matéria,
de política pouco entendo...
II
Quando oiço, em certos tons,
o clamor do tabernáculo,
me parece um bom espectáculo
a favor dos “homens bons”…
e como são belos os tons,
em versão sempre analítica,
sobre a causa Neolítica
discutida sempre a rodos,
que deixou de ser de todos,
mas uma versão somítica…
III
Portanto, em conformidade
com o ganho e o conforto,
a politica é um desporto
e um culto de vaidade,
dando uso à qualidade
do que, assim, vai promovendo
ante as causas que defendo
dentro da minha justiça,
porém, a razão postiça
diz-me o pouco que aprendo…
IV
Talvez seja eu o culpado,
por não ter cumplicidade
com a lei da pravidade
onde o mau é bem tratado,
ou por ser mais desligado
da rotina quase mítica
destinada à boa crítica
(com dobrez e a podre paz)
a quem pouco ou nada faz
a respeito de política...
António Prates – 16/06/2016
Se antes do uso obrigatório de máscaras o Cúpido já costumava errar, imagine agora com o uso obrigatório de máscaras
Adeus os amores a primeira vista
