Luto Morte
É só um fardo putrefato que finca na terra com melancolia e tristeza, e, pequenos lapsos de alegria alimentam a ilusão de que um dia pode ser feliz nessa jornada miserável chamada viver.
Conheci um homem muito rico
Que no dia do seu enterro
Vestia um terno fino
Seu esquife de madeira trabalhada
E de flores pela beirada
Conheci um homem muito pobre
Que no dia do seu enterro
Uns trapos lhe cobriam
Seu caixão estava mais para um caixote
E nas beiradas muita gente
Chorando sua morte
Depois de alguns dias
Não se via diferença
Da terra que os cobria
Diferença talvez
Só além do que meus olhos viam
Caixão ou caixote
Pro verme não se conta
Nem a sorte
A árvore da vida pode até dar frutos quando estamos vivos, mas só iremos desfrutar da sua sombra na morte
Viver ou não viver
Querer ou não querer
Já não sei o que fazer
Eu quero morrer!
Ai vida esta
Que me detesta,
vou te dar o prazer
De me veres morrer.
Vida a minha
Que me encaminha
Mal encaminhada,
Aii se eu pudesse cair envenenada...
Nunca mais ninguém me via
Só minha alma pedecia
Ia para a cova
Punha-me à prova.
Apenas te pergunto,
Eu mereço isto?
Agora vou virar defunto
Eu já não resisto!
SIGO
Sigo a areia que corre
Com pressa na ampulheta
Dos passos dados ao vento
Entre a brisa que bate na face
De suspirados silêncios
No tempo em que vive esquecido
E que me olha com a verocidade
É na espuma da areia que a alma
Chora em silêncio na água
Do calor sentido no teu corpo
Sigo as rochas entre a praia
Deste meu desejado silêncio
Feito pela espuma do meu mar
Memórias de ti, simplesmente em mim.
DE QUE ME SERVEM
De que me servem as camélias
Se me faltas como o ar
Que tento respirar
E não me deixa sonhar
A vida é uma cruz de espinhos
Feridas abertas que sangram
Espinhos que se cravam na alma
Nesta dura vida sofro só, a sós
Sinto-me um fantasma
Nestas lágrimas soltas de sal
Temperadas de saudade
Na cruz que carrego todas
As noites neste meu desfadado
De triste quimera miragem solta
De espinhos cravados em mim
De que me servem as camélias sem amor.
SOU
Sou uma negra cruz na serra
Onde o luar reflete escuridão
Um triste espirito que murmura
Sou um dubia luz na fraga escondida
Uma triste noite que bate no monte
Sou um espectro fugindo do carcel
Uma sombra escura perdida na serra
Do silencio lúgubre que esta minha alma
No luto de falecias que vive em mim
Sou as lágrimas que choro ser querer
No incenso branco na névoa escura
Passo as noites em claro sem conseguir dormir
Penumbra que desvanece no frio do corpo
São os vultos que desmaiam no crepusculo
Sou um rochedo esquecido no mar
Uma mortalha ferida dos cânticos das sereias
Sou um fantasma num corpo morto
Desfeito na encosta pelos verdes lameiros
Sou talvez a velha esperança de alguém
No seu leito de morte em sofrimento
Sou uma tremula lágrima vertida na cruz
De uma fé que me faz subir a serra na escuridão.
O problema é que a gente espera tanto de nosso semelhante e o mesmo espera da gente...e nesse ínterim as almas continuam caminhando de costas umas para as outras e com passos lentos para trás a vida vai passando esperando a morte chegar...
Olá Você
Olá, meu amor
Por que você voltou?
Não que eu não te queira por perto
Mas é que depois que se foi fiquei mais esperto
Ainda não deixei de te amar
Mas será que você já me esqueceu?
Acho que não
Já que voltou pra perto d'eu
Outra pessoa que nos reaproximou
Tenho de me lembrar de agradecer
Ela trouxe de volta a luz da minha vida;
Fiquei novamente perto de você.
Eu estava com saudades
Desse teu sorriso que me faz sorrir
Não acho que conseguirei parar de te amar
Mas talvez quando eu partir
Aquele que não lê a Bíblia é um tolo e preguiçoso. Está doente e faminto e não sabe. O argueiro dos seus olhos não o deixa enxergar o belo e perfeito alimento contido em um livro tão desprezado pela humanidade, mas que tem solução para tudo, inclusive para a morte.
FUNERAL
Quando eu morrer, atenção
É do mar o rumo da cidade
E não o cerrado a direção
Saudade
As mãos enterrem em Madureira
O coração levem para Ipanema
Na Coelho Neto a alma por inteira
Suprema
No aterro joguem a minha admiração
E meu sotaque mineiro anexado
Na Igreja da Glória, minha oração
Largo do Machado
Os ouvidos deixem na São Salvador
Degustando os chorinhos de domingo
Sepultem a cabeça na pedra do Arpoador
Gringo
Na "SAARA" depositem minha ambição
Em Botafogo os olhos na sessão de cinema
Do Redentor as cinzas que restaram
Poema
O juízo abandonem aos seus
Que desvivam como viveram
Assim seja, o espírito em Deus
Adeus
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
09/04/2016, 18'00"
Cerrado goiano
(Parafraseando Mário de Andrade)
penumbrava-me lúbrico
naquele lusco-fusco lascivo
num penumbrar dormente
impreciso e difuso
talvez morresse...
talvez brilhasse, céu escuro.
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